Mestrandos da FEM se destacam no 6º Prêmio Petrobras de Dutos
RAQUEL DO CARMO SANTOS
A Unicamp conquistou duas dentre as três premiações, na categoria mestrado, do 6º Prêmio Petrobrás de Tecnologia de Dutos. Os trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) ficaram com o primeiro e terceiro lugares. Marcílio Haddad Andrino, o primeiro colocado, orientado pelo professor Auteliano Antunes dos Santos Jr., recebeu troféu, diploma, uma quantia em dinheiro e uma bolsa do CNPq para realizar pesquisa de doutorado sobre “Sistema ultra-sônico para determinação de tensões residuais em dutos petrolíferos”. O terceiro colocado foi o colombiano Robert Eduardo Cooper Ordóñez, com o estudo sobre “Soldagem e caracterização das propriedades mecânicas de dutos de aço API 5L-X80 com diferentes arames tubulares”, o que também lhe valeu uma bolsa de doutorado. Ordóñez, que retornou a seu país após a apresentação da dissertação, foi representado por sua orientadora, professora Roseana da Exaltação Trevisan. Sebastian Cravero, da USP, ficou com o segundo lugar.
Na cerimônia do dia 1º de julho, na FEM, o coordenador do Programa Tecnológico de Dutos da Petrobrás, Carlos Soligo Camerini, adiantou que o sistema de premiação mudará a partir do próximo ano, envolvendo também as áreas de exploração, recuperação avançada, produção, refino e petroquímica, transporte de petróleo e derivados, produtos, gás, energia e segurança operacional e preservação ambiental, ganhando a denominação mais ampla de Prêmio Petrobrás de Tecnologia. O vice-reitor da Unicamp, professor José Tadeu Jorge, procurou enaltecer o conhecimento gerado no campus. “Nosso objetivo é formar profissionais mais competentes e qualificados. Esta cerimônia demonstra que estamos conseguindo cumprir nosso papel”, disse.
Tensões O vencedor Marcílio Andrino afirma que sua pesquisa pode ajudar a minimizar os prejuízos causados pelas tensões residuais em dutos petrolíferos, ao propor um sistema ultra-sônico para a determinação dessas tensões na soldagem que acaba, em muitos casos, resultando em rompimento da tubulação. “Utilizamos aparelhos que emitem pulsos mecânicos a partir de excitação elétrica para calcular o tempo de percurso de ondas em tubulações de gases de derivados de petróleo. Desta forma, pode-se estimar as possíveis tensões e compará-las com os valores limites, tornando esse meio de transporte mais seguro”, explica.
O estudo contempla, ainda, o desenvolvimento de sapatas para acomodação dos transdutores e um software para os cálculos específicos. Já matriculado no doutorado, Marcílio pretende desenvolver um transdutor específico que gere várias ondas e seja controlado por programa de computador. Segundo o orientador da pesquisa, professor Auteliano Santos Junior, o estudo financiado pela Fapesp e Finep, juntamente com o trabalho de um outro orientado, o aluno Sidney Felix Caetano, coloca a Unicamp na vanguarda sobre pesquisas na área de inspeção não-destrutiva.
Soldagem Ao comentar o trabalho do orientado Robert Ordóñez, a professora Roseana Trevisan explica que a soldagem manual realizada por mão-de-obra especializada em dutos petrolíferos não é tarefa fácil. “Os trabalhadores enfrentam diversas dificuldades para cumprir o trabalho repetitivo, muitas vezes debaixo de sol e chuva, quando não submersos. Produtos para automatizar o processo são colocados no mercado a cada ano, mas ainda despertam muitas dúvidas”, observa. A contribuição dessa pesquisa, segundo a professora, foi o de caracterizar a soldagem automatizada feita com arame tubular (API X80), método promissor que tem potencial para substituir a soldagem manual. Roseana Trevisan, que nos últimos anos vem orientando pesquisas sobre solda a arco com arame tubular, acrescenta que o transporte do petróleo através de dutos é o meio mais barato, mas que deve ser realizado com confiabilidade e segurança operacional para evitar prejuízos econômicos e ambientais.