HG 752 – Tópicos Especiais de História da Filosofia Moderna IV

Graduação, 2o Semestre de 2007  - Segundas, das 10 às 12 h; terças, das 10 às 12 h.

 

Prof. Silvio Seno Chibeni

Departamento de Filosofia - Unicamp

http://www.unicamp.br/~chibeni

 

Lista 1 - questões sobre locke – ESsay, book III

 

Observações:

·        Esta lista não é para nota; visa somente a auxiliar o estudo dos textos do curso.

·        Forme um par com outro colega e troque com ele as respostas (redigidas individualmente). Cada um procurará corrigir a lista do outro, se preciso consultando os textos apropriados. Depois, marquem um encontro para discussão detalhada dos pontos de divergência ou dúvida.

·        Responda de forma objetiva. Seja sucinto, mas não esquemático. Cuide para que cada sentença faça sentido completo e seja compreensível por uma pessoa que não conheça o assunto. Verifique cuidadosamente a correção gramatical do que escreve. Não responda em bloco de várias questões. Deixe amplas margens, para permitir anotações.

·        Indique de forma precisa os parágrafos do Essay pertinentes à suas respostas (seguindo a convenção da edição de Nidditch).

 

1. Para Locke, as palavras são signos de idéias, enquanto que as idéias representam coisas e qualidades. Em seu nominalismo, Locke mantém que tudo que existe é particular: classes, espécies, gêneros, etc. não correspondem a nada que exista objetivamente no mundo. Locke reconhece, naturalmente, que, em sua significação, os termos e as idéias podem ser gerais.

a) O que é um termo geral? E uma idéia geral?

b) Por qual “ação” da mente ela constrói as idéias gerais? Exemplifique (tome uma idéia geral qualquer e mostre como ela poderia ser formada).

 

2. Dê um exemplo de uma substância particular qualquer (material ou espiritual). Segundo uma concepção filosófica tradicional, ela possui uma essência real. Diga, em termos gerais, o que se entende por essa essência real.

 

3. Locke considera cognoscíveis as essências reais das substâncias? Por quê?

 

4. Dê agora um exemplo de uma espécie de substância qualquer.

a) O que se entende por sua essência real, em termos gerais?

b) O que seria sua essência nominal?

 

5. Quando encontramos uma substância qualquer, não podemos, segundo Locke, determinar se é ou não de uma certa espécie recorrendo às essências reais da substância e da espécie. Locke introduz a noção de essência nominal para resolver essa questão. Dê um exemplo detalhado de utilização de uma essência nominal para determinar se um ser particular é ou não da espécie correspondente a essa essência nominal.

Questões sobre Locke – Essay, book III – Respostas

 

 

1. a) Um termo geral é aquele que designa uma idéia geral. Uma idéia geral é aquela capaz de representar mais do que um indivíduo (substância ou qualidade) (III iii 6).

    b) A mente forma as idéias gerais por abstração (II xi 9, III iii 6). A idéia geral de homem, por exemplo, resulta da idéia de D. Pedro II quando deixo de lado, nessa idéia, as idéias de barba, de uma certa altura X, de haver nascido no Brasil e morrido em Portugal, de ter sido imperador do Brasil, etc.

 

2. A que se denota pelo nome ‘Bento XVI’. A essência real dessa substância é aquilo que faz que Bento XVI seja o que é, ou seja, que tenha a forma que tem, o tamanho que tem, as cores que tem, a voz que tem, os traços psicológicos que tem, etc. (III iii 15, 17)

 

3. As essências reais das substâncias são incognoscíveis, porque dizem respeito à sua “constituição real interna” (III vi 13, iii 15), ou seja, de sua “partes imperceptíveis”, acerca das quais não temos nenhuma idéia particular (III iii 15, 17),  embora, conforme Locke proponha em II viii, possamos fazer a hipótese de que têm apenas qualidades primárias. Aquilo que podemos perceber nas substâncias são apenas suas qualidades aparentes (formas, cores, raciocínio, vontade, etc.), e não a causa última dessas qualidades, sua essência real. (III iii 15, 17; vi 9)

 

4. A que se denota pelo nome ‘água’. a) A essência real dessa espécie é aquilo que faz que cada ser tenha as qualidades necessárias e suficientes para sua inclusão na espécie (mas não sabemos o que é essa essência real). (III iii 15)

b) A essência nominal da espécie é a idéia abstrata que voluntariamente criamos e nomeamos por ‘água’: por exemplo, a idéia de um corpo fluido, transparente, inodoro, insípido, incombustível e capaz de saciar a sede. (III iii 15)

 

5. Tome o exemplo da essência nominal da espécie água dado na questão anterior. Ao encontrarmos um objeto particular, será da espécie água (ou, em outros termos, poderá ser chamado de ‘água’) se, e somente se, for fluido, transparente, inodoro, insípido, incombustível  e capaz de saciar a sede. Em outras palavras, o conjunto de idéias que formam a idéia complexa do corpo encontrado deve conter todas as idéias que formam a essência nominal da espécie água. (Comparar com o exemplo do ouro, III vi 46-50.)