As notícias publicadas por Jerry Smith em seu livro “Armas Eletromagnéticas: seria o projeto Haarp uma ameaça mundial?” são propagadas no Centro Universitário Maria Antônia, na USP, pela Haarp Radio, uma instalação do artista e professor da Unicamp Marco do Valle. A obra é inspirada no polêmico Programa de Pesquisa de Ativação de Alta Freqüência Auroral (Haarp), de Jerry Smith, localizado no Ártico. A intersecção entre ciência e arte é notória na obra de Valle, que tem todo o trabalho fundamentado em evidências científicas. A rádio instalada no Maria Antônia é uma versão reduzida da estrutura criada no Ártico, mas permite também refletir sobre a sobrevivência humana no meio das tecnologias.
Trata-se da arte difundindo a pesquisa em radiociência e em comunicação. No interior de uma gaiola de Faraday que impede a propagação de ondas eletromagnéticas , o artista coloca uma rádio, equipada com um transmissor de pequena potência. Na sala de exposição, uma ilha eletromagnética, permite a propagação dos textos de Jerry Smith. A obra fica completa com a utilização de objetos de luz fluorescente para mostrar, de forma sutil, fotografias de Nikolas Tesla, do transmissor de ondas eletromagnéticas e das antenas do projeto Haarp. O trabalho contou com a participação dos professores José Mário de Martino e Afonso de Oliveira Alonso, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).
Marco do Valle afirma que, apesar de não querer contribuir para o ativismo contra o ousado programa de Smith, tem a expectativa de alertar para a ânsia humana de intervir na natureza. O professor explica que, enquanto defensores do Haarp argumentam que Smith buscou um instrumento de investigação da natureza e do sistema da atmosfera superior, ativistas e cientistas acreditam na utilização do programa para manipulação da natureza, com o poder de gerar desde uma modificação ambiental ionosférica até armas eletromagnéticas, guerra nas estrelas, terremotos sob medida e perturbações atmosféricas, conhecidas como efeito Tesla, por causa das experiências iniciadas por Nikola Tesla para transmitir energia elétrica sem fio na passagem do século 19 para o 20.
Antenas gigantes Enquanto Marco do Valle iniciava suas experiências com uma exposição chamada Gaiola de Faraday, em 1997, os Estados Unidos começavam a construção do Haarp. O artista pretendia criar um lugar de isolamento ao controle mental emanado por ondas eletromagnéticas, imaginando os polorizadores de assuntos controladores, como transmissores de rádio, televisão e comunicação.
O Haarp norte-americano consiste numa grande instalação científica destinada ao estudo da física solar-terrestre e da atmosfera superior, e também a pesquisas de radiociência e comunicações. O projeto se compõe de um transmissor de rádio de arranjo fásico de alta freqüência, que é um campo de torres, cada uma com 21, 9 metros de altura e duas antenas dipolares no topo. Abaixo e entre as torres há redes de arame (gaiola de Faraday), destinada a emitir para cima qualquer transmissão de rádio e de antena que infiltre para o solo. Por baixo das redes, há um conjunto de prédios, chamados “abrigos” para radiotransmissores. Todos esses elementos, interligados, agem como uma gigantesca antena de transmissão.