TOPO DA PÄGINA - APRESENTAÇÃO - PROGRAMA GERAL - SESSÕES DE COMUNICAÇÕES
Primeiro Colóquio Rousseau
“Rousseau, verdades e mentiras”
Faculdade de Ciências e Letras
UNESP – Araraquara12 a 14 de novembro de 2003
Promoção:
- Departamento de Letras Modernas da FCL
- Grupo Interdisciplinar de Pesquisa Jean-Jacques RousseauApoio: FAPESP, FUNDUNESP, PROEX-UNESP
Comissão Organizadora:
Karin Volobuef
(Dep. de Letras Modernas - UNESP/Araraquara)José Oscar de Almeida Marques
(Dep. de Filosofia - UNICAMP)Adalberto Luis Vicente
(Dep. de Letras Modernas - UNESP/Araraquara)Ana Luiza Camarani
(Dep. de Letras Modernas - UNESP/Araraquara)
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APRESENTAÇÃO
Para Rousseau, o filósofo da autenticidade e da transparência, a questão da mentira é necessariamente um assunto portentoso, e os que buscam um motivo unificador de seu pensamento não estarão de todo equivocados se o identificarem ao eterno desacordo entre o que os homens são e o que fingem ser aos olhos dos outros. O assunto, de fato, atravessa todas as obras maiores do filósofo e fornece uma primeira série de temas para discussão em nosso Colóquio: a condenação no Primeiro Discurso da substituição da honesta rusticidade das primeiras sociedades pela polidez enganosa do homem civilizado; a proposta do Segundo Discurso de relatar pela primeira vez a verdadeira história da espécie humana e a gênese do amor próprio que preside à adoção das falsas aparências; a pretensão das Confissões de contar uma vida em toda sua verdade, inclusive a dolorosa verdade de que se mentiu. O fato de que a mentira está tão difundida na sociedade é uma das principais razões para que, no início de sua educação, Emílio seja mantido afastado tanto das pessoas como dos livros. E o Contrato Social (ele próprio uma correção do logro perpetrado pelo falso contrato do Segundo Discurso) classifica a mentira diante da lei como o pior dos crimes, para o qual só a morte é o castigo adequado.
Rousseau é também o filósofo da subjetividade e do autoconhecimento, e, como tal, deve examinar não apenas os outros mas principalmente a si mesmo, para responder se foi de fato fiel à divisa “vitam impendere vero”. Esse deslocamento de perspectiva abre uma segunda série de temas para nossa discussão: a concepção rousseauniana de história e de autobiografia como relatos exemplares nos quais a verdade literal deve ceder ao objetivo edificador, a legitimidade do preenchimento dos vazios da memória nas Confissões, a extensa apologia dos Diálogos, e, em especial, a importante reflexão sobre a mentira que Rousseau desenvolveu em sua Quarta Caminhada.
Mas será Rousseau o melhor juiz de Jean-Jacques? Um novo deslocamento se realiza quando nós, enquanto leitores e críticos do filósofo, decidimos julgar por nós mesmos em que medida são toleráveis os extraordinários subterfúgios e manipulações que o preceptor emprega em sua educação de Emílio e, de forma ainda mais grave, a teatralidade do legislador do Contrato Social que se apresenta ao povo sob o manto inquestionável da religião, para angariar sua confiança e adesão. Aqui, certamente, situam-se as mais candentes questões que se pode levantar sobre as idéias e atitudes de Rousseau em relação ao tema do Colóquio.
Temos, por fim, de ser juízes de nós mesmos, e examinar a veracidade dos próprios críticos e comentadores de Rousseau. Este último deslocamento nos leva a perguntar, por exemplo, em que medida seu pensamento foi corretamente interpretado pelos que o transformaram em arauto da Revolução Francesa no século XVIII, promoveram sua inclusão no panteão dos precursores do socialismo e do marxismo no século XIX, puseram-no na raiz dos movimentos totalitários do século XX e dos fundamentalismos que se desenham no século XXI. E, de todas as questões sobre as verdades e mentiras que circundam o filósofo de Genebra, estas talvez sejam as que mais urgentemente demandam em nossos dias um esclarecimento.
Uma apreciação da importância e do impacto do pensamento de Rousseau em nossos dias passa necessariamente pela consideração das questões acima levantadas. Ao propor uma discussão interdisciplinar sobre esses temas, o I Colóquio Rousseau pretende inaugurar o diálogo periódico entre pesquisadores de várias áreas e instituições, procurando estimular também as atividades de Pós-graduação e Iniciação científica no campo de estudos rousseaunianos e correlatos.
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PROGRAMA
Quarta-feira, 12 de novembro de 2003
17h30 - 19h00 Credenciamento
(Saguão do Anfiteatro A)19h Conferência de abertura (Anfiteatro A)
Prof. Dr. Roberto Romano (IFCH-UNICAMP):
- Mentiras transparentes. Rousseau e a Contra-revolução romântica (Texto da conferência)
Quinta-feira, 13 de novembro de 2003
9h Mesa redonda (Literatura) (Anfiteatro A)
Profa. Dra. Maria Cecília Queiroz de Moraes Pinto (FFLCH-USP):
- Rousseau: Verdade e autobiografia
Prof. Dr. Marcus Vinicius Mazzari (FFLCH-USP):
- A confissão amorosa do jovem Goethe
Profa. Dra. Maria Célia de Moraes Leonel (FCL-UNESP/Araraquara):
- Aparência e realidade em Guimarães Rosa14h 1a. Sessão de comunicações
Sala 303: Rousseau: das Luzes ao Romantismo
Sala 304: Estado de Natureza e História em Rousseau
Sala 305: Rousseau e a Antropologia16h 2a. Sessão de comunicações
Sala 303: Rousseau e a linguagem da sensibilidade
Sala 304: Liberdade e política em Rousseau
Sala 305: Rousseau e a mentira19h Mini-curso (Educação) (Anfiteatro C)
Profa. Dra. Maria de Fátima Simões Francisco (FE-USP):
- Das relações entre filosofia da educação e filosofia política em Rousseau
Sexta-feira, 14 de novembro de 2003
9h Mini-curso (Educação) (Anfiteatro C)
Profa. Dra. Carlota Boto (FE-USP):
- História, verdade e virtude em Rousseau: pacto político e ética pedagógica14h 3a. Sessão de comunicações
Sala 303: A Herança literária de Rousseau
Sala 304: Rousseau, linguagem e dissimulação
Sala 305: A Herança filosófica de Rousseau16h 4a. Sessão de comunicações
Sala 303: Le Clézio, leitor de Rousseau
Sala 304: Rousseau, natureza e sociabilidade
Sala 305: Rousseau educador19h Mesa redonda de encerramento (Filosofia) (Anfiteatro A)
Prof. Dr. Fernando Eduardo de Barros Rey Puente (UFMG):
- Confissões: a verdade e as mentiras
Prof. Dr. Zeljko Loparic (PUC-SP; UNICAMP):
- Kant e o suposto direito de mentir
Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Jr. (IFCH-UNICAMP):
- A mentira e as figuras da ilusão