Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 15 de abril de 2013 a 21 de abril de 2013 – ANO 2013 – Nº 557A gestão segundo Fernando Costa
Valorização do ensino e busca dos melhores docentes para a Unicamp. Foram essas as prioridades de Fernando Costa em seus quatro anos na Reitoria. Entre as principais realizações de sua gestão, ele destaca iniciativas inovadoras, como a criação do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), cuja primeira turma se formou no início de 2013, e do Programa Professor Visitante do Exterior, que atraiu pesquisadores brasileiros ou estrangeiros com experiência internacional. Esse, aliás, foi um dos componentes da nova política de internacionalização, que passou a ter peso estratégico na gestão da Universidade.
“Hoje, o reconhecimento da Unicamp como uma universidade de importância internacional é claramente mais abrangente”, ressalta Fernando Costa. São vários os desdobramentos desse novo posicionamento no cenário internacional. Entre eles, destacam-se estabelecimento de uma parceria entre a Agência de Inovação Inova Unicamp e sua similar na Universidade de Cambridge, a Cambridge Enterprise, e a entrada da Universidade na Worldwide Universities Network (WUN), prestigiosa e seleta rede de universidades de pesquisa que ainda não tinha membros na América Latina. Segundo Fernando Costa, por trás do aumento da visibilidade da Unicamp no exterior estão os esforços da Reitoria para ampliar o grau de internacionalização da Universidade, combinados a indicadores de excelência acadêmica cada vez mais expressivos. “Nos últimos anos, fruto de décadas de atuação da Unicamp na busca da excelência acadêmica, a Universidade viu todos os índices relacionados à graduação, à pós-graduação, à pesquisa e à extensão elevarem-se aos níveis mais altos da sua história”, destaca.
O reitor também apontou como uma das marcas de sua gestão a expansão física da Universidade. Nos últimos quatro anos foi registrado um incremento sem precedentes nesse aspecto, com o planejamento e a execução de 332 obras em todos os campi da Universidade, entre reformas, ampliações e novas construções. Leia abaixo o balanço que Fernando Costa fez de sua gestão em conversa com o Jornal da Unicamp:
Ensino
Demos excepcional ênfase ao ensino, principalmente ao de graduação. Sem dúvida, a mais importante delas foi a implantação do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), que desde o início despertou interesse público por dois aspectos inovadores no meio acadêmico: possibilitar aos melhores alunos das escolas públicas de ensino médio em Campinas a chance de ingressar numa universidade pública de excelência, sem precisar enfrentar o vestibular, e oferecer a estes estudantes um curso multidisciplinar, com duração de dois anos, após o qual poderão optar pela formação específica na área de sua preferência. Em fevereiro de 2013, o ProFIS recebeu prêmio da Fundação Péter Murányi como melhor experiência em educação no Brasil.
Também promovemos uma mudança significativa no formato do vestibular. Era preciso adequar o exame à atual estrutura curricular da educação básica, dividida em grandes áreas do conhecimento. Além disso, havia a necessidade de torná-lo mais seletivo na primeira fase, em razão do aumento progressivo do número de inscritos. Para o vestibular de 2012, por exemplo, inscreveram-se 67,4 mil candidatos, um recorde na história do exame. Convém ressaltar que a essência do vestibular da Unicamp, considerado referência em todo o país, foi preservada. Continuamos procurando selecionar alunos que, além de dominar os conteúdos do ensino médio, saibam pensar de forma crítica, raciocinar logicamente e expressar suas ideias com clareza.
Outra ação que considero importante é a criação do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, cujo maior objetivo é contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de graduação em toda a Universidade. Além de ajudar professores e participantes dos Programas de Estágio Docente (PED) e de Apoio Didático (PAD) a preparar-se melhor para o desempenho de suas atividades, o novo órgão tem a incumbência de estimular a reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem – algo fundamental para que este seja aprimorado.
Também lançamos um pacote de medidas para agregar mais qualidade à vida estudantil. Entre elas, estão o aumento do número de programas e bolsas concedidas pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE); implantação de editais de apoio às atividades estudantis; lançamento do programa Aluno Artista; aprimoramento do processo de estudo e aprendizagem; empréstimo de bicicletas para circulação no campus; incentivo à leitura, com a criação do programa Estante Literária; e expansão do Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica (Sappe). Gostaria de destacar, ainda, o Projeto Aulas Magistrais, que consiste na gravação em vídeo e posterior divulgação na internet de aulas sobre temas de interesse geral ministradas por professores da Unicamp, e a criação do prêmio Reconhecimento Docente pela Dedicação ao Ensino de Graduação, entregue pela primeira vez em 2012 a um professor de cada uma das 22 unidades de ensino e pesquisa da Unicamp.
Reposição de docentes
A política de recomposição de vagas docentes adotada pela Unicamp e implementada pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) experimentou um avanço significativo no quadriênio. No período, foram registradas 247 aposentadorias e efetuadas 365 contratações, o que representa um saldo positivo de 118 professores, situação jamais verificada anteriormente. Tal resultado foi alcançado graças à adoção de novas sistemáticas por parte da Universidade, mas também ao bom desempenho da economia brasileira, que proporcionou uma ampliação na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo responsável pela definição do orçamento da instituição.
Além das 365 contratações efetuadas em 2012, a Unicamp também aprovou a admissão de mais dez docentes para atuarem no Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que conta com a participação das três universidades estaduais paulistas, e de outros oito para o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), voltado aos egressos das escolas públicas de ensino médio de Campinas. Adicionalmente ao esforço para recompor e ampliar as vagas docentes, a Unicamp também tem feito um empenho adicional para aumentar seu quadro de pesquisadores. Em 2012, foram aprovadas mais seis vagas para esta função, dentro de um quadro geral formado por cerca de 80 profissionais. Também nos preocupamos em ampliar o quadro de candidatos inscritos em concursos de ingresso na carreira docente. Isso se deu por meio da ampla divulgação das oportunidades, atraindo dessa forma concorrentes com experiência de ensino e pesquisa no exterior, e pela possibilidade de os estrangeiros inscritos realizarem as provas em língua inglesa. Como resultado, a Universidade conseguiu atrair e selecionar docentes jovens e motivados, prontos para aceitar o desafio de implantar novas linhas de pesquisa, resgatando a ousadia acadêmica que marca a história da Unicamp.
"Hoje,
o reconhecimento
da Unicamp como
uma universidade
de importância
internacional é
claramente mais
abrangente"
Funcionários
Fizemos um grande esforço para melhorar a qualidade de vida e incentivar a qualificação dos funcionários da Unicamp, cujo trabalho é fundamental para o bom funcionamento da Universidade. Investimos de maneira significativa em valores e na revisão da metodologia do seu Processo Avaliatório. Os recursos foram aplicados na concessão de promoções a um amplo contingente de funcionários técnico-administrativos da carreira Paepe (Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão). Desmembradas por ano, as promoções beneficiaram em 2010, 2011 e 2012, respectivamente, 40%, 55% e 40,3% dos servidores aptos a participar da avaliação.
Em razão das referências concedidas no período, o ganho salarial médio dos funcionários contemplados foi de 9,67%, além dos reajustes anuais. Os dados desse ciclo de três anos comprovam que os objetivos traçados pela Universidade foram alcançados. Atualmente, há maior mobilidade dentro da carreira. Além disso, também verificou-se uma migração mais intensa de profissionais das faixas iniciais para as intermediárias, e assim sucessivamente. Indicadores relativos ao Processo Avaliatório do triênio revelam que os dispositivos de promoção existentes na metodologia da carreira vigente beneficiaram cerca de 92% dos funcionários, porcentual altamente expressivo. Também passamos a premiar anualmente os funcionários técnicos e administrativos que mais se destacam em todas as unidades e órgãos da Unicamp.
Universalizamos o valor do auxílio-alimentação. O benefício, que antes favorecia apenas 2 mil dos cerca de 7 mil funcionários, foi estendido para todos, incluindo docentes e não-docentes. Os valores do benefício também foram reajustados de maneira significativa. Antes, os valores variavam de R$ 250,00 a R$ 520,00. A partir de junho de 2012, todos os profissionais da Unicamp passaram a receber R$ 600,00, valor que foi reajustado para R$ 720,00 a partir de fevereiro de 2013.
Infraestrutura do campus
Ao longo desses quatro anos, investimos pesadamente em infraestrutura básica, incluindo ruas, parte hidráulica e parte elétrica, em todos os campi da Universidade, e também em novas construções, reformas e ampliações de espaços já existentes. Entre as obras de maior relevância, cito a consolidação do campus da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira; a continuação da construção do novo prédio do Instituto de Geociências (IG) e o início da construção do teatro do Instituto de Artes (IA); a reforma do ginásio e de todas as quadras da Faculdade de Educação Física (FEF); a revitalização da Praça do Ciclo Básico; a construção do Museu de Artes Visuais da Unicamp; as reformas feitas no Hospital de Clínicas (HC), com destaque para a climatização de todos os consultórios médicos, que era esperada desde a fundação do hospital; a construção de dois Centros de Vivência no campus de Barão Geraldo, cada um com duas quadras de esportes, inaugurados entre o fim de março e o começo de abril; e a construção de mais dois restaurantes universitários: um em Limeira e outro em Campinas.
"Fizemos um
grande esforço
para melhorar a
qualidade de
vida e incentivar
a qualificação
dos funcionários
da Unicamp"
Infraestrutura de ensino e pesquisa
Os investimentos em infraestrutura para o ensino de graduação incluíram a reforma do Ciclo Básico II e a construção do Ciclo Básico III, que já estava prevista no projeto original da Unicamp. O novo prédio abrigará um complexo de laboratórios de ensino de uso compartilhado sem similares no Brasil, além de espaços idealizados para favorecer a socialização entre os alunos. Todos os laboratórios contarão com equipamentos de ponta e poderão ser adaptados para atender às necessidades de diferentes cursos de graduação. No que diz respeito à pesquisa, lançamos dois editais no valor total de aproximadamente 10 milhões para atualização e reforma de laboratórios já instalados.
Também inauguramos três importantes obras nos campi instalados em Limeira. Na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), foram entregues o prédio de Ensino II e a nova portaria de pedestres. O Campus I, que abriga a Faculdade de Tecnologia (FT) e o Colégio Técnico de Limeira (Cotil), ganhou uma nova portaria, com acessos a pedestres e carros. Na FCA, a principal obra inaugurada foi o prédio “Ensino II”, um edifício com 7,5 mil metros quadrados de área construída. É importante ressaltar que a Unicamp investiu cerca de R$ 28 milhões na FCA nos últimos anos. Destes, R$ 22 milhões saíram do orçamento da instituição. Somente na construção do prédio de ‘Ensino II’ foram investidos R$ 11 milhões.
Além disso, construímos mais dois grandes laboratórios no campus de Campinas. Um dos laboratórios em construção é o de Bioenergia, resultado de um convênio entre o governo de São Paulo, a Fapesp e as três universidades públicas estaduais. Esse laboratório integrará o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia e também receberá pesquisadores da USP e da Unesp. A outra obra inaugurada é a do Laboratório Central de Tecnologia de Alto Desempenho (Lactad), um laboratório multiusuário que desde o ano passado já presta serviços de análises de alta complexidade de forma descentralizada. Finalmente, temos o Laboratório Integrado de Pesquisa (LIP), que deverá ficar pronto daqui a um ano. Trata-se de um conjunto de três prédios projetados para suprir as necessidades de espaço para pesquisa de parte dos docentes da Universidade.
Pesquisa
Os investimentos em infraestrutura para pesquisa foram complementados por outras ações importantes, como o aperfeiçoamento do Programa de Auxílio à Pesquisa para o Docente em Início de Carreira (Papdic) e a criação do Programa de Auxílio ao Pesquisador em Início de Carreira (Pappic). Ambos os programas concedem uma ajuda inicial de R$ 15 mil a professores e pesquisadores recém-contratados que submeterem pedidos de auxílio à pesquisa a agências de fomento. Além do auxílio, o docente que tiver a concessão inicial do Papdic aprovada ainda conta com a concessão de bolsa de mestrado, no valor praticado pelo CNPq por até 24 meses, desde que esteja credenciado em programas de pós-graduação e tenha concessão de auxílio à pesquisa aprovada por agência de financiamento externa. O Papdic, que em 2009 apoiou 35 solicitações no valor total de aproximadamente R$ 260 mil, passou a apoiar 79 docentes em 2011, implicando um investimento de aproximadamente R$ 770 mil, o que correspondeu a 20% dos dispêndios dessa linha naquele ano.
Também reajustamos os valores do Auxilio-Ponte para estudantes em fase final da pós-graduação. Os vencimentos foram equiparados aos valores praticados pelo CNPq, com a bolsa de mestrado passando de R$ 750 para R$ R$ 1.350 e a de doutorado de R$ 1 mil para R$ 2 mil. Ampliou-se a duração máxima da bolsa de Jovem Pesquisador, que passou de três para seis meses, com o objetivo de atrair jovens pós-doutores para a Unicamp. Além do aumento no volume de recursos, a tramitação dos projetos ganhou velocidade. Hoje, o prazo médio de resposta a uma solicitação encaminhada ao Fundo de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão (Faepex) é de 45 a 50 dias, ao passo que nas agências externas esse tempo pode ultrapassar 90 dias.
Internacionalização
Trabalhamos intensamente para ampliar o grau de internacionalização da Unicamp, pois esse é um passo fundamental para que a Universidade atinja o mesmo nível de excelência das grandes universidades de classe mundial. Os resultados desse esforço já podem ser notados. Além de ter havido um incremento no intercâmbio de alunos de graduação, de pós-graduação e de professores, o número de visitas de delegações de universidades estrangeiras interessadas em firmar convênios e estabelecer parcerias com a Unicamp cresceu consideravelmente nos últimos anos. Um dos exemplos do reconhecimento internacional da posição da Unicamp como uma universidade de ponta foi seu ingresso, em março de 2012, como o 19º membro – e o primeiro na América Latina – da Worldwide Universities Network (WUN), uma das mais renomadas e seletas redes de universidades do mundo. Das 18 universidades que compõem a WUN atualmente, cinco estão no Reino Unido e quatro, nos Estados Unidos. O Brasil é o terceiro país emergente com um representante na rede.
Uma das iniciativas mais importantes foi a implantação do Programa Professor Visitante do Exterior, para atrair pesquisadores brasileiros ou estrangeiros com experiência internacional. A Unicamp, a exemplo das maiores universidades do mundo, também implantou em 2010 o seu Centro de Estudos Avançados (CEAv) para desenvolver atividades de apoio a discussão e pesquisas transdisciplinares de alto nível nas ciências e humanidades, lidando com temas relevantes para o presente e o futuro do Brasil.
Arte e cultura
Procuramos dar continuidade aos grandes programas já estabelecidos de promoção da arte e da cultura, como a Agenda Cultural da Unicamp, aprovada antes do início de cada ano, e o Programa Artista Residente, que já trouxe artistas das mais variadas áreas para diferentes unidades de ensino e pesquisa, com excelentes resultados. Ao mesmo tempo, criamos a Comissão de Ação Cultural com a finalidade de avaliar a política artística e cultural da Universidade e propor novas ações para essas áreas. Com base nos trabalhos da comissão, criamos o Programa Aluno-Artista, hoje vinculado ao Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), e o Programa Arte no Campus, que leva espetáculos artísticos a diversas partes da Universidade.
Também considero importante a implantação da Estante Literária, iniciativa inédita que tem como objetivo incentivar a leitura entre os estudantes. Os dez melhores leitores da Universidade passaram a ser premiados. É uma contribuição importante para o incentivo à formação de uma cultura geral. Merece menção, ainda, a extensa programação cultural feita pela Pró-Reitoria de Extensão, principalmente na Casa do Lago e no Centro de Inclusão Social, o CIS-Guanabara. Outra contribuição importante da Comissão de Ação Cultural foi a proposta de criação do Museu de Artes Visuais da Unicamp, já em fase de implantação. Também devemos destacar a construção do Teatro Escola, vinculado ao Instituto de Artes, e que terá 5,7 mil metros quadrados.