O trabalho desenvolvido por Ilza Maria de Oliveira Sousa, técnica do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA), rendeu a ela o primeiro lugar em concurso realizado pelo Conselho Regional de Química do Estado de São Paulo, na categoria Química Tecnológica. O prêmio é destinado anualmente aos graduandos da área, cujos trabalhos de conclusão de curso versem sobre temas tecnológicos e de interesse social. A monografia orientada pela professora Gláucia Maria Ferreira Pinto e apresentada na PUC de Campinas, refere-se a pesquisa do CPQBA com a qual a técnica tem envolvimento direto. Ela desenvolveu a metodologia analítica do projeto de pesquisas financiado pela Fapesp que viabiliza a extração do princípio ativo da planta Artemísia annua, um composto com atividade antimalárica. Seu trabalho aguarda publicação também na revista científica Journal Brazilian of Medicinal Plants.
Um dos principais aspectos na metodologia proposta por Ilza Souza, co-orientada pela química Renata Maria dos Santos Celeghini, é a possibilidade de avaliação e monitoramento dos níveis do princípio ativo e grau de pureza da artemisinina nas cinco etapas do processo de produção, utilizando equipamentos de cromatografia líquida de alta eficiência, acoplado a detector de índice de refração. Isto permite análise direta da amostra, sem a necessidade de passar pela etapa denominada derivatização, eliminando o risco da produção de subprodutos não desejáveis. Segundo a coordenadora do projeto de pesquisas, Mary Ann Foglio, a contribuição prestada por Ilza é importante para garantir a qualidade, uma vez que alcançar maiores níveis de concentração do princípio ativo é fundamental no projeto.
Aos 43 anos de idade, Ilza Souza chama a atenção por seu empenho na pesquisa acadêmica. Desde 2002, quando foi transferida para o CPQBA, sentiu-se estimulada a aprender diante dos desafios que lhe foram impostos. “Já havia cursado as disciplinas iniciais de biologia, mas percebi que não era o que realmente queria”, lembra. Interrompeu os estudos e optou por se dedicar às três filhas, o que tornou mais difícil o retorno à universidade.
Admitida na Unicamp em 1987, Ilza trabalhou no Instituto de Química dando suporte de laboratório para alunos de graduação e pós-graduação. Ao prestar processo seletivo de transferência para o CPQBA, percebeu que era sua hora. “Para o trabalho que desenvolvo no Centro é preciso conhecimento específico de analítica e, por isso, não tive dúvidas em voltar a estudar”, declara. Com o curso na PUC, além de ser premiada e ter um artigo científico aceito por periódico internacional, Ilza se prepara para submeter outro artigo sobre validação da metodologia analítica para extração. Quanto ao futuro, ela não tem dúvidas quanto a seguir na pesquisa acadêmica. “Não pretendo parar mais. Farei mestrado e futuramente doutorado”, garante.