Harmonia
e Melodia como Imitação da Natureza em Rameau e
Rousseau
Palestra no IV Encontro de Pesquisadores em Poética
Musical dos Séculos XVI, XVII e XVIII, promovido pelo Departamento de Música da
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, realizado em São
Paulo de 29 a 31 de agosto de 2012
José Oscar de Almeida Marques
Departamento de Filosofia da UNICAMP
Harmonia
e Melodia como "Imitação da Natureza" em Rameau e Rousseau
RESUMO: Jean-Jacques Rousseau e Jean-Philippe
Rameau, as duas figuras emblemáticas da "Querela dos Bufões",
estiveram de acordo quanto à música ser uma arte imitativa, mas aquilo que ela imitava, a natureza, era entendida por eles de maneiras bem
diferentes. Enquanto Rameau identificava a natureza com o domínio galileo-cartesiano da natureza física descritível por meio
de relações matemáticas, para Rousseau, natureza significava o mundo interior
das paixões e sentimentos humanos. Em consequência dessas diferentes concepções
de natureza , a harmonia, enquanto ciência da
combinação consonante de sons musicais baseada na ressonância dos corpos
físicos e a melodia, enquanto arte de expressar as paixões por meio dos acentos
da linguagem falada, foram as dimensões musicais que um e outro autor
respectivamente tomaram como o meio privilegiado em que a imitação da natureza
deveria ter lugar.
Harmony and Melody as "Imitation of Nature"
in Rameau and Rousseau
ABSTRACT: Jean-Jacques
Rousseau and Jean-Philippe Rameau, the two emblematic figures of the Querelle des Bouffons, could very
well agree that music is an imitative art, but what it imitates, nature, was
understood by them in very different ways. While Rameau identified nature with
the Galilean/Cartesian realm of physical laws expressible in mathematical
relations, for Rousseau nature meant the inner world of human passions and
sentiments. Accordingly, harmony, as the science of consonant combinations of
sounds based on the resonance of physical bodies, and melody, as the art of
expressing the passions by means of the accents of the spoken word, were the musical
dimensions that one and other author respectively took as the privileged medium
in which the imitation of nature should properly take place.