Bittencourt, escolhido como diretor do consórcio, está envolvendo doutorandos, mestrandos e alunos de iniciação científica da FEM em cinco projetos três de interesse de cada uma das empresas e outros dois de interesse comum. “As empresas também participarão com seus profissionais na execução dos projetos. A Mahle e a Krupp são da área de auto-peças e a Embraco é fabricante de compressores para refrigeradores. Elas têm grande interesse na engenharia assistida por computador, pois o ciclo de desenvolvimento de um produto tornou-se bastante reduzido. Os novos veículos e eletrodomésticos, por exemplo, têm sido lançados a cada seis meses”, afirma o professor.
Projetos Segundo Marco Bittencourt, o projeto com a Mahle-Metal Leve, fabricante de bielas e pistões, envolve o desenvolvimento de um software para análise do circuito de lubrificação de motores. Devido aos requisitos da legislação internacional e brasileira no controle da emissão de poluentes, o problema de lubrificação torna-se mais importante. “Para diminuir a emissão é preciso, basicamente, melhorar a eficiência na queima do combustível, o que implica em níveis cada vez maiores de pressão no motor e torna crítico o problema da lubrificação. O programa oferecerá parâmetros de temperatura e pressão em vários pontos do circuito de lubrificação do motor”, explica.
Para a Thyssenkrupp, por sua vez, interessa estudar o comportamento do virabrequim em relação à vibração e otimização estrutural. A Embraco, que já investe muito em pesquisas sobre a eficiência térmica de seus compressores, agora está preocupada com a integridade estrutural de seu produto. “O objetivo é determinar o comportamento estrutural da carcaça do compressor quando submetido a carregamentos de impacto, como ocorre em uma queda durante o transporte. Testes de impacto são realizados em produtos como câmeras fotográficas, celulares, computadores”, ilustra.
Um dos projetos comuns com as três empresas é a avaliação da performance de aplicativos de engenharia na arquitetura de clusters de computadores. “Colocando-se vários computadores configurados em paralelo, diminui-se muito o custo em comparação à aquisição de um computador de alta performance, além de tornar mais fácil a configuração do cluster”, afirma. O último projeto se refere a um portal na Internet, nos quais alguns aplicativos de engenharia poderão ser compartilhados por pesquisadores e profissionais das empresas. “Por demandarem maiores recursos computacionais, os pacotes de engenharia não podem ser usados através da Internet. Estamos implementando alternativas que permitirão usar alguns recursos pela Internet. O objetivo é estruturar um laboratório virtual”, observa o pesquisador.
Recursos Bittencourt afirma que os convênios têm duração de três anos, com recursos de R$ 350 mil por ano R$ 150 mil pelas empresas e R$ 200 mil pela Fapesp, que poderá aportar mais R$ 100 mil anuais a partir de 2005. Pela Universidade, a intermediação do acordo se deu através da Agência de Inovação da Unicamp (Inovacamp), havendo ainda o suporte do Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Cenapad). Embora caiba ao professor da FEM o papel executivo, ele explica que todas as decisões sobre o consórcio partirão de um comitê formado por um representante de cada empresa e um da Unicamp. “Os resultados obtidos no primeiro ano é que levarão a parceria adiante. O objetivo da Fapesp é o de servir mais como indutora do processo, na expectativa de que depois de seis anos o consórcio seja auto-suficiente”, conclui.