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Reflexos de Rousseau

Organização: José Oscar de Almeida Marques

Associação Editorial Humanitas / FAPESP, 2007

176 p.

ISBN 9788577320349

Lançamento:

III Colóquio Rousseau, UFBA, Salvador, agosto de 2007

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Reflexos de Rousseau abre-se com um conto de fadas do autor e prossegue com  oito ensaios que se desenvolvem em diversos campos de estudos, filosofia, ciências humanas, estética e estudos literários, e ilustram convenientemente a variedade e amplitude do legado de Jean-Jacques Rousseau. Pela diversidade de seus temas e abordagens, os trabalhos aqui incluídos fornecem uma excelente introdução aos tópicos centrais de um pensamento que há 250 anos vem guiando nossas idéias sobre o homem e a sociedade, a razão e o sentimento, a moral, a política e as artes


 

Sumário

A rainha fantasiosa
Jean-Jacques Rousseau  (tradução de Renato Moscateli)

A monarquia segundo Jean-Jacques Rousseau
Renato Moscateli

Moral e sentimento em J.-J. Rousseau
Genildo Ferreira da Silva,

Rousseau e Sêneca: a construção da liberdade moral
Arlei de Espíndola

Presença (e ausência) do Caminhante Solitário na obra de Claude Lévi-Strauss
Mariza Martins Furquim Werneck

Considerações sobre o “gosto” em Rousseau
Jacira de Freitas

Rousseau, E. T. A. Hoffmann e a criatividade romântica
Karin Volobuef

Um homem em toda sua verdade: Rousseau, gênio e ficção
Márcio Roberto do Prado

Rousseau e a possibilidade de uma autobiografia filosófica
José Oscar de Almeida Marques

 

Apresentação

 

    Os artigos aqui reunidos originam-se, em sua maior parte, de trabalhos apresentados por um destacado grupo de pesquisadores no XI Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF, realizado em Salvador em outubro de 2004, no quadro das atividades do Grupo de Trabalho Rousseau e o Iluminismo. Ao intitular o volume Reflexos de Rousseau, pretendi, pelo uso de uma designação bastante geral, fazer justiça à grande variedade de campos e métodos de abordagem que nele estão representados. A filosofia, as ciências humanas e os estudos literários surgem aqui lado a lado, num claro reconhecimento de que as fronteiras disciplinares tradicionais são insuficientes para balizar um pensamento que há 250 anos vem marcando nossas concepções sobre o homem e a sociedade, a razão e o sentimento, a moral, a política e a arte.

    De todos esses tópicos, o que melhor forneceria uma possível unidade aos presentes trabalhos seria, talvez, o do sentimento. É o sentimento que provê o mais sólido fundamento para a moral rousseauniana, uma posição que, de formas distintas, é exposta nos artigos de Genildo Ferreira da Silva e Arlei de Espíndola. Mas é também o sentimento que primariamente serve de base para Rousseau construir sua estética e, particularmente, para elucidar a complexa questão do gosto, mediante o conceito de gênio como árbitro – ou, antes, instituidor – infalível do valor estético, num movimento que está muito bem capturado em sua sucessão pelos trabalhos de Jacira de Freitas, Karin Volobuef e Márcio Prado.

    O sentimento manifesta-se ainda como autenticidade, ou fidelidade incondicional a seus princípios e idéias, e no conseqüente empenho de comunicá-los aos demais. As Confissões representam a paradoxal conjunção de uma individualidade extremada com o projeto de instituir um padrão de comparação válido para todos os seres humanos; e as dificuldades conceituais dessa pretensão são apresentadas e discutidas por mim em meu artigo.

    Ecos insuspeitados da influência de Rousseau sobre Claude Lévi-Strauss são revelados com grande autoridade por Mariza Werneck, mostrando-nos que, para além das complexidades formais usualmente associadas ao estruturalismo, é o método da rêverie e da imersão total na experiência e no sentimento imediato que serviu efetivamente de impulso às monumentais investigações do antropólogo francês. E, numa demonstração da versatilidade expositiva de Rousseau, que procura tocar a imaginação dos leitores das formas mais diversas, Renato Moscateli nos oferece inicialmente sua tradução do delicioso conto filosófico “A Rainha Fantasiosa”, e explora, no artigo a seguir, alguns dos elementos desse texto para analisar as críticas que Rousseau dirige ao regime monárquico.

     Pela diversidade de sua temática e abordagens, os oito artigos aqui incluídos correspondem perfeitamente à riqueza e variedade do legado de Rousseau, e fornecem uma excelente introdução aos tópicos centrais de sua reflexão. Ao oferecer este livro ao leitor brasileiro, augurando-lhe uma proveitosa leitura, não posso deixar de agradecer aos autores que nos cederam seus trabalhos para publicação; aos professores Roberto Romano e Milton Meira Nascimento pelo grande incentivo e auxílio, à FAPESP pelo apoio financeiro, a Thomaz Kawauche, pela cuidadosa revisão e as sempre oportunas sugestões, e a Maria Helena Gonçalves Rodrigues, Coordenadora Editorial da Humanitas, pela especial atenção que dedicou à realização deste projeto.

 

José Oscar de Almeida Marques


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