| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 328 - 26 de junho a 2 de julho de 2006
Leia nesta edição
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Artigo: Rede de municípios
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Engenharia Civil
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A história da unidade que hoje leva projetos de saneamento, habitação e planejamento urbano para a região

Engenharia Civil, uma faculdade
inserida no cotidiano da população

Pedro Moraes Siqueira (esq) e Zeferino Vaz assinam convênio para projeto de drenagem de águas pluviais em Jundiaí. (Fotos: Acervo FEC/Antoninho Perri) O governador Abreu Sodré inaugura os primeiros edifícios da Faculdade de Engenharia de Limeira, em 15 maio de 1970 Os professores Baptiston Fernandes, Moura Castro, Ribeiro Lima, Ulysses de Miranda, Lopes de Moraes e Arruda Serra.

Os anos eram de chumbo, mas a determinação de fundar em Campinas uma universidade com alto grau de excelência no ensino e pesquisa era forjada no mais puro aço. Corria 1964, ano do golpe militar, quando o então governador de São Paulo, Adhemar de Barros, sancionou a lei que autorizava a implantação da Faculdade de Engenharia de Campinas, um dos pilares do projeto inicial do reitor Zeferino Vaz. Esta abrigaria inicialmente os cursos de graduação em Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. Dois anos depois, com a Unicamp já instalada, a Câmara de Ensino Superior aprovou a criação da Faculdade de Engenharia de Limeira (FEL), que entraria efetivamente em funcionamento em fevereiro de 1969, oferecendo o curso de graduação em Engenharia Civil. Estavam plantadas, assim, as bases da atual Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), unidade cuja produção acadêmica encontra forte inserção no cotidiano da população da região de Campinas.

Requena, o atual diretor: FEC passa por novo período de expansão físicaA missão de dar forma à FEL foi conferida por Zeferino Vaz ao professor Pedro Moraes Siqueira, nomeado diretor da unidade em 1967, portanto dois anos antes da sua efetiva criação. Siqueira, engenheiro civil por formação, exerceu o cargo até 1975. Inicialmente, ele elaborou uma série de relatórios justificando a viabilidade de implantação da faculdade. Um dos argumentos dizia respeito à carência de mão-de-obra qualificada no mercado. Nos documentos, o diretor enfatizava a necessidade de estabelecer um modelo de ensino que resultasse numa sólida e ampla formação dos jovens profissionais. Em janeiro de 1969, a proposta foi aprovada pelo Conselho Diretor da Unicamp, precursor do atual Conselho Universitário (Consu). Dois meses depois, o governador que finalmente autorizou a instalação da FEL era Roberto Costa de Abreu Sodré.

Improviso – No começo, o improviso marcou as atividades da unidade. O curso foi alojado em três salas cedidas pelo Colégio Técnico de Limeira (Cotil), que abrigavam respectivamente diretoria, secretaria e sala de aula. Os primeiros edifícios próprios, projetados pelo Escritório de Arquitetura Bross dos Santos & Leitner, só seriam inaugurados em maio de 1970, com a presença do governador Abreu Sodré, num evento que movimentou a cidade. A primeira turma de formandos, constituída por 31 alunos, concluiu o curso em 1971 e escolheu como paraninfo o sucessor de Abreu Sodré, Laudo Natel. Mas como um curso de cinco anos, criado em 1969, pôde formar engenheiros em apenas três anos? Explica-se. É que os dois primeiros anos do ciclo básico já haviam sido cumpridos no campus de Barão Geraldo, antes da constituição da FEL.

Entre os pioneiros da faculdade estavam nomes como os professores Gilson Baptiston Fernandes, Paulo Roberto de Moura Castro, Régis Latorraca Ribeiro Lima, José Ulysses de Miranda, Roberto Lopes de Moraes e José Luiz Fernandes de Arruda Serra. Estes se juntaram a outras figuras igualmente importantes para a consolidação da unidade, como Morency Arouca, Tioeturo Yagui, Edison Fávero, Dayr Schiozer, entre tantos outros, cujos nomes e realizações seria impossível listar. Com a graduação devidamente implantada e com a infra-estrutura física em franca expansão, a FEL deu início ao projeto de criação de cursos de pós-graduação.

As discussões tiveram início no final da década de 70, na gestão do professor Morency Arouca. Foi nessa época também que a unidade empreendeu esforços extras para contratar novos docentes com título de doutor, que pudessem se dedicar integralmente às atividades de ensino e pesquisa nos departamentos de Hidráulica e Saneamento, Engenharia de Transportes e Construção Civil. A implantação do primeiro curso de mestrado, porém, só ocorreu em 1985, na área de Recursos Hídricos e Saneamento. No mesmo ano, na gestão do reitor José Aristodemo Pinotti, foi instalada a Congregação da FEL, medida que contribuiu para o projeto de institucionalização da Unicamp.

Integrantes do Projeto Titam vão a campo e oferecem plantas para autoconstrução a famílias de baixa rendaPolêmica – A primeira grande polêmica envolvendo a unidade surgiu logo em seguida, em 1986, quando foram iniciados os debates sobre a transferência da faculdade para o campus de Barão Geraldo. Os defensores da proposta alegavam a necessidade de aproximar a Engenharia Civil das demais engenharias. Além disso, a medida contribuiria para um processo então em curso, que objetivava a maior integração entre as diversas áreas da Universidade. Como se não bastasse, a mudança também abriria espaço para a criação do Centro Superior de Educação Tecnológica (Ceset) em Limeira. Tais argumentos, porém, encontravam oposição. Havia uma corrente que considerava que a transferência seria problemática e não traria ganhos importantes para a FEL. A história acabaria por provar que estes últimos estavam equivocados.

Com a mudança da FEL para Campinas, ocorrida em 1989, houve de fato uma aproximação entre as engenharias, bem como destas em relação a outros segmentos, o que contribuiu para o avanço das atividades de ensino e pesquisa. Muitos estudos ganharam caráter multidisciplinar, condição que elevou os resultados da produção acadêmica. Um ano depois, a unidade teve a denominação alterada para Faculdade de Engenharia Civil (FEC). Na mesma ocasião, foi iniciado o processo de reestruturação do curso. O currículo passou por aprimoramento e a pós-graduação foi consolidada com a criação de um curso na área de Estruturas.

A partir daí, a unidade experimentou uma fase de franca expansão. As atividades acadêmicas atingiram um nível de excelência internacional, graças, entre outras iniciativas, à inauguração de modernos laboratórios. Durante os anos 90, novos cursos de pós-graduação passaram a ser oferecidos. Nessa época também foi criada a Empresa Júnior da FEC (Projec). Em 1999, fechando a década, a faculdade recebeu a primeira turma do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, o que deu um novo impulso às ações nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Decorrência direta dessa situação, a Congregação da FEC decidiu, em junho de 2003, alterar mais uma vez a sua denominação, passando a chamar-se Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. A sigla, entretanto, foi mantida.

Equipe da Projec, empresa júnior da FEC criada em 1991 para prestar serviços à comunidadeExpansão – Atualmente, sob a direção do professor João Alberto Venegas Requena, a FEC experimenta mais um período de expansão física, bem como uma fase de aperfeiçoamento das atividades de ensino e pesquisa. Estas, embora já tenham atingido um reconhecido grau de excelência, demandam medidas que assegurem a sua manutenção no tempo. Assim, estão em construção novas instalações que abrigarão salas de aula de informática e setor administrativo. Ademais, um novo currículo passará a vigorar a partir do ano que vem para os cursos de graduação. O objetivo é conferir maior flexibilidade à formação dos futuros profissionais, de modo que eles cumpram um núcleo básico e depois optem por um outro que dê ênfase a uma determinada especialidade. Ou seja, concluído o núcleo básico, o interessado poderá se especializar em mais de uma área posteriormente.

Esse modelo pedagógico, no entender do professor Requena, vai se constituir num diferencial do ensino praticado na faculdade, cujas atividades têm gerado impactos positivos para a sociedade, sobretudo na Região Metropolitana de Campinas. A partir de convênios e parcerias firmadas com prefeituras e órgãos públicos, a FEC tem tido a oportunidade de gerar estudos, processos e produtos que contribuem para a elevação da qualidade de vida da população, em áreas que vão do saneamento básico à habitação, passando pelo planejamento urbano. A faculdade também mantém acordos com outras instituições e empresas nacionais e internacionais, que se valem do sólido conhecimento gerado pelos docentes e pesquisadores.

A FEC hoje, gerando estudos, processos e produtos para elevar a qualidade de vidaAlguns indicadores não deixam dúvida sobre a qualidade do ensino e da pesquisa conduzidos na FEC. No triênio 2001/2003, por exemplo, o programa de pós-graduação em Engenharia Civil recebeu nota 5 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação. Já o curso de graduação na mesma área mereceu, nos últimos cinco anos, o conceito A no Provão.

tualmente, a unidade está instalada em uma área de 8, 8 mil metros quadrados. Sua estrutura administrativa é composta por cinco departamentos, nos quais atuam 79 professores e 74 funcionários.

O futuro – A faculdade conta, ainda, com cerca de 1, 1 mil estudantes, distribuídos entre seus cursos de graduação e programas de pós-graduação. De acordo com a visão de futuro estabelecida em seu Planejamento Estratégico, concluído recentemente, a unidade propõem-se a contribuir para a valorização do desenvolvimento humano, científico e tecnológico, assim como para a sustentabilidade da sociedade, especialmente em relação às necessidades ligadas ao ambiente construído. Também tem como missão atuar nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e prestação de serviços à sociedade nos campos da Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, de modo a preservar, reforçar e fomentar os valores fundamentais da educação superior, promovendo qualidade de vida com responsabilidade sócio-ambiental.

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