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Pesquisador sugere uso de
leveduras para obter celulase

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O engenheiro de alimentos Abraão Brito Peixoto: leveduras também apresentam boa concentração de amilase e gomas (Foto: Antonio Scarpinetti)Pesquisa da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) sugere a utilização de leveduras para obtenção da celulase -- enzimas que podem ter um papel fundamental no aproveitamento de biomassas para obtenção de energia de fontes renováveis. As leveduras são microorganismos maiores que as bactérias e podem ser encontradas em ambientes como frutos, pólen de flores e no solo. Seu uso mais conhecido é na produção de álcool e cerveja, mas trata-se de apenas uma das possíveis aplicações.

Enzimas podem ser importantes na questão das biomassas

Os estudos realizados pelo engenheiro de alimentos Abraão Brito Peixoto podem oferecer, futuramente, alternativas para a obtenção não apenas da celulase, como também a amilase utilizada por panificadoras e na área farmacêutica, e gomas, úteis na indústria de alimentos por seu emprego como espessantes em iogurtes e “papinhas” para bebês. Na dissertação de mestrado “Estudo da produção de enzimas e gomas por leveduras selvagens coletadas em diversas regiões do Brasil”, orientada pelo professor Francisco Maugeri Filho, Abraão pesquisou 390 leveduras selvagens estocadas nos laboratórios da FEA, não catalogadas e oriundas das regiões do Pantanal, Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Cerrado.

Durante dois anos, em trabalho minucioso, o pesquisador identificou quais leveduras tinham potencial para a produção das enzimas e gomas. “Como se trata de leveduras não catalogadas – ou seja, não se sabe o que produz ou seu efeito – a análise deve ser meticulosa, pois algumas podem ser até mesmo patogênicas”, destaca o engenheiro de alimentos. Ele afirma que está na facilidade de cultivo uma das maiores vantagens em se utilizar as leveduras e não bactérias na produção de enzima. “Além disso, os resultados obtidos podem levar à redução de custos de produção e minimizar a degradação do ambiente”, argumenta.

Abraão Peixoto utilizou na pesquisa uma placa denominada Petri – um recipiente arredondado em que se coloca determinada substância para observar o efeito de leveduras. Em um das etapas, a placa recebeu um preparado com iodo, o lugol. O trabalho consistiu em analisar quais leveduras possibilitavam a produção das enzimas a partir do contraste com as substâncias. Foi constatado potencial para produção de celulase em 46 das amostras analisadas; a amilase foi encontrada em 45 e, gomas, em 35 amostras.

As concentrações de amilase observadas nas leveduras surpreenderam o pesquisador, pois estão bem acima do esperado. As indústrias de panificação utilizam a enzima em baixa concentração para reduzir a quantidade de fermento nos produtos. No caso das gomas, o estudo precisaria ser otimizado, pois a produção a partir de leveduras é muito pouco estudada. Atualmente, a indústria de alimentos emprega a bactéria Xanthomonas campestris para produzir a goma xantana. Como o trabalho apenas identificou o potencial das leveduras, não houve comparação de suas características com as das bactérias.

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