A
hora de cooperar O
objetivo é fazer com que a Região Metropolitana de Campinas dê
certo A
cooperação entre os prefeitos dos 19 municípios que compõem
a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é indispensável
para o sucesso da nova instância político-administrativa. A avaliação
foi feita pelos prefeitos de Campinas, Antônio da Costa Santos, e de Piracicaba,
José Machado, ambos do Partido dos Trabalhadores, durante o Fórum
de Debates da Cientec 2001. De acordo com eles, que participaram do módulo
Planejamento urbano, meio ambiente e qualidade de vida, a disputa
política e o objetivo eleitoral devem ser substituídos pela concepção
suprapartidária, de modo a permitir que haja consistência e inovação
nas decisões de interesse comum às cidades que integram a RMC. Ao
falar sobre os inúmeros problemas que a Região Metropolitana deve
enfrentar, o prefeito de Campinas fez um questionamento à platéia.
Ele desafiou alguém a citar uma das doze regiões metropolitanas
brasileiras já constituídas que tenha dado certo. Segundo Costa
Santos, os erros anteriores não podem ser repetidos. Campinas, lembrou,
tem a sua elevada capacidade de desenvolvimento econômico acompanhada por
uma complexa exclusão social. Temos de evitar que as distorções
geradas pela dicotomia entre riqueza e pobreza não se manifestem nos demais
municípios. Costa
Santos ressaltou que Campinas, a despeito de ser o município com maior
dívida financeira da RMC (cerca de R$ 1,5 bilhão), tem feito sua
parte para impulsionar o desenvolvimento global da região. Entre outras
medidas, o prefeito citou a iniciativa pioneira de inscrever na Lei de Diretrizes
Orçamentárias uma emenda relativa à Região Metropolitana.
Esta disposição contrasta com as disputas políticas
pelo comando do Conselho de Desenvolvimento e com a posição pública
do governo do Estado em relação à criação da
Autarquia e do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano. Eles são mecanismos
importantes para a implementação do planejamento estratégico
e a gestão dos problemas urbanos, afirmou. Piracicaba
Embora a sua cidade não integre a RMC, o prefeito de Piracicaba
também defendeu a necessidade da execução de um planejamento
estratégico participativo, calcado na Agenda 21, que é o compromisso
voluntário dos países que participaram da Conferência Mundial
sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, em 1992, no Rio de Janeiro. Conforme José
Machado, a encrenca regional já está instalada nesta
faixa do Estado. Entenda-se por encrenca os problemas decorrentes da conurbação
acelerada e da sobreposição dramática de questões
ligadas ao transporte, saneamento, habitação, violência, poluição,
entre outros. Machado
reforçou, ainda, a idéia de um pacto entre as forças políticas
e os variados segmentos da sociedade civil da região pela conquista do
que ele classificou de uma nova percepção acerca do desenvolvimento
sócio-econômico regional. A questão central, na sua
visão, é inverter a relação hegemônica
do interesse privado sobre o público, fortalecendo a autonomia municipal.
Ele usou o conflito da água para exemplificar o seu pensamento. De acordo
com ele, o pacto regional passa pela criação de mecanismos como
a cobrança pelo uso da água. E defendeu que os municípios
localizados na cabeceira da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba e Capivari
sejam considerados produtores de água. Assim, essas localidades
poderiam ser compensadas por estarem impedidas de crescer economicamente por força
das restrições ambientais. Ainda
em relação a esse assunto, o prefeito de Piracicaba fez um apelo
ao reitor da Unicamp, Hermano Tavares, que acompanhou o debate, para que a Universidade
ajude a desenvolver algum instrumento compensatório para as cidades produtoras
de água. Tavares respondeu que a instituição estará
à disposição dos prefeitos para colaborar no que for possível. Desafios
para a classe política
A
preocupação com a forma de participação da sociedade
civil e do Legislativo estadual e municipal na definição dos rumos
da Região Metropolitana de Campinas (RAC) norteou os debates em torno do
tema Modelos de Funcionamento para o Sistema Legislativo. Segundo
o deputado Renato Simões (PT), o Brasil tem uma triste experiência
na constituição de regiões metropolitanas. Normalmente,
são estruturas verticais que não contam com a inserção
da sociedade, criticou. O parlamentar propõe a criação
de um Conselho Metropolitano tripartite, formado por representantes do Estado,
municípios e sociedade organizada. Simões ressaltou também
a importância da elaboração de um plano plurianual de investimentos
e o estabelecimento de um canal de diálogo entre os planos
diretores das cidades que compõem a RMC, de modo a evitar divergências
entre eles. O deputado reservou uma crítica especial ao governo do Estado,
que não estaria se empenhando para que a nova instância político-administrativa
vigore de fato. Ao
contrário do colega de Assembléia, o deputado Sidnei Beraldo (PSDB)
manifestou uma visão mais otimista em relação à RMC.
De acordo com ele, a região tem uma representatividade política
e econômica muito forte e pode se beneficiar das experiências anteriores.
O tucano também fez questão de destacar que vereadores e deputados
têm papel importante no processo de consolidação da Região
Metropolitana. De acordo com ele, a classe política terá de deixar
de pensar nos aspectos meramente locais para levar em consideração
as necessidades do conjunto dos municípios. O enfrentamento de questões
como o lixo, transporte, saúde e meio ambiente deve ter um caráter
cooperativo, considerou. Romeu
Santini (PSDB), presidente da Câmara de Campinas, foi outro a sublinhar
o aspecto cooperativo. Agora, mais do que nunca, temos de pensar regionalmente,
respeitando sempre a autonomia de cada município. Santini reforçou
as críticas quanto à morosidade do Estado. A RMC está
atrasada. Até agora, o único ato concreto foi a nomeação
do Jurandir Fernandes, afirmou, referindo-se ao ex-pró-reitor de
Desenvolvimento Universitário da Unicamp, que tomou posse recentemente
como secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Ponto
pacífico Jurandir Fernandes, por sua vez, negou que o governo
do Estado esteja retardando a consolidação da RMC. Encarregado pelo
governador Geraldo Alckmin (PSDB) de conduzir o processo, afirmou que tem mantido
contatos com prefeitos e vereadores dos 19 municípios para ouvir sugestões,
críticas e pleitos. Ele também garantiu que a minuta do regimento
do Conselho Deliberativo da RMC está sendo concluída e logo será
levada à discussão. Minha
intenção é acelerar isso o máximo possível,
sem prejuízo do debate, assegurou. O secretário tranqüilizou
os parlamentares e a platéia no que se refere à participação
do Legislativo municipal e estadual - e da sociedade civil no Conselho
Consultivo. Isso é ponto pacífico. Fernandes revelou
que a sua pasta já está analisando projetos de interesse da região,
como a construção de um corredor de ônibus ligando as cidades
de Sumaré, Hortolândia e Campinas. A
idéia é envolver a iniciativa privada no empreendimento. De acordo
com Fernandes, a ligação rodoviária traz vantagens sobre
o sistema ferroviário. Enquanto um ônibus articulado custa R$ 100
mil, uma composição não sai por menos de R$ 1,2 milhão.
Além disso, explicou, com os ônibus é possível garantir
uma freqüência (chegada e partida) muito maior. O secretário
afirmou ainda que o projeto também pode absorver parte dos lotações
que operam irregularmente para fazer a alimentação do sistema.
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