RAQUEL DO CARMO SANTOS

O Programa do Artista Residente da Unicamp, uma das iniciativas mais significativas no âmbito das políticas culturais e que já trouxe para a convivência universitária nomes como Fernando Morais, Ruy Castro e Lélia Abramo, vai entrar em nova fase. O relançamento faz parte das atividades relativas ao Ano 40 da Unicamp e reforça a contribuição da Universidade no fomento à produção artística e intelectual brasileira. “Trata-se de uma troca de experiências fundamental para a diversidade cultural existente na instituição. Os profissionais que por aqui passaram colaboraram de forma qualificada para o desenvolvimento de práticas culturais”, destaca o coordenador da Comissão do Artista Residente, professor Eduardo Guimarães.

A escolha do artista será feita pela comissão do programa e baseada em pareceres de especialista das áreas correlatas. O profissional selecionado terá o prazo de cinco meses – de agosto a dezembro de 2006 – para desenvolver o projeto, período em que receberá uma bolsa, com recursos provenientes do Planejamento Estratégico Institucional (Planes) para o desempenho das funções. O resultado será conhecido no dia 24 de julho, quando o artista assinará um contrato com a Unicamp sem, contudo, estabelecer vínculo de natureza administrativa e de representação. Mesmo o prazo estipulado para as atividades não poderá exceder cinco meses. As propostas devem ser entregues ou enviadas pelo correio ao endereço: Universidade Estadual de Campinas – Programa do Artista Residente/Reitoria – Caixa Postal 6194 – CEP 13083-960 – Campinas, SP.

Relançamento – Várias modificações em sua estrutura marcam a nova edição do programa, que estava suspenso havia quase 10 anos. Guimarães destaca a chamada através de editais com previsão orçamentária já estimada como uma das principais mudanças. Desta forma, explica, a permanência do artista na Universidade respeitaria os critérios específicos de cada edital, ao mesmo tempo em que caracteriza escolhas rigorosas, respeitando as condições de recursos financeiros. Segundo o coordenador da Comissão, a proposta contempla principalmente as áreas de Artes e Humanidades, mas não exclui a participação dos Centros e Núcleos e outras áreas da Universidade.

Outro aspecto a ser mencionado é o fato da proposta ter sido analisada e aprovada pela Câmara de Ensino e Pesquisa (Cepe) da Unicamp, através da deliberação CEPE 02/2006. O documento contém os parâmetros mínimos para as chamadas e revoga o conteúdo da Portaria GR 25/85, que institui o programa pelo então reitor José Aristodemo Pinotti.

Artistas – Entre alguns exemplos, Guimarães destaca a passagem do jornalista Ruy Castro. Enquanto artista residente na Unicamp, ele teria escrito o livro “O anjo pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues”, editado pela Cia. das Letras em 1982. A atriz Lélia Abramo, conhecida não só por sua performance artística, mas também pelo seu engajamento político no Brasil e na Itália, também participou do programa. Lélia proferiu palestras e trouxe contribuições importantes para a pesquisa universitária. O escritor Fernando Morais foi outro profissional que passou pela Unicamp e deixou sua marca. Artistas plásticos como Ricardo Basbaum e João Baptista Aguiar promoveram, entre outras atividades, o evento “Vai Rolar”, desfilando com uma bola gigante pelas principais ruas do campus.