| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 327 - 12 a 25 de junho de 2006
Leia nesta edição
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Artigo: Walter Belik
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PAAIS
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Química das sensações
Engenharia Química
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Salgado de batata doce
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Formigas lava-pés
Ribeira de Iguape
 

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Breve história de uma
famosa marca de cerveja

O economista Rodrigo Semenichin: procurando entender o contexto da produção e do consumo da cerveja no Brasil  (Foto:Divulgação)Muita gente não sabe, mas antes de se tornar famosa por sua cerveja, a Antarctica era uma produtora de presunto e outros derivados de carne de porco. Era também produtora de gelo, “primeira do gênero no Império” (1885), daí o nome do continente gelado. Poucos sabem, também, que o intuito da cervejaria ao criar nos anos 1900 um espaço de convívio e lazer, o Parque Antarctica de São Paulo (que atualmente abriga o estádio de futebol do Palmeiras), era para tornar a bebida popular. Conseguiu, pois uma multidão corria ao Parque da Antarctica nos finais de semana e feriados. Ali havia bosques, pavilhões rústicos lembrando a Alemanha (terra da cerveja), pista de esportes, carrossel e restaurantes.

Nome vem da fabricação
de gelo e não da bebida tão popular

Estas são algumas curiosidades com que o economista Rodrigo Semenichin deparou quando iniciou seu trabalho de mestrado no Instituto de Economia. Semenichin, orientado pelo professor José Jobson de Andrade Arruda e com financiamento da Fapesp, quis entender o contexto da produção e do consumo de cerveja no final do século 19 e início do século 20 (1891-1920), enfocando a história da Companhia Antarctica Paulista. A cervejaria não era a única, mas talvez a mais forte em termos de capital. Outras marcas da época eram a Brahma do Rio de Janeiro e a Bavária também de São Paulo (adquirida pela Antarctica em 1904).

O Parque Antarctica por volta de 1905: área de lazer criada para divulgar a cerveja (Foto:Divulgação)A partir de 1885, São Paulo viveu um cenário de inflação generalizada e o presunto, principal produto da Antarctica, seguiu a alta de preços. Em 1888, o cervejeiro alemão Luiz Bücher, interessado na produção de cerveja em baixa fermentação, propôs uma sociedade a Joaquim Salles, dono da fábrica dotada de água limpa e de frigoríficos para acondicionar a bebida. “O diferencial competitivo das cervejas de baixa fermentação frente às de alta fermentação estava na qualidade superior oferecida pela matéria-prima importada da Europa. Além do sabor, havia o maior tempo de validade, graças à estabilidade alcançada pelo processo de pasteurização. Foi isso que sustentou a Antártica no mercado, pois era possível transportar a cerveja para outros estados”, explica Rodrigo Semenichin.

Com sua compra por um grupo de investidores nacionais e estrangeiros, em 1891, os rumos da empresa mudaram definitivamente e surgiu a Companhia Antarctica Paulista. A primeira crise, no entanto, aconteceria apenas dois anos depois, em 1893, quando a oscilação do mercado cambial e a necessidade de importação de matéria-prima trouxeram sérios problemas para manter o ritmo da produção. Neste momento, outro alemão, Antônio Zerrener, proprietário de uma casa de importação, fez um acordo com os acionistas e passou a ter o controle de mais de 50% do capital da companhia, encabeçando a lista de acionistas pelo resto da vida. A participação da cerveja no mercado, neste período, aumentou significativamente até se tornar uma das bebidas mais populares do país. Num segundo momento, a Antarctica diversificaria seus investimentos, marcando os anos 20 com o início da produção de seu famoso guaraná.

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