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Campinas, junho de 2001 - ANO XV - N. 163.........
     
   
 

O fascínio das Máscaras


ANTÔNIO ROBERTO FAVA

s primeiras máscaras surgiram entre os séculos V a.C e V d.C, como artigo bastante utilizado nas primitivas manifestações dramáticas encenadas nos teatros greco-romanos e oriental. Os atores cobriam o rosto ou parte dele, na caracterização de suas personagens. Ao longo dos tempos, passaram a servir também como peça de adorno e até hoje despertam fascínio.

Em Veneza, por volta do século 15, acontecia a primeira manifestação popular tendo a máscara como recurso para disfarce ou dissimulação. Chamaram-na Bell Masquê. Num período de divergências políticas e constantes conflitos sociais, a população passou a recorrer às máscaras para tentar esconder-se. Dos grandes bailes de gala, tea-tros e o carnaval de rua, esseS apetrechos tornaram-se também peças decorativas, fazendo surgir uma das principais atividades econômicas da região de Veneza.

O ritual alastrou-se, ganhou continentes e chegou ao Brasil. Reproduções estilizadas da face humana ou animal – esculpida em barro, madeira, cortiça, papelão, guarnecida de pêlos, cores e outros enfeites –, aS máscaraS despertavaM nos usuários a crença de efeitos mágicos. Místicas, enriqueciam rituais, identificavam raças.

Faces - Não com esses propósitos, evidentemente, sete estudantes de artes plásticas da Unicamp juntaram-se para participar da exposição Faces, na qual mostraram 35 máscaras de diversos tamanhos, tendências e estilos. Juliana Kataguini, Caroline Barbosa de Oliveira (Cal), Cristiane Motta, Fernanda Dodi, Fraya Boteman, Carina Thadeu e Deyze Argento formam o grupo que expõe as peças na escola de idiomas In Touch, na Cidade Universitária São máscaras indígenas, rituais ou para simples decoração.

A idéia de participar da mostra surgiu quase que por acaso, mais pela intimidade, semelhanças e propósitos de trabalho das estudantes, quase todas na mesma série no Instituto de Artes. A maior parte dos trabalhos é fruto de pesquisa, dentro e fora da Universidade. “Prática também adquirida com o passar do tempo e que a gente foi aplicando num constante processo de evolução, com o objetivo de buscar novas técnicas e estilos de trabalho”, diz Juliana Kataguini.

Quase todas as máscaras têm como modelo as próprias artistas. Como as de Caroline, feitas de papel colado, machê e tinta acrílica. “Primeiro passa-se uma mão de vaselina no rosto, para não grudar. Em seguida, junta-se uma camada de gesso e espera-se uns três ou quatro minutos para secar. Retira-se o molde negativo, obtendo o positivo. Depois preenche-se com gesso a matriz da peça”, explica.
Em todas as máscaras – rostos de diversos tamanhos, formatos e cores – existe a possibilidade de salientar alguns elementos, como bochechas, nariz, queixo e orelhas, segundo acrescenta Cristiane Motta. Inclusive em chapéus ou outros enfeites, como nas peças de Fernanda Dote. Cada uma delas seguiu pelo caminho que melhor lhe aprouvesse. Como Caroline e Fraya Bateman, que optaram pelas máscaras primitivas. Outras escolheram as rituais ou mistas.

Místicas – As máscaras têm o poder místico de dar vazão a alegria, tristeza, revelar ou ocultar sentimentos. No Egito antigo eram colocadas nos rostos dos mortos para ajudá-los na arriscada passagem à vida eterna. Gregos e romanos exibiam-nas em cerimônias religiosas. Na China, afastavam maus espíritos.
Para as artistas da Unicamp, é puro processo de criação. “Quando começo uma peça, não penso no que vai dar. Principalmente quando o trabalho é em argila, que aos poucos vai lhe sugerindo formas e mostrando plasticidade. Quando você vê, a peça está pronta”, conta Caroline.

O tempo que se demora para concluir uma peça depende de cada técnica e da figura. Uma máscara confeccionada de papel colado pode ficar pronta em dois ou três dias e até em semanas, como a Felicidade no mundo-chamas, de papel colado, ou Felicidade no mundo-negro, de Cristiane Motta, de papel machê.
Caroline costuma dizer que em artes plásticas não se perde nada, nada se joga fora. Juliana e Cristiane endossam a afirmação, pois nesta profissão aprende-se a correr atrás de todo tipo de lixo: metal, papel, isopor e outros materiais encontrados na rua. Uma máscara chamada Dayse Argento, por exemplo, é confeccionada com conchas do mar e fitas magnéticas de cassete. “Até pauzinho de churrasco pode servir para alguma coisa”, finaliza Cristiane.

 

 
 
 
 

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