HG 304 - Teoria do Conhecimento I

Graduação, 1o Semestre de 2011

Prof. Silvio Seno Chibeni

Departamento de Filosofia – Unicamp – www.unicamp.br/~chibeni

  

Lista de exercícios # 2 – 2/6/2011

 

Observações:

·        Esta lista não é para nota; visa somente a auxiliar o estudo dos textos do curso.

·        Forme um par com outro colega e troque com ele as respostas (redigidas individualmente). Cada um procurará corrigir a lista do outro, se preciso consultando os textos de Hume. Depois, marquem um encontro para discussão detalhada dos pontos de divergência ou dúvida.

·        Responda de forma objetiva e restringindo-se ao que Hume diz. Seja sucinto, mas não esquemático. Cuide para que cada sentença faça sentido completo e seja compreensível por uma pessoa que não conheça o assunto. Verifique cuidadosamente a correção gramatical do que escreve. Indique o número da questão e os sub-itens que está respondendo. Não responda em bloco.

·        Em cada resposta, dê a referência dos parágrafos dos textos Hume em que ele trata do ponto em questão, seguindo a convenção padrão internacional (adotada no curso).

·        Na maioria das questões é importante atentar na distinção de abordagem que existe entre os dois textos, Tratado e Investigação. Deixe eventuais diferenças claras em suas respostas.

 

Questões:

 

1.     a) Localize, nestes textos introdutórios de Hume: T Introdução; E 1; A 1-5, as ocorrências da palavra ‘ciência’. Transcreva as frases em que a palavra ocorre. b) Verifique em quais dos casos a intenção é comparar a filosofia natural (ciência, no sentido atual) com a filosofia moral. Que aspecto metodológico está sendo salientado em cada caso?

2.     a) Localize nos mesmos textos as passagens em que Hume usa as metáforas da anatomia e da geografia para caracterizar a sua abordagem filosófica. Transcreva as frases. b) Que aspecto dessa abordagem as metáforas procuram evidenciar?

3.     Tanto no Tratado como na Investigação, Hume divide as percepções da mente em idéias e impressões. a) Quais os critérios usados nessa distinção? b) Segundo esses critérios, como são definidas as impressões e as idéias?

4.     No Tratado, Hume divide as percepções em simples e complexas. a) Apresente a distinção, indicando claramente qual o critério usado por Hume. b) Indique agora, na Investigação, o ponto em que uma distinção semelhante é usada efetivamente, embora não traçada explicitamente. c) Comente a diferença entre as duas distinções.

5.     Ao estudar a origem das idéias, Hume propõe um princípio fundamental – o “primeiro princípio” da ciência do homem –, correlacionando idéias e impressões. a) Enuncie esse princípio na formulação mais precisa encontrada no Tratado. b) Enuncie o princípio na formulação mais tosca encontrada na Investigação. c) Aponte as duas principais diferenças.

6.     Indique agora os argumentos fornecidos por Hume para esse princípio. Separe sua resposta segundo os dois livros.

7.     Quais, segundo o texto do Tratado, as duas restrições que Hume identifica na validade do primeiro princípio.

8.     Em T 1.1.2, Hume divide as impressões em dois tipos. a) Quais são, segundo uma caracterização de senso comum desses tipos. b) Indique que aspecto dessa caracterização é objeto de uma reserva cética da parte de Hume.

9.     a) Como, em T 1.1.3, Hume distingue as idéias de memória das de imaginação? b) Dos dois critérios utilizados, um é depois criticado, em T 1.3.5. Qual é ele, e qual é a crítica?

10. Quais são, segundo Hume, os princípios de associação de idéias? b) Dê, para cada princípio, dois exemplos de idéias associadas pelo princípio. c) Qual a faculdade da mente responsável pela associação? (Atente, nesta resposta, a ambos os livros de Hume!). d) Quais as causas apontadas por Hume pelas quais a dita faculdade de associar idéias?

11. A importante distinção entre relações de idéias e questões de fato é traçada por Hume em E 4.1-2. Exponha essa distinção, explicitando os dois critérios utilizados para traçar a distinção (critérios epistêmico e modal).

12. a) Qual, em termos desses dois conceitos, a grande questão epistemológica que ocupará a atenção de Hume, enunciada em E 4.3 ? b) Qual a tese preliminar proposta por Hume acerca dela no parágrafo seguinte? Ilustre-a com exemplos (distintos dos dados por Hume).

13. a) Quanto ao conhecimento da relação de causalidade, qual a tese proposta por Hume no início de E 4.6? b) Como essa tese é defendida nos parágrafos seguintes desta primeira parte da seção 4 da Investigação?

14. Dada essa tese sobre o conhecimento de causas e efeitos, resta, como única opção, que esse conhecimento tenha fundamento empírico. Que tipo de experiência específica é capaz de nos dar esse conhecimento? Explique e indique o(s) parágrafo(s) da Investigação em que o ponto é apresentado.

15. Hume prossegue, na parte 2 desta mesma seção 4, investigando as inferências (ou “raciocínios”) causais procurando determinar, agora, se a experiência de que trata a questão precedente é suficiente para “fundamentar” essas inferências. Depois de fazer algumas considerações informais que parecem indicar que não é, Hume desenvolve uma argumentação formal, rigorosa, que visa a mostrar que o “entendimento” não pode fundamentar as ditas inferências, ou seja, que não há nenhum argumento que, partindo da experiência da conjunção constante de dois tipos de fenômenos, conclua que, quando um deles se apresentar novamente, o outro também ocorrerá mais uma vez. Para tanto, Hume arma um dilema, que tentará mostrar que é bloqueado. Qual é esse dilema?

16. Como Hume argumenta que o primeiro ramo do dilema está bloqueado? (Ou seja, como argumenta que não é possível nem intuir nem demonstrar causas de efeitos ou vice-versa, nem mesmo quando temos a experiência de sua conjunção constante.)

17. Como Hume argumenta que o segundo ramo do dilema também está bloqueado? (Ou seja, como argumenta que não há apoio experimental possível para as inferências causais?)

18. Ficando assim estabelecido que o entendimento não é capaz de fundamentar as inferências causais, a única opção é que fiquem a cargo de outra faculdade da mente. a) Qual é ela, segundo a original sugestão de Hume? b) Como essa explicação das inferências causais é detalhada na primeira parte de E 5? (Destaque, sinteticamente, os pontos principais – em particular, a função do hábito ou costume.)

19. Hume principia a análise das crenças causais, na parte 2 de E 5, criticando a sugestão de que a crença deve ser entendida como uma idéia especial que se anexa à idéia daquilo em que se crê. Qual o argumento de Hume contra essa sugestão?

20. A partir disso, propõe que a crença causal resulta da maneira pela qual uma certa idéia é apresentada à mente. Que “maneira” é essa?