Crianças de 5 anos de idade cujos pais possuem o segundo grau de escolaridade incompleto têm, aproximadamente, seis vezes mais chances de desenvolver cárie dentária do que aquelas de pais com nível superior completo. No aspecto clínico, aquelas que possuem manchas brancas nos dentes têm 49 vezes mais chances de vir a desenvolver lesões de cárie. As conclusões fazem parte de um levantamento epidemiológico realizado em Piracicaba para identificar os indicadores de risco de cárie e de gengivite em crianças, conduzido pela odontologista Karine Laura Cortellazzi para obtenção do título de mestre na Faculdade de Odontologia de Piracicaba. A pesquisa envolveu 728 pré-escolares provenientes de 22 pré-escolas públicas (EMEIs) e 18 particulares, examinados na própria escola pela pesquisadora.
Pesquisa é feita junto a 728 crianças
de 5 anos em pré-escolas
Além do exame bucal nas crianças, os pais responderam a um questionário sobre a condição socioeconômica da família. Karine Cortellazzi explica que o levantamento considerou a idade de 5 anos porque ela oferece o índice referência para obtenção dos níveis de saúde bucal na dentição decídua, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com a pesquisadora, o trabalho é fundamental porque não se propõe apenas a tratar a cárie e a gengivite quando já estão instaladas, mas prevenir contra a aparição desses males. A comparação de níveis socioeconômicos permite localizar as crianças com maior propensão a desenvolver problemas bucais.
No caso da gengivite ou sangramento da gengiva, o estudo apontou que o fato de a criança estudar em pré-escola pública e ser do sexo masculino implica em duas vezes mais chances de obter a doença. Caso exista uma lesão inicial de cárie, as chances de ter sangramento na gengiva também é duas vezes maior. As crianças que residem com mais de quatro pessoas apresentam propensão 2,62 vezes maior para gengivite. Os parâmetros utilizados para avaliar a condição gengival foram os preconizados pelo SB Brasil, projeto que verificou as condições de saúde bucal da população brasileira no ano 2000. O levantamento foi orientado pelo professor Antonio Carlos Pereira.