Cadernos de História e Filosofia da CiênciaCampinas, CLE-Unicamp, Série 3, v.15, n.1, jan-jun. 2005

 

THE PATHS OF PROVIDENCE:

VOLTAIRE AND ROUSSEAU ON THE LISBON EARTHQUAKE* 

José Oscar de Almeida Marques
Department of Philosophy - UNICAMP
jmarques@unicamp.br

ABSTRACT: The existence of evil seems to imply, according to the old Epicurean dilemma, that God cannot be both benevolent and omnipotent, and the search for the tortuous paths of Providence tends to become particularly urgent in the wake of great disasters. Voltaire’s Poème sur le désastre de Lisbonne, and Rousseau’s Lettre à Monsieur de Voltaire are two important attempts to provide philosophical answers to the questions raised by the great Lisbon earthquake of 1755. Voltaire’s alternative is simply to refuse the optimistic “all is well” philosophy of Leibniz and Pope, and proclaim that genuine and not only apparent evil is indeed loose on Earth. Rousseau undertakes the more arduous task of defending Providence, and manages to present some original considerations based on the idea of human responsibility in the disaster. In spite of a seemingly clear-cut opposition between the two authors, I hope to show in this paper that their disagreement is not so radical as it might seem, and that both are more interested in the practical consequences of their interpretations than in a dry re-enactment of old metaphysical and theological discussions.

 

 

RESUMO: A existência do mal parece implicar, de acordo com o velho dilema de Epicuro, que Deus não pode ser ao mesmo tempo onipotente e benevolente, e a busca dos tortuosos caminhos da Providência tende a tornar-se particularmente urgente após os grandes desastres. O Poema sobre o desastre de Lisboa de Voltaire, e a Carta ao Senhor de Voltaire de Jean-Jacques Rousseau são duas importantes tentativas de oferecer respostas filosóficas às questões suscitadas pelo grande terremoto de Lisboa de 1755. A solução de Voltaire é simplesmente recusar a filosofia otimista do “tudo está bem” de Leibniz e Pope, e proclamar que o mal genuíno, e não apenas aparente, existe de fato no mundo. Rousseau assume a tarefa mais árdua de defender a Providência, e consegue apresentar algumas considerações originais baseadas na idéia da responsabilidade humana pelo desastre. Apesar de uma aparente oposição entre os dois autores, espero mostrar seu desacordo não é tão radical quanto parece, e que ambos estão mais interessados nas conseqüências práticas de suas interpretações do que em uma árida re-encenação das velhas discussões teológicas e metafísicas.

 

 

*A preliminary version of this paper, under the title “Facing the Epicurean Dilemma: Rousseau and Voltaire in Search of Providence”, was presented at the XIIIth Colloquium of the Rousseau Association “Rousseau, Voltaire, and Fanaticism”, at the St Hugh’s College, Oxford, UK, on 28 June, 2003.

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