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Unicamp vai integrar rede
internacional de universidades
Universidade é a 1ª da América Latina a
ser admitida na
Worldwide Universities Network

A Unicamp foi admitida como o 19º membro – e o primeiro na América Latina – da Worldwide Universities Network (WUN), uma das mais renomadas redes de universidades do mundo. A notícia foi recebida com entusiasmo pelo reitor, Fernando Costa: “Essa decisão representa o reconhecimento internacional da posição da Unicamp como uma universidade de classe mundial”, avalia. No próximo dia 20, Costa receberá o diretor-executivo da WUN, John Hearn, que também é vice-presidente para assuntos internacionais da Universidade de Sidney, na Austrália, para uma visita formal. A assinatura do memorando de entendimento sobre a entrada da Universidade na rede ocorrerá durante a reunião anual da WUN, a ser realizada em Londres no próximo mês de maio. O acordo entre as duas partes valerá inicialmente por três anos e poderá ser renovado de forma contínua após esse período.

Segundo Hearn, a WUN, cujos membros estão espalhados por países da Europa, América do Norte, Oceania, Ásia e África – a maioria deles de origem anglo-saxônica –, procurava uma parceira latino-americana já havia algum tempo. “Era uma de nossas principais prioridades”, conta. A Unicamp, por sua vez, vinha estudando a possibilidade de ingressar em um grupo seleto de universidades. “Uma coisa que estava faltando no projeto de internacionalização da Unicamp era a participação em uma rede prestigiosa como essa”, afirma o coordenador de relações institucionais e internacionais da Universidade, Leandro Tessler. “Entrar na WUN é um privilégio.”

As negociações entre a WUN e a Unicamp começaram em agosto de 2011, durante uma visita prospectiva de Hearn à América do Sul. Na ocasião, ele convidou Tessler, a quem conhecera anteriormente em um encontro promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para uma conversa em São Paulo. Depois desse primeiro contato, a Unicamp enviou um dossiê sobre a Universidade à WUN acompanhado de um pedido formal de ingresso na rede. O pedido foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Parceiros da entidade.

“A Unicamp é uma conhecida universidade brasileira, muito bem classificada entre as três melhores da América Latina, com uma reputação como uma universidade internacional de pesquisa”, enumera Hearn, justificando a admissão da nova integrante da WUN. Ele espera que sua vinda a Campinas lhe permita conhecer melhor os pontos fortes e prioridades da Universidade. “Estamos ansiosos para ter os pesquisadores e administradores da Unicamp envolvidos em todas as atividades da WUN”, diz. “Tentarei identificar perspectivas brasileiras particulares e características que possam enriquecer a rede e ampliar nosso sucesso mútuo.”

Como membro da WUN, a Unicamp poderá participar dos chamados “Global Challenges”, programas que reúnem as dezenas de grupos de pesquisa interdisciplinar vinculados à rede em torno de quatro assuntos de interesse mundial: mudança climática e segurança alimentar; saúde pública e doenças não comunicáveis (câncer, diabetes e outras doenças não transmissíveis); reforma do ensino superior e da pesquisa; e compreensão de culturas. A Universidade também poderá estabelecer colaborações para o intercâmbio de pesquisadores e alunos de pós-graduação com outras integrantes da rede, além de compartilhar recursos para ensino e concorrer aos financiamentos oferecidos pela WUN. A Unicamp deverá criar um comitê interno para cuidar dos assuntos relacionados à participação na rede.

Na opinião de Tessler, o envolvimento nas atividades da WUN trará uma nova perspectiva de colocação global para a Unicamp, pois permitirá uma maior integração com universidades estrangeiras de ponta. De acordo com ele, a Unicamp já mantém relacionamento próximo com duas de suas futuras parceiras na rede: a Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, visitada pelo reitor em agosto de 2011, e a Universidade de Alberta, no Canadá, que enviou dois representantes a Campinas em fevereiro deste ano. “Estamos avançando na direção de estabelecer vínculos mais importantes”, revela. Com a Universidade de Alberta, já foi acertada a realização de um workshop de pesquisa no Canadá daqui a alguns meses.

Nova era
Das 18 universidades que compõem a WUN atualmente, cinco estão no Reino Unido e quatro, nos Estados Unidos. Há ainda duas na Austrália, duas na China e uma na África do Sul, no Canadá, em Hong Kong, na Noruega e na Nova Zelândia. O Brasil será o terceiro país emergente com uma representante na rede. “A WUN deseja permanecer relativamente pequena e de alta qualidade, dando tempo para os novos membros engajarem-se completamente e conquistarem os benefícios de participar dos Global Challenges”, diz o diretor-executivo da rede. Isso não significa, no entanto, que não haja espaço para a chegada de mais instituições de países em desenvolvimento. Segundo Hearn, a WUN quer ter forte representação e um número equivalente de parceiras nesses países. “Sem isso, grande parte de nosso trabalho seria impossível.”

Doutor em fisiologia reprodutiva pela Universidade Nacional Australiana com mais de 200 artigos científicos publicados, Hearn participou de programas de pesquisa nas áreas de saúde e biologia da conservação no Brasil durante mais de 30 anos. Ele também já veio ao país várias vezes por conta de suas atividades na administração de universidades australianas e na direção da WUN. “Visitei e observei diversas universidades brasileiras, especialmente ao longo dos últimos anos”, conta. A lista inclui a própria Unicamp e também as Universidades de São Paulo (USP), de Brasília (UnB) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Fazendo a ressalva de que não é um especialista no assunto, mas apenas um “fã de longa data do Brasil”, Hearn diz acreditar que o país e suas melhores universidades estejam entrando em uma “nova era”. Ele explica as razões de seu otimismo: “Observei que o Brasil superou muitos obstáculos estruturais e sociais nos últimos cinco anos ao construir sua economia, reduzir as deficiências financeiras, investir em infraestrutura e exploração, e aumentar a inovação e a competitividade internacional”, destaca. “Em São Paulo, os investimentos do governo e de instituições estaduais, especialmente em engenharia, ciência e tecnologia, cresceram ano a ano.”

A sensação que Hearn tem hoje em relação ao Brasil é a mesma que teve ao visitar a China há dez anos, quando identificou no país asiático um profundo sentimento de orgulho nacional e confiança combinado com liderança e planejamento estratégico. “Lembro-me da brincadeira que dizia que ‘o Brasil é o país do futuro – e sempre será’. Talvez a hora seja agora.” Embora reconheça que ainda há muitos desafios a ser superados, o australiano acredita que as universidades brasileiras podem contribuir plenamente para o “brilhante futuro do Brasil” por meio da formulação de políticas e iniciativas fundamentadas com foco em recursos naturais e humanos específicos do país.

“O professor Tessler e eu estamos envolvidos em programas da OCDE que estudam esses processos e podem ajudar na compreensão e implementação dessa transferência de conhecimento para o desenvolvimento econômico”, acrescenta Hearn. “Esse é também um dos objetivos da WUN. É uma questão intrigante saber se as nossas mesmas parcerias dentro da rede poderão nos ensinar novos princípios que beneficiarão todos nós.”

No Brasil
O diretor-executivo da WUN veio ao Brasil pela primeira vez em 1976, quando visitou as cidades de Brasília, Manaus e Rio de Janeiro como parte do trabalho que desenvolvia com o professor Milton Thiago de Mello, da UnB, sobre a biologia do sagui-comum (Callithrix jacchus) do nordeste da Amazônia. Com uma colônia desses macacos em seu laboratório, Hearn estudou primeiramente a fisiologia reprodutiva e depois a biologia de células-tronco dos animais – estudos que, segundo ele, originaram as descobertas relacionadas às células-tronco humanas na segunda metade dos anos 1990. “O fato de que o macaco sagui desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da biologia de células-tronco humanas é amplamente não reconhecido”, comenta.

Posteriormente, Hearn ajudou a estabelecer laboratórios de pesquisa em saúde e biologia da conservação em Natal e Recife. Ele também trabalhou estreitamente com o professor aposentado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Aníbal Faúndes em comitês e programas da Organização Mundial da Saúde (OMS).






 
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