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A reunião iniciou-se às 9h do dia 29 de maio de 1997, com a exposição da Coordenadora do GT, Marisa Lajolo, que balisou as discussões dos participantes. A exposição tinha como meta estabelecer os pressupostos da discussão, quais sejam:
a) cabe enfocar a questão das
bolsas distribuídas a mestrandos e doutorandos dentro da
perspectiva
global de uma política científica do país e da área;
b) nesse sentido, as bolsas cooperam
com o objetivo da pós-graduação, qual seja, a produção
de
conhecimento
e a for--mação de recursos humanos para a docência
e a pesquisa. É
considerando
esse objetivos que podem ser pensadas as diferentes modalidades de bolsas
mantidas pelas
diferentes agências financiadoras, sendo, de um lado, as de pesquisa,
de outro,
as de titulação
(mestrado, doutorado, sanduíche).
c) São condições
para discussão da política científica e o ne-cessário
fortalecimento das
associações
enquanto interlocutoras das agências centrais de fomento:
. diagnóstico
quantitativo e qualitativo da área;
. levantamento
de dados quantitativos confiáveis (uni-formidade de critério
no
levantamento deles, garantia de sua circulação, competência
para sua interpretação);
. qualificação
dos dados;
d) Podem-se citar exemplos de dados
disponíveis no momento para interpretação:
. Pesquisadores
Letras Lingüística
Filosofia Educação Sociologia TOTAL
Total 609 497 277 1157 529 35552
Com DO 345 (57%) 269 (54%) 177 (64%)
536 (46%) 285 (54%) 19559 (55%)
. Bolsas de
produtividade: 139? 169?
. Cursos de
PG em Letras filiados à ANPOLL: 60
. GTs filiados
à ANPOLL: 25
a) São discussões em
curso sobre critérios de concessão de bolsas, alguns deles
debatidos durante
o Seminário
Nacional: Discutindo a Pós-Graduação, realizado pela
CAPES nos dias 05 e 06 de
dezembro de
1996:
. conversão
ou não das bolsas em crédito educativo;
. concessão
de cotas de bolsas aos programas (fortaleci-mento da instituição);
. concessão
de cotas de bolsas aos pesquisadores (fortale-cimento das atividades
de pesquisa);
. superposição
de critérios: CAPES por programa, CNPq por projeto de pesquisa.
b) Parece necessário implementar
a avaliação acadêmica na concessão das bolsas
de PG e
acompanhamento
do desenvolvimento da pesquisa do bolsista. Pode ser matéria
de
consideração
o valor atual das bolsas de mestrado (R$ 720,00) e doutorado (R$ 1040,00)
relativamente
a outras remunerações: (MS3, em São Paulo –
R$ 2800,00, salário bruto;
pesquisador
1A do CNPq – cerca de R$ 1140). Uma avaliação dessa
natureza colaboraria
também
para uma tomada de posição diante da situação
do bolsista que não conclui seu
trabalho no
prazo previsto, comprometendo a instituição, ou abandona
o curso,
comprometendo
o orientador.
Em visto disto, elegeram-se os tópicos
para discussão da política de bolsas para alunos de PG:
. tipo de informação
desejável;
. forma e critérios de concessão
das bolsas de PG;
. avaliação do desenvolvimento
da pesquisa.
Após a exposição
da Coordenadora, o plenário acrescentou aos tópicos acima
as seguintes
questões:
. prioridades das áreas;
. papel indutor das agências
de fomento;
. divisão das atribuições
entre CAPES e CNPq.
Debatida a exposição
da Coordenadora e discutidos em plenário os tópicos mencionados,
o grupo
faz as seguintes recomendações:
1. É
fundamental que se disponham dos dados que permitam o real conhecimento
da situação
da área. A ANPOLL pode constituir-se interlocutora credenciada à
obtenção desses dados,
que possibilitarão medir:
– número de alunos matriculados na PG, em nível de mestrado
e doutorado e conforme as
sub-áreas;
– número de mestres e doutores titulados de modo geral e conforme
as sub-áreas;
– número de bolsas concedidas, conforme o nível e o grau
obtido;
– produtividade das bolsas;
– número de orientadores e pesquisadores atuando na PG;
– produtividade dos orientadores em termos de formação de
recursos humanos;
– número de projetos integrados e bolsas acopladas;
– tempo de titulação;
– taxa de evasão dos alunos;
– destino dos egressos;
– produção intelectual dos professores orientadores e dos
orientandos;
– resultados das pesquisas, em termos de publicações, comunicações
em congressos,
conferências, cursos;
– prejuízo causado pelas aposentadorias aos cursos de PG.
De posse desses dados, a ANPOLL poderia constituir um banco de dados, a
ser
interpretado pela própria Associação enquanto diagnóstico
da área e das sub-áreas, que
subsidiariam a formulação de uma política científica
coerente. Esse banco de dados poderia
igualmente ser utilizado pelos cursos e programas no sentido de estabelecer
parâmetros
comparativos com outros cursos, com o conjunto da área de Letras
e Lingüística, com
outras áreas do conhecimento e com a grande área de Humanidades.
A existência e
interpretação de um banco de dados da área possibilitam
principalmente a definição das
necessidades e prioridades para a área.
2. As agências
de fomento podem exercer papel indutor da pesquisa; porém, as necessidades
e
prioridades de cada área devem ser estabelecidas pela comunidade
científica, cuja
interlocutora mais credenciada são suas associações
nacionais. As prioridades, por sua vez,
são definidas por períodos determinados, a partir de diagnósticos
consistentes.
Nesse sentido, urge a revisão da série histórica,
considerando: as demais áreas do
conhecimento; as demandas atuais; as necessidades diagnosticadas. Assim
sendo, se o
CNPq mudar o processo de concessão de bolsas, haverá alterações
na demanda, de modo
que será preciso igualmente que a CAPES modifique seus processos
de repasse de bolsas de
mestrado e doutorado. As mudanças no comportamento de uma agência
podem afetar
sobretudo os cursos novos e programas e áreas ainda não consolidados,
fazendo-se, pois,
necessário um novo equilíbrio.
3. Relativamente
aos critérios e formas de concessão de bolsas pelos cursos,
cabe destacar que
cada curso tem suas normas próprias, com seus procedimentos específicos.
De um modo ou
de outro, as alterações promovidas pelas agências de
fomento provocam impacto no
funcionamento dos cursos, que precisam conciliar suas vocações
a essas exigências externas.
Independentemente das orientações particulares dos cursos
e programas, podem-se pensar
diretrizes mais gerais para nortear a concessão e acompanhamento
das bolsas. No que diz
respeito ao processo de seleção de bolsistas, devem prevalecer
os critérios acadêmicos: a
qualidade do projeto do pós-graduando e sua inserção
nas prioridades da área, no plano
geral, e nas linhas de pesquisa, no caso dos programas em particular. Além
disso, cada
programa deve discutir o que é um projeto de pesquisa, como deve
ser uma dissertação de
mestrado e uma tese de doutorado, verificando a adequação
do candidato às expectativas
institucionais.
4. Os cursos
devem dispor de mecanismos contínuos de avaliação,
que verifiquem
semestralmente o desempenho do bolsista. Rela-tórios dos bolsistas,
avaliados pela
Comissão de Bolsas, com pareceres enviados às agências
de fomento, pareceres dos
orientadores, medindo a atividade dos orientandos, realização
de seminários internos e
públicos, em que os pós-graduandos (bolsistas ou não)
apresentam e debatem seus
trabalhos, são alternativas para efetivar esse acompanhamento. Os
programas poderão
solicitar a supressão da bolsa, caso os alunos não cumpram
os requisitos exigidos em cada
avaliação.
5. A avaliação
permanente do bolsista, realizada pelo orientador e pela Comissão
de Bolsas,
tem como objetivo garantir que o prazo de permanência no programa
de pós-graduação não
exceda o tempo de duração da bolsa, evidenciando a preocupação
de professores e
pesquisadores com o cumprimento das finalidades das bolsas, quais sejam,
a formação de
recursos humanos e produção de conhecimento. Independentemente
do esforço dos cursos
em obterem o melhor aproveitamento das bolsas, as agências de fomento
devem encontrar
mecanismos de devolução daquelas no caso de evasão.
6. As recomendações
acima referem-se às bolsas no País. Bolsas no Exterior, em
nível de
doutorado, mas também em nível de mestrado, se for o caso,
devem se destinar a áreas de
conhecimento carentes ou emergentes. A indicação dessas áreas,
por sua vez, deve provir
da comunidade científica, representada por suas Associações
Nacionais, que, da sua parte,
tratarão de destinar um espaço específico de discussão
dessas questões durante a realização
de seus encontros nacionais.
Considerando que as bolsas-sanduíche têm apresentado resultados
satisfatórios em termos
de aproveitamento do tempo de pesquisa realizado no Exterior, sem comprometer
o tempo
de permanência nos cursos e de duração das bolsas,
o grupo enfatiza a necessidade de essa
modalidade de benefício ser estimulada e ampliada.
Referendadas essas recomendações pelo grupo de participantes
da reunião voltada a discutir
“Políticas de bolsas para alunos de pós-graduação”,
foi elaborado esse relatório, lido e
aprovado pelos presentes.