MANUEL ALVES FILHO
A Unicamp receberá até o mês de julho o radar meteorológico do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Unesp que estava instalado em Presidente Prudente. A transferência do equipamento para Campinas, já aprovada pelas instâncias e instituições competentes, trará uma série de vantagens para a região, que passará a monitorar de forma mais precisa a ocorrência dos fenômenos atmosféricos num raio de 240 quilômetros. A partir das imagens geradas pelo radar, associadas a modelos computacionais e cartas de relevo, será possível não só medir com exatidão o volume de chuvas numa dada área, como prever a ocorrência de temporais e conseqüentes alagamentos num ponto específico. “Essas informações são muito importantes, pois podem evitar, por exemplo, acidentes de trânsito ou prejuízos à agricultura”, afirma Hilton Silveira Pinto, diretor associado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp e coordenador do projeto. A operação integral do equipamento ocorrerá a partir de setembro.
Transferência
de Presidente
Prudente para
Campinas será
em julho
A transferência do radar de Presidente Prudente para Campinas, conforme o professor Hilton Silveira Pinto, deveu-se a dois motivos principais. Primeiro, a sua localização não era a mais adequada, visto que ficava relativamente próximo de equipamento semelhante, instalado em Bauru. Como o raio de ação de ambos é de 240 quilômetros, apenas a região central do Estado de São Paulo estava sendo efetivamente monitorada. “Com a vinda dessa tecnologia para a Unicamp, nós teremos condições de acompanhar com precisão a ocorrência de fenômenos atmosféricos não só na nossa região, mas também na Capital, Piracicaba, Sorocaba, Limeira e até municípios do Sul de Minas Gerais, locais onde a agricultura tem uma participação significativa na economia dos estados”, explica.
O outro fator que concorreu para a mudança do radar de lugar, segundo o diretor associado do Cepagri, é que em Prudente o trabalho de monitoramento não recebia o devido apoio financeiro, dado o desinteresse das prefeituras e agricultores. “Na região de Campinas, ao contrário, há uma grande demanda pelas informações meteorológicas”, assegura Hilton Silveira Pinto. De acordo com ele, o equipamento fará com que os dados ganhem em qualidade e precisão. Atualmente, apenas para se ter uma idéia, a medição das chuvas em uma determinada região é feita por um aparelho denominado pluviômetro. Ocorre que esse equipamento mede o total pluviométrico apenas no ponto onde está instalado, o que equivale a alguns metros quadrados, se tanto.
As chuvas, vale lembrar, têm uma variação espacial muito grande, o que significa dizer que os totais podem ser diferentes em cada metro. “No verão, é comum ocorrer temporal num ponto, mas não cair uma só gota numa área vizinha”, esclarece o diretor associado do Cepagri. O uso das imagens geradas pelo radar meteorológico, associadas a modelos computacionais e cartas de relevo, prossegue o docente, permitirá mapear com precisão os locais de precipitação, o que facilitará a estimativa do volume real de chuva numa propriedade agrícola ou mesmo numa bacia hidrográfica. Com isso, os técnicos poderão orientar os produtores sobre o melhor momento para plantar, colher ou irrigar uma determinada cultura.
Defesa Civil – As vantagens proporcionadas pelas informações geradas pelo radar meteorológico não param por aí, como lembra o diretor associado do Cepagri. As imagens coletadas em tempo real pelo equipamento podem servir para que a Defesa Civil alerte a população, num raio de 240 quilômetros e com até 15 minutos de antecedência, sobre a chegada de um temporal. “Esse procedimento é especialmente importante para as pessoas que vivem em áreas que apresentam riscos de alagamentos”. De acordo com o professor Hilton Silveira Pinto, as concessionárias que administram as rodovias paulistas já demonstram interesse nesse tipo de dado. “Ao identificarmos a chegada de um temporal, essas empresas serão avisadas e poderão advertir os motoristas, por meio dos painéis de mensagens instalados ao longo das estradas, para que redobrem a atenção ou mesmo evitem circular por um trecho específico”, diz. Todas as informações, assinala, poderão ser acessadas livremente pela internet.
Por fim, mas não menos importante, é que a transferência do radar meteorológico pertencente ao IPMet/Unesp para a Unicamp trará ganhos científicos e pedagógicos para a Universidade, que iniciará nos próximos dias a construção da base de sustentação da torre. Conforme o professor Hilton Silveira Pinto, o equipamento também servirá às atividades de ensino e pesquisa, o que contribuirá para a formação de profissionais ainda mais qualificados.