Quem é o pai da idéia? A antiga técnica
da hidroponia torna-se atração para os visitantes que foram
ver ciência e tecnologia
Em
meio à sofisticação dos produtos eletroeletrônicos
e mecânicos exibidos durante a Cientec, os visitantes puderam apreciar a
singeleza de uma das tecnologias agrícolas mais difundidas no Brasil atual:
a hidroponia, técnica de cultivo sem o uso de solo, que se tornou um modismo
na produção e no consumo de verduras e legumes no país e
tem na Unicamp, hoje, um de seus principais centros de pesquisa e desenvolvimento.
Foi
na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) que se realizou o Primeiro
Encontro Brasileiro de Hidroponia, em 1995, mesmo ano em que foi editada a primeira
cartilha na Universidade ensinando o conceito básico dessa técnica
de produção.
Mas,
quem é o pai da idéia? Impossível responder. Não
se pode dizer que exista um inventor ou criador, é coisa do século
19, responde o professor Sylvio Luiz Honório, da Feagri, um dos pioneiros
da técnica no Brasil. A Feagri inaugurou esta atividade em fins de 1986,
quando Honório retornou de seu programa de doutorado nos Estados Unidos.
Lá utilizávamos a hidroponia para a produção
de tomate em casa de vegetação, devido ao período de inverno
que não permite o cultivo em ambiente aberto ou sem controle térmico
ou luminoso, explica.
O
professor utilizava a produção de tomate nas experiências
para estudar a biossíntese de etileno após a colheita dos frutos
do tomateiro. Quando retomou a disciplina de Fitotecnia em 1987, uma das demonstrações
práticas era realizada com o cultivo de hidropônicos. Nessa época,
um engenheiro japonês já divulgava a hidroponia em São Paulo
e comercializava módulos de produção trazidos do Japão
em 1985.
No
mesmo período, leigos começaram a buscar informações
sobre a técnica na Unicamp e eram encaminhados à Feagri. Passamos
então a atender as diversas consultas. A demanda cresceu tanto que, em
1995, editamos a primeira cartilha para ensinar o conceito básico de produção. Foi
a partir daí que começaram as palestras e workshops por todo o Brasil,
provocando a abertura dos primeiros cursos de extensão, que são
mantidos até hoje, junto com uma área de desenvolvimento e pesquisa
na Feagri. Sistema
antigo O nome hidroponia surgiu na década de 30,
nos Estados Unidos, para definir a técnica de cultivo comercial sem solo.
Vários pesquisadores do mundo contribuíram para o seu desenvolvimento.
Com essa forma de cultivo pode-se produzir qualquer espécie vegetal,
resguardando-se, é claro, sua viabilidade econômica, informa
Sylvio Honório. No Brasil, segundo ele, é utilizada para a produção
de hortaliças (folhas, flores e frutos) e flores de corte num sistema denominado
como NTF (técnica da lâmina de solução de nutriente),
que é composto por um reservatório contendo a solução
nutritiva (adubo dissolvido na água) depois bombeada para as raízes
das plantas. Após passar pelas raízes, que retiram os nutrientes,
a solução volta ao reservatório para ser bombeada novamente.
Ao final de cada dia, faz-se a reposição dos nutrientes no reservatório,
explica o professor.
Esta
técnica, segundo o pesquisador, traz várias vantagens. Além
de oferecer um produto de melhor qualidade e em tamanho padronizado, são
reduzidos a mão-de-obra e consumo de adubo e água; a colheita é
precoce; utiliza-se racionalmente as áreas de cultivo; dispensa-se a rotação
de culturas; obtém-se se maior produtividade para várias espécies;
reduz e, na maioria das vezes, dispensa a aplicação de fungicidas
e/ou inseticidas; e, finalmente, proporciona maior conforto para o trabalhador
no aspecto ergonométrico.
A
hidroponia, além de tudo, serve como ótimo instrumento para o ensino
de 1o e 2o graus, pois envolve conhecimentos de química (adubo é
quimicamente um sal, PH, etc.), física (a luz é uma forma de energia
radiante) e biologia (tecido vegetal). São fenômenos que podem ser
demonstrados por meio dessa técnica de cultivo. --------------------- Secador
de frutas
A
professora Marlene Rita de Queiroz, da Faculdade de Engenharia Agrícola
(Feagri) da Unicamp, expôs seu secador de frutas e hortaliças, uma
máquina simples e de baixo custo capaz de transformar, por exemplo, 30
quilos de banana descascada em 11 quilos de banana-passa, no prazo de cinco a
sete dias. Pode ser destinado à secagem de outras frutas ou vegetais. É
um método eficiente para ampliar a vida útil e agregar valor a um
produto altamente perecível.
O
secador é operado com energia proveniente do sol energia grátis
e abundante em território brasileiro, renovável e limpa. Tem 2 metros
de comprimento, 0,95 m de largura e altura de 2,5 m incluindo a chaminé.
Compõem o equipamento uma superfície coletora com cobertura de vidro,
uma bandeja e a chaminé, que funciona como exaustor. A superfície
coletora é uma chapa de metal preto fosco encarregada de absorver os raios
solares e aquecer o ar da secagem.
A
cobertura de vidro forma uma câmara de ar evitando resfriamento pelo vento
e protegendo o produto de impurezas. As bandejas servem para a distribuição
do produto e, a chaminé, para exalar o ar saturado de umidade pela perda
de vapor dágua.
O
secador pode, ainda, ser construído com outros tipos de materiais, como
madeira (em substituição à chapa metálica) e plástico
(em lugar do vidro). |
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