Maria Loffredo explica que as causas deste tipo de fratura ainda não são conhecidas, assim como não há um fator de risco a ser apontado. O que se sabe é que o treinamento intensivo pode gerar micro-trincas na cortical óssea. A propagação dessas micro-trincas pode evoluir com a continuidade de tensões aplicadas no membro, causando sua fratura sem que ocorra qualquer incidente violento. A pesquisa mostrou, em resumo, que em períodos de treinamentos agudos é recomendável um espaço de tempo com menor intensidade de exercícios. Na prática de atividades físicas por 11 semanas, por exemplo, diminuir o grau de força empenhada ao atingir seis semanas pode diminuir a possibilidade de evitar a fratura por fadiga, segundo constatou a fisioterapeuta, o que também está de acordo com a literatura que ela pesquisou.
“O osso humano possui uma maneira peculiar de constituição de suas propriedades mecânicas. Quanto mais realizamos atividades físicas, mais forte o osso fica forte”, lembra Maria Loffredo. Nesse sentido, as micro-trincas não constituiriam necessariamente em problema, pois o osso possui um processo natural de remodelamento, depositando novo tecido ósseo nesses pontos. A questão é que em certos casos existe um aumento excessivo de carga e, dependendo da característica física da pessoa, pode acontecer o rompimento. Por isso, os ensaios realizados foram significativos.
Durante a pesquisa, realizada em três laboratórios da FEM, foi possível identificar as propriedades mecânicas do osso cortical em condições que se aproximam das tensões geradas nas atividades físicas. Usou-se o osso bovino porque suas características são próximas à do osso humano. Os ensaios implicaram na flexão em três pontos para verificar o módulo de ruptura e o módulo de elasticidade do osso. “O ensaio de tenacidade à fratura também foi conduzido por meio do ensaio de flexão em três pontos em ossos bovinos, com um entalhe pré-usinado”, explica.
Implantes No Brasil, os trabalhos realizados nesta área ainda são incipientes. A dissertação de mestrado intitulada “Resistência mecânica e tenacidade à fratura do osso cortical bovino”, apresentada na Faculdade de Engenharia Mecânica e orientada pelo professor Itamar Ferreira, representa apenas os primeiros passos. Com recursos do CNPq, Maria Loffredo iniciou os trabalhos em agosto de 2004 e conclui que ainda há muito a ser pesquisado sobre o tecido ósseo. Ela sugere o aproveitamento de seus dados na confecção de implantes ortopédicos uma fábrica poderia montar próteses com propriedades semelhantes ao osso, capazes de receber e redistribuir tensões ao longo dos membros afetados, garantindo ainda a mesma eficiência dos movimentos.