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III Colóquio Rousseau:
Rousseau e o Iluminismo. Salvador, 28 a 31 de agosto de 2007 José Oscar de Almeida
Marques RESUMO: Ao
ler o Contrato social de Rousseau
tendemos a nos concentrar em seu objetivo explícito, que é o de investigar e
estabelecer uma regra de administração legítima e segura para a comunidade
política. Em conformidade com o próprio caráter abstrato da obra, tendemos a
ver essa comunidade como alguma coisa dada e existente isoladamente, sem nos
perguntar o que já havia inicialmente de comum a esses indivíduos que decidem
submeter-se à regra de sua vontade geral, e como esse corpo político assim
constituído se relaciona com os que não são
“nós”, mas “os outros”, isto é, com as demais
sociedades entre as quais terá inevitavelmente de viver. Sabemos, entretanto,
que estas questões eram consideradas muito importantes por Rousseau, e só o
caráter fragmentário e inconcluso do Contrato
social explica por que não receberam o tratamento aprofundado que lhes
seria devido. Pretendo nesta exposição explorar algumas vertentes das
soluções que Rousseau deixou esboçadas em outras obras, em especial em seu Extrato e Julgamento do projeto de paz perpétua do Abbé
de Saint-Pierre, e que apontam para uma compreensão
muito lúcida de Rousseau do problema das relações entre as nações, e para uma
solução que tem, surpreendentemente, muito em comum com a que propôs, no Contrato social, para a questão das
relações entre indivíduos. Pretendo mostrar que há em Rousseau o gérmen de
uma concepção das relações internacionais que não as reduz ao mero jogo de
forças proposto pelo “realismo” hobbesiano
e, ao mesmo tempo, viabiliza a convivência civilizada e regulada sem impor a
uniformidade de valores e perspectivas característica do cosmopolitismo
kantiano. |