Será iniciada já nesse segundo semestre a Cátedra Memorial da América Latina, com a vinda de um eminente pesquisador para promover cursos junto a estudantes de pós-graduação e de extensão das três universidades públicas paulistas Unicamp, USP e Unesp , cooperar com docentes e pesquisadores, ministrar palestras ao público em geral, contatar empresas e repassar seus conhecimentos também através da mídia. “Desafios para a integração da América Latina” é o dístico que regerá a cátedra, lançada oficialmente no dia 11 de maio, em cerimônia no Memorial que contou com as presenças de seu presidente Fernando Leça, dos reitores José Tadeu Jorge (Unicamp), Suely Vilela Sampaio (USP) e Marcos Macari (Unesp), dos secretários estaduais Maria Lúcia Vasconcelos (Educação) e João Batista de Andrade (Cultura), e do governador Cláudio Lembo.
Segundo Fernando Leça, a criação da cátedra foi proposta pelos reitores das três universidades no dia em que tomou posse como presidente do Memorial, em 1º de março de 2005. “Precisamos formar uma matriz de pensamento sobre a América Latina, criar especialistas”, afirma. “É de se prever que das atividades da cátedra nascerão linhas de pensamento consistentes para a formulação de estratégias políticas, econômicas e culturais úteis à construção do desenvolvimento de toda a comunidade latino-americana e do Brasil de forma especial”, endossa a reitora Suely Vilela, da USP.
“A cátedra vem reforçar a vocação natural das universidades públicas de São Paulo para a reflexão sobre a realidade latino-americana, permitindo que novas formas de pensar abram horizontes no campo da educação, da cultura e do desenvolvimento humano”, diz o reitor da Unicamp José Tadeu Jorge. “Dentro de um cenário de internacionalização da educação, a cátedra se reveste de extrema importância para nossas universidades, pois ampliará o intercâmbio entre elas e entre o ensino superior da região, tratando de temas contemporâneos relevantes, completa o professor Marcos Macari, reitor da Unesp.
A comissão “A cátedra é um programa que terá sua base no Memorial e a orientação acadêmica das três universidades paulistas. A referência será sempre a América Latina, com temas diversos como meio ambiente, ciência e tecnologia, economia, cultura e política”, informa o coordenador da cátedra, professor Eliézer Rizzo de Oliveira, que se aposentou na Unicamp e há mais de um ano dirige o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL) do Memorial. Segundo o coordenador, a cátedra é dirigida por uma comissão de orientação formada por representantes (um titular e um suplente) de todas as partes, com a participação, também, da Secretaria de Ciência e Tecnologia, da Secretaria da Cultura e da Fapesp.
Esta comissão se reuniu pela primeira vez no dia 30 de junho, quando definiu três áreas de atuação para este primeiro momento: economia tratando dos modelos de desenvolvimento dos países latino-americanos, do desafio do meio ambiente e da questão de produção e distribuição de energia; política sob um viés institucional (estados, regimes, políticas, segurança pública, defesa nacional) e outro societário (visando a compreensão e incorporação dos movimentos sociais, como a nova e forte presença das manifestações indígenas); e a cultura abordando a educação e o ensino de línguas originais, bem como sua preservação e difusão.
“Ainda em julho, os representantes da comissão sugerirão nomes e instituições para escolhermos um tema específico, quando então iniciaremos um processo de busca internacional, divulgando a cátedra através das pró-reitorias, setores de cooperação internacional das universidades, Fapesp, secretarias estaduais e o próprio Memorial. Em princípio, o primeiro catedrático virá do exterior”, adianta Eliézer de Oliveira. O professor ressalta a preocupação de que a cátedra dê conta não apenas de questões teóricas, mas também de situações concretas da vida das populações e dos problemas que os países latino-americanos enfrentam.
Financiamento O coordenador do projeto afirma que, embora o valor ainda não esteja definido, o catedrático receberá uma bolsa atraente, em nível internacional, e inclusive seguro saúde, além da hospedagem que será garantida pelo Memorial da América Latina e eventualmente pela universidade onde o convidado estiver atuando. Seu tempo de permanência dependerá do programa, mas este deverá caber em um semestre letivo. O financiamento da cátedra virá da cotização de empresas, prevendo-se que pelo menos 20 das 400 que estão sendo contatadas contribuam com 10 mil dólares anuais (Banco Itaú e Energias do Brasil já aderiram).
Ao pesquisador será oferecida a estrutura física do Memorial (equipamentos e salas) para conferências, entrevistas e reunião com convidados. Em contrapartida, ele deverá entregar um texto ou ensaio sobre sua produção no programa, e permitir que suas conferências possam ser traduzidas em vídeo e disponibilizadas para centros de pesquisa e universidades da América Latina. “Paralelamente, podemos trazer nomes importantes para falar de temas específicos ao grande público, como por exemplo, da crise dos partidos políticos ou de literatura latino-americana”, diz Eliézer de Oliveira.
Outra característica da cátedra é que ele também valerá para alunos. “Vamos procurar estudantes de pós-graduação de países da América Latina que queiram seguir disciplinas e conhecer o Brasil. A idéia é oferecer ao aluno, de qualquer área, uma imersão em cultura e política latino-americanas e também brasileiras”, assegura o coordenador, acrescentando que a comissão está aberta a sugestões da comunidade acadêmica. Contatos podem ser feitos pelos telefones (11) 3823-4661/4662 e eliezer@memorial.sp.gov.br