| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 334 - 21 a 27 de agosto de 2006
Leia nesta edição
Capa
Medicina Integrativa
Cartas
História do IFGW
Educação
20 anos de vestibular
Desgaste
Prevenção dos cânceres
Jambolão
150 anos de Freud
Painel da semana
Teses
Livro
Destaques do portal
Encontro de pós do IFCH
Transtornos alimentares
Fotojornalismo opinativo
 

8

Pesquisadora descobre
propriedade nobre no jambolão

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A professora Adriana Rossi e Daniella de Campos: propriedades antioxidantes no jambolão (Foto: Antoninho Perri)No Rio de Janeiro do final do século 19, dezenas das árvores frondosas que produzem o jambolão, uma fruta originária da Índia e que se adaptou muito bem no Brasil, foram removidas da área urbana e banidas da cidade. Motivo: o pigmento roxo-avermelhado da fruta manchava as barras dos vestidos das damas da elite carioca e desfigurava os tapetes que adornavam suas luxuosas residências. É verdade que para muitos o jambolão não possui atrativos, principalmente na região Sudeste. Alguns que a experimentam torcem o nariz, talvez pelo sabor adstringente. Outros a confundem com a azeitona preta por causa da forma e cor.

Nos laboratórios do Instituto de Química, no entanto, pesquisadores encontraram uma qualidade nobre no jambolão, que como a jabuticaba, amora e uva, possui em sua pigmentação substâncias denominadas antocianinas, presentes em geral nas frutas e flores cujas cores são o roxo ou vermelho. Já é descrito na literatura o potencial das antocianinas para uso como corantes em alimentos. Também possuem propriedades antioxidantes que representam potencial ação sobre os radicais livres. O que não se sabia é da sua ação em células tumorais leucêmicas.

Pesquisa de mestrado de Daniella Dias Palombino de Campos, orientada pela professora Adriana Vitorino Rossi, do IQ, e co-orientada pelo professor Hirsoshi Aoyama, do Instituto de Biologia, trouxe as primeiras pistas para uma investigação mais específica dessa propriedade do jambolão, diferenciada de muitos estudos que focalizam a extração, purificação e caracterização dos extratos. Daniella realizou os testes em culturas de células e, em escala laboratorial, constatou que o extrato do jambolão, contendo antocianinas, levou à morte uma média de 90% das células leucêmicas. Os testes foram feitos em paralelo com células sadias e, neste caso, em apenas 20 % houve morte celular.

A despeito da ação menor sobre as células sadias, o efeito sobre as células tumorais é muito significativo. “Utilizamos diferentes concentrações do extrato e chegamos a um ponto ideal. Mas outros estudos são necessários para esclarecer os mecanismos envolvidos”, explica Daniella de Campos. Para os ensaios biológicos, a pesquisadora contou com a colaboração da professora Carmem Verissíma Ferreira, do Laboratório de Bioquímica do IB.

Outra questão a ser considerada é a disponibilidade da fruta em várias regiões brasileiras, além da abundância de frutificação. Seu consumo, no entanto, é muito pouco disseminado e é comum encontrar as frutas caídas das árvores no estado de São Paulo. Sua popularidade é maior e o sabor mais apreciado na região Norte, onde o jambolão é conhecido por azeitona. Frutas contendo antocianinas são objeto de estudo do grupo da professora Adriana Vitorino Rossi desde 1998, quando começaram os primeiros trabalhos para experimentos didáticos. De lá para cá surgiram muitos resultados, que renderam inclusive uma maior aproximação com a indústria por meio de convênio. No momento, as pesquisas do grupo concentram-se em desenvolver e caracterizar extratos para aplicação industrial.

.

SALA DE IMPRENSA - © 1994-2005 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP