HG 304 – Teoria do Conhecimento I

Graduação, 1^o Sem. 2012

Prof. Silvio Seno Chibeni

Lista de exercícios 2 (16 de junho)

· Esta lista não é para nota; visa somente a auxiliar o estudo dos textos do curso. Versa sobre temas epistemológicos discutidos Locke nos livros II e IV do Essay .

· As respostas não devem ser longas, porém devem ser inteligíveis por quem não conheça o texto.

· Nas respostas, é essencial indicar claramente os parágrafos relevantes, usando a convenção internacional adotada no curso.

1. No Livro II do Essay Locke examina a origem das idéias e classifica-as segundo diversos pontos de vista. Segundo Locke, as nossas idéias se originam, em última instância, de duas fontes.

a) Quais são essas fontes (explique)? Dê três exemplos de idéias fornecidas por cada uma.

b) Por que o estabelecimento dessas fontes é importante dentro da proposta epistemológica geral de Locke?

2. Examinando as idéias que temos, verificamos facilmente que nem todas provêm diretamente das fontes apontadas na questão precedente.

a) Como Locke resolve esse problema?

b) Por quais critérios as idéias simples se distinguem das complexas? Dê pelo menos três exemplos variados de idéias simples.

3. Atuando sobre as idéias que possui, a mente pode formar outras idéias. Quais as “ações da mente” na formação:

a) de idéias complexas (modos e substâncias)? Dê três exemplos de idéias formadas por essa ação.

b) de idéias de relações? Dê três exemplos de idéias formadas por essa ação.

4. As idéias complexas dividem-se em idéias de modos e idéias de substâncias.

a) Explique a distinção. Dê pelo menos três exemplos variados de cada.

b) Segundo Locke, o que há de insatisfatório na idéia de substância pura?

5. a) Explique a distinção entre qualidades primárias e secundárias. Dê diversos exemplos de cada.

b) No livro de Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia (Tradução brasileira, Cia. das Letras, 1995), há menção à filosofia de Locke. Identifique o(s) problema(s) que existe(m) nas seguintes afirmações: “Por qualidades sensoriais primárias Locke entende a extensão, peso, forma, movimento e número das coisas.” (p. 283) “... as “qualidades primárias”, tais como a densidade, o peso, a gravidade ... (p. 303).

6. Para Locke, as palavras são signos de idéias, enquanto que as idéias representam coisas e qualidades. Em seu nominalismo, Locke mantém que tudo que existe é particular: classes, espécies, gêneros, etc. não correspondem a nada que exista objetivamente no mundo. Locke reconhece, naturalmente, que, em sua significação, os termos e as idéias podem ser gerais.

a) O que é um termo geral? E uma idéia geral?

b) Por qual “ação” da mente ela constrói as idéias gerais? Exemplifique (tome uma idéia geral qualquer e mostre como ela poderia ser formada).

7. Locke considera cognoscíveis as essências reais das substâncias? Por quê?

8. No Livro IV do Essay, Locke analisa diretamente o conhecimento humano. Já no parágrafo 2 do primeiro capítulo fornece uma definição geral de conhecimento. Qual é essa definição?

9. Logo em seguida, Locke enumera quatro tipos de conhecimento. Diga quais são esses tipos. Forneça, para cada tipo, exemplos de duas proposições que expressem conhecimento do tipo em questão.

10. Qual desses tipos não é compatível com a definição de conhecimento dada? Explique por quê.

11. Para cada uma das seguintes proposições, diga qual o tipo de conhecimento que ela expressa.

a) Soda cáustica misturada a gordura e água resulta em sabão.

b) 21 x 9 = 189.

c) A Torre Eiffel existe.

d) F = Gmm’/r² (ou seja, a força gravitacional entre dois corpos de massas m e m’ é igual a um certo número G multiplicado pelo produto das massas e dividido pelo quadrado da distância que separa os corpos).

12. No capítulo ii do quarto livro Locke estabelece uma distinção entre três “graus” de conhecimento. Enumere esses graus, explicando o que são. Dê, para cada um, dois exemplos de proposições que expressem conhecimento do grau em questão.

13. Ao tratar da extensão do conhecimento, Locke verifica inicialmente a extensão de cada um dos “graus”. Responda:

a) A proposição ‘O todo é maior do que as partes’ pode ser conhecida intuitivamente? Por quê?

b) A proposição ‘A área de um círculo é proporcional ao quadrado de seu raio’ pode ser conhecida intuitivamente? Por quê?

c) A proposição ‘Em um triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa’ (teorema de Pitágoras) pode ser conhecida demonstrativamente? Por quê?

d) É possível alguém no Brasil saber que a Torre de Londres existe agora? Por quê?

14. Diga, em termos gerais, o que Locke diz sobre a extensão do conhecimento de:

a) identidade e diversidade

b) relação

c) existência real

15. Em IV iii Locke analisa as “causas de ignorância”. Enumere essas causas e explique o que são.

16. Em IV iii e vi Locke investiga, entre outras coisas, a importante questão da extensão do conhecimento de coexistência, ou conexão necessária. Locke conclui que, no caso das substâncias materiais, há dois fatores que determinam a reduzida extensão desse tipo de conhecimento.

a) Descreva esses fatores.

b) Explique por que eles de fato acarretam limitações severas no conhecimento de coexistência; ou seja, descreva como, na epistemologia de Locke, o conhecimento de coexistência (no caso das substâncias materiais) poderia ser obtido, para assim salientar o bloqueio referente a esses dois fatores.

17. Ao longo da discussão do problema da extensão do conhecimento de coexistência, Locke introduz a experiência como fornecedora direta de conhecimento (e não apenas de idéias). Porém o conhecimento que ela fornece é, em um certo sentido, mais limitado do que o que resulta da percepção do acordo ou desacordo entre idéias gerais.

a) Diga que sentido é esse.

b) Dê pelo menos dois exemplos de proposições que podem ser conhecidas diretamente pela experiência.