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Projeto Todos Nós
 


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Projeto Todos Nós, voltado à criação de
ambientes inclusivos dentro da Unicamp, lança livro

O direito à diferença,
mas na igualdade de direitos

A professora Maria Teresa Eglér Mantoan, coordenadora do projeto Todos Nós: “Espaço literalmente aberto a todos os que aqui já estão e os que virão” (Fotos: Antoninho Perri)Todos Nós é o nome do projeto que visa criar ambientes inclusivos na Unicamp, assegurando às pessoas com deficiência o acesso, permanência e prosseguimento em suas atividades do ensino superior. Isto virou lei em 2002, mas a equipe de pesquisadores, professores, pós-graduandos e profissionais da pedagogia, artes visuais e jornalismo encara a questão não como uma imposição legal, mas como um desafio: o de tornar a Universidade uma referência em políticas inclusivas. Foi nesse sentido que se criou uma sala de acesso à informação e de apoio didático denominado Laboratório de Acessibilidade (LAB), na Biblioteca Central Cesar Lattes.

Crianças produzem painéis e ajudam na distribuição

No LAB são desenvolvidas atividades para estimular a autonomia e a independência acadêmica dos usuários, a produção de material adaptado, além do desenvolvimento e utilização de softwares destinados aos que apresentam deficiência física e sensorial. O Programa de Apoio à Educação Especial (Proesp/Capes), permitiu aglutinar diversas propostas que estavam dissociadas pelo campus, envolvendo grupos de pesquisa, projetos de pós-graduação e estágios. Portanto, trata-se de um projeto de natureza interdisciplinar, cuja amplitude e complexidade exigem a integração de áreas de conhecimento da educação, computação e atendimento educacional especializado.

“A acessibilidade é o grande compromisso de todos os que pretendem e se dedicam a melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Apesar de ser um conceito amplo, a acessibilidade está associada à condição que cada um tem de alcançar um objetivo ou objeto, na medida de suas possibilidades. Daí a complexidade do seu entendimento. Acesso tem a ver com tudo a que se possa chegar, alcançar, obter. Implica em comunicação, facilidade na aproximação, no trato com as pessoas, com os objetos, enfim, com acolhimento, promoção, inclusão”, afirma a professora Maria Teresa Eglér Mantoan, do Departamento de Ensino e Práticas Culturais da Faculdade de Educação, que coordena o projeto Todos Nós.

Painéis das crianças do Prodecad expostos na Faculdade de Educação: abordando a inclusão desde cedoMaria Teresa Mantoan afirma que a quebra de barreiras é o mote das sociedades que se empenham em se tornar acessíveis. Essas barreiras envolvem o uso de instrumentos, utensílios e ferramentas de estudos, de trabalho, lazer; obstáculos físicos nas edificações, nos transportes e equipamentos urbanos, dificuldades na interação pessoal, na comunicação escrita e virtual. “A acessibilidade atitudinal, aquela que trata da eliminação dos preconceitos, da discriminação, dos estigmas, rótulos, estereótipos, sem dúvida, é e será sempre o nosso maior desafio”, observa.

Na opinião da professora da Faculdade de Educação, é preciso trabalhar no sentido de transformar o que existe para melhor, e considerando indistintamente todas as pessoas, nas suas peculiaridades. “Temos direito à diferença, mas na igualdade de direitos. Se nos sentimos barrados quando o acesso oferecido é o mesmo para todos, temos de exigir que as nossas diferenças sejam consideradas. Mas a consideração dessas diferenças não pode implicar em desigualdade, limitações, restrições. Como diria o professor Pierucci [Antônio Flávio, sociólogo], nosso dilema é quando esconder e quando mostrar as diferenças”, pondera.

O desejo de transformar a Unicamp num espaço verdadeiramente acessível tem motivado os participantes do projeto Todos Nós a disparar ações que permitam vencer essas e outras barreiras que impossibilitam fazer da Unicamp um espaço totalmente inclusivo. “Estamos envidando esforços para reunir o que se tem produzido isoladamente na nossa Universidade, com o objetivo de criar elos entre os que pesquisam, criam e buscam em todos as áreas do conhecimento aprimorar as condições de acessibilidade dos que vivem na comunidade ou a visitam. Nesses 40 anos da Unicamp queremos mostrar que nossa maturidade como instituição educacional se expressa também pela nossa busca de um espaço literalmente aberto a todos os que aqui já estão e os que virão”, insiste a professora.

Painéis das crianças do Prodecad expostos na Faculdade de Educação: abordando a inclusão desde cedoO livro – O grupo interdisciplinar apresentou no último dia 26 o livro Todos Nós – Unicamp Acessível, com os resultados de uma oficina realizada em 2004 que envolveu representantes de toda a comunidade universitária. O livro identifica quem sofre com as barreiras que ainda existem nos campi, aponta problemas de acessibilidade e apresenta sonhos de acessibilidade que não se limitam à resolução dos problemas do acesso físico, mas também de acesso ao conhecimento. A I Oficina Participativa do Projeto Proesp/Capes durou quatro dias e reuniu grupos de trabalho de 14 institutos e faculdades da Unicamp, dos três colégios técnicos e de ensino tecnológico, seis centros e núcleos de pesquisa, e doze setores da Administração Superior, com um total de 81 participantes.

O livro toca em problemas que estão no nível da consciência, como a do aluno com deficiência que se exclui, o preconceito que ele próprio demonstra em relação à ajuda e, por parte dos outros, o preconceito, intolerância, descaso, indiferença, ou a superproteção, o assistencialismo e o paternalismo. No nível acadêmico, a oficina discutiu o alto custo dos equipamentos e materiais, a necessidade de bibliotecas totalmente equipadas para atender qualquer tipo de deficiência (como computadores com programas adequados à visão subnormal e para cegos), a falta de investimento das entidades de fomento, a falta de discussão da temática nos órgãos colegiados das unidades, a flexibilidade curricular, a criação de um programa de pesquisa para apoiar, fomentar, induzir e integrar grupos de pesquisa sobre acessibilidade de todas as áreas. E, naturalmente, as questões de acesso físico, como transporte especial no campus, diminuição de barreiras arquitetônicas com a adequação de ruas, praças, rampas, banheiros e sinalização em braile.

As crianças dão a lição

O livro Todos Nós – Unicamp Acessível foi distribuído em unidades do campus com a ajuda das crianças do Programa de Desenvolvimento e Integração da Criança e do Adolescente (Prodecad). O programa desenvolvido pela Diretoria Geral de Recursos Humanos oferece as mais diversas atividades de expressão, por meio de jogos e brincadeiras e das artes, aos filhos de funcionários e professores matriculados no Sistema Educativo da Unicamp, que abrange da pré-escola à 8ª série. As crianças, de 4 a 14 anos, também colaboraram com a confecção de cartazes em que exprimem o que entendem por inclusão e acessibilidade – são 32 painéis contendo fotos, desenhos e textos e que estão expostos em vários pontos da Universidade.

A diretora do Departamento de Programas Educativos da DGRH, Euryanthe Rossana Heinrich afirma que o processo de inclusão é inserido naturalmente no cotidiano dos alunos do Sistema Educativo da Unicamp, que desde sua criação atende crianças com necessidades especiais. Na opinião da professora Maria Teresa Eglér Mantoan, coordenadora do projeto Todos Nós, o trabalho desenvolvido pelo Prodecad deve servir de exemplo para escolas que ainda resistem ao processo de inclusão. “O que nos surpreende é a lição dessas crianças que estudam e crescem entre nós. Elas concretizaram o que nós do projeto sonhamos, com a espontaneidade e a simplicidade dos que, de fato, entendem e vivem a experiência da diferença. Elas me tocaram enormemente”, diz Mantoan. O livro tem 50 exemplares em braile que serão doados para bibliotecas da Universidade, além de uma versão digital na página www.todosnos.unicamp.br

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