Graziella Antonio desenvolveu a novidade graças a dois processos: a secagem denominada HTST (High Temperatura Short Time), em que fatias de batata doce são submetidas a alta temperatura por um período curto de tempo; e a secagem convectiva, que possibilita a produção do salgadinho crocante em cerca de uma hora. A engenheira produziu quatro produtos diferentes até chegar ao salgadinho mais apreciado na análise sensorial, onde provadores avaliaram cor, sabor e textura. Para obter o produto desejado, a pesquisadora utilizou a temperatura de 160°C por 22 minutos, o que possibilitou a selagem dos poros da hortaliça para impedir a saída do vapor. Esse vapor no interior da fatia força as paredes de dentro para fora, provocando o efeito puffing (aumento de volume) e dando o aspecto estufado, semelhante aos salgadinhos do tipo cheetos.
Graziella Antonio optou pela batata doce porque é a sexta hortaliça mais plantada no Brasil e quarta em consumo. Encontrada em abundância em todas as regiões do país, sua produtividade só não é maior porque, como outros cultivares, muitas vezes é plantada de maneira informal. “Muitos produtores dedicam pequenos espaços à cultura, uma vez que o plantio não requer altos investimentos ou tecnologia avançada”, comenta.
A pesquisadora levou mais de dois anos para chegar ao processo ideal de secagem, que é diferente do método conhecido como extrusão. A extrusão é empregada na produção de macarrão e salgadinhos crocantes, mas suprime da matéria-prima grande parte das vitaminas, exigindo o acréscimo delas no processo. “A vantagem da secagem adotada é justamente de preservar proporções consideráveis de vitaminas e minerais presentes na batata doce, e ao mesmo conservar o produto sem a necessidade de refrigeração, o que também diminui o custo em transporte”, argumenta.
Segundo Graziella Antonio, a batata doce in natura possui 420 miligramas de potássio por 100 gramas; submetida à secagem para produção de snacks, essa concentração alcançou até 973 miligramas, mais que o dobro. No caso dos carotenóides, a proporção não foi muito diferente: concentração de 0,682 miligrama em 100 gramas da hortaliça in natura e, após a aplicação do processo, de 1,02 miligrama.