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VIDA E SAÚDE

 

O ratinho ‘bêbado’
Cebio da Unicamp é referência continental em
pesquisas com animais para experimentos

O “rato bêbado”, uma espécie de camundongo que prefere álcool, está sendo utilizado no Centro de Bioterismo (Cebio) da Unicamp para vários experimentos, entre os quais o de aplicação do mecanismo da resistência à infecção ao Tripanozoma cruzi, causador da doença de Chagas. Em estudos sobre alcoolismo, pesquisadores norte-americanos já descobriram que existem alguns genes humanos associados com o fenômeno da dependência ao álcool. Resta saber quais serão os frutos desse trabalho voltado à doença de Chagas, até hoje incurável.

Para que os trabalhos cheguem ao fim, os pesquisadores têm de se confrontar com a militância das organizações protecionistas do reino animal, mesmo que isso represente salvar vidas humanas. “A utilização de animal na investigação científica ainda é polemica porque é passional, envolve o caráter emocional; as pessoas são informadas de uma maneira errada pelas entidades de preservação. Elas acham que o pesquisador se dedica à produção do modelo, ou uso do modelo, sem respeitar questões éticas de dor, sofrimento etc.”, responde o pesquisador Luiz Augusto Correia Passos, do Centro de Bioterismo da Unicamp, com pós-graduação na área de animais de experimentação, especialização em imunologia e terminando o doutorado em genética de experimentação.

Passos garante que esta área de pesquisa está longe de ser o que as entidades imaginam. “Não é nada disso. Existem conselhos de ética instalados na universidade e centros de pesquisa, que avaliam os protocolos experimentais e têm poder de recusar um protocolo de experimentação e impedir que eles aconteçam”, explica. O pesquisador lembra que as agências de fomento à pesquisa, como a Fapesp, exigem, para liberação de financiamentos a projetos, que o protocolo da comissão de ética seja anexado à solicitação de recursos.

“Sem este parecer, a agência não libera, o que mostra o quanto a questão é tratada com seriedade. Acho lógico que o cidadão comum não queira que o animal sofra, assim como não queremos realizar nenhum experimento que cause dor. Mas quando nós estamos sofrendo, quando nossos filhos ficam doentes, o que queremos é a cura. E a cura passa necessariamente por um processo doloroso, uma cirurgia, uma droga com efeito colateral”.

O cientista esclarece que, com o modelo animal, procura-se diminuir esses efeitos colaterais e as conseqüências indesejáveis causadas por uma droga: Mais: descobrir que droga tem mais eficiência no controle desta ou daquela doença. “Não há como desvincular um medicamento do modelo animal. Ninguém vai querer ser a cobaia. O animal é o simulador que nos diz se estamos no caminho correto”, conclui.

Único no hemisfério – O Centro de Bioterismo da Unicamp é o único do hemisfério sul com certificação internacional e está transferindo sua tecnologia para outros países do continente, por meio de cursos, por exemplo, na Argentina e Venezuela. “Temos recebido pessoas de outros países e outras instituições do próprio Brasil. O Cebio é um centro de excelência internacional, reconhecido na produção, manutenção e desenvolvimento de modelos animais utilizados em investigação científica”, explica Passos.

“Para nós é importante participar da Cientec. É uma oportunidade muito grande de demonstrar para alunos de outras instituições a tecnologia na produção e desenvolvimento de modelos, muitas vezes desconhecida não só do público em geral, mas da própria comunidade científica. Aqui a comunidade tem oportunidade de ver que produzir animais não é apenas acasalar, mas requer tecnologias bastante desenvolvidas, já em uso em outros países, mas muito incipiente na América do Sul. Somos um centro que serve de exemplo para outras instituições”.

Embriões congelados – O Cebio dispõe de pacotes de transferência de tecnologia para congelamento de embriões e recebe solicitações de várias universidades e instituições de pesquisa para que linhagens de animais em risco de perda sejam congeladas aqui.

Os serviços não param por aí. “Também fazemos avaliações genéticas de animais de outras instituições, a fim de ver se estão dentro de um padrão certificado geneticamente, e também realizamos a investigação sanitária de animais de outras instituições para saber se estão doentes e qual a doença”, lembra o pesquisador.

A tecnologia de monitoração genética adotada pelo Cebio é a mesma dos principais centros de pesquisa do mundo, ou seja, a partir da observação do DNA e não só da expressão do gene. É o mesmo teste usado na investigação de paternidade.

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OUTROS ESTANDES

Pouca gente sabe que as proteínas, tão necessárias para nossa saúde, também podem fazer mal. Mas a pesquisadora Valéria Forrer (na foto, com alunos visitantes), do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, deixou as coisas bem claras na Cientec. “Cada proteína tem uma função, boa ou má”, ensinou. Foi dividindo uma proteína nesse tipo de laboratório que os Estados Unidos descobriram uma malvada e criaram uma molécula para neutralizá-la. O Centro de Biologia Molecular Estrutural do mesmo LNLS decifra a estrutura tridimensional da proteína e suas funções no organismo, com o objetivo de evitar doenças como o mal de Chagas

Doenças bucais

Simplicidade: com objetos do cotidiano, alunos da Faculdade de Odontologia da PUC-Campinas ensinam visitantes de vários grupos etários a se prevenir contra doenças bucais e demonstram processos de rotina como o da escovação

Contra preconceitos

Vísceras expostas: monitores da Faculdade de Enfermagem da PUC-Campinas falam de ostomias intestinais (parte do tratamento cirúrgico de doenças inflamatóias) com didática para derrubar certos preconceitos

Auto-cuidado

Atendimento ao público: proposta interdisciplinar da PUC-Campinas promove integração na área de saúde, buscando melhorar a qualidade de vida e resgate da cidadania por meio de programas educacionais de prevenção e auto-cuidado

Sobre diabetes

Alunos de enfermagem da PUC-Campinas orientam visitantes sobre a diabetes e realizam coleta de glicemia capilar: detecção precoce da doença pode ajudar no tratamento e auxiliar o projeto de auto-cuidado preconizado pela universidade na área de saúde

Vida Longa II

Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp demonstra como é possível instalar tomadas capazes de evitar sobre-tensões, choques elétricos e curtos-circuitos, na segunda parte do projeto intitulado Vida Longa

Efeito quilhotina

Baixo impacto: pára-choques mais baixos e salientes, projetados pela FEM da Unicamp e testados no campo da General Motors, evitam o “efeito-guilhotina”, responsável pela decapitação de ocupantes de veículos que batem nas traseiras de caminhões

 

 

 


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