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Festa para 35 mil
 

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Segunda edição da Unicamp de Portas Abertas
atrai estudantes de 605 escolas de sete Estados

Uma festa para 35 mil


DA REDAÇÃO



A segunda edição da UPA (Unicamp de Portas Abertas), realizada nos dias 3 e 4 de setembro, consolidou o evento como um dos maiores sucessos de público na agenda cultural da Universidade. Em apenas dois dias passaram pelo campus 35.304 estudantes de ensino médio provenientes de 605 escolas. No ano passado, foram registrados 32 mil alunos de 473 escolas. Os números só perdem para a Cientec, mostra tecnológica realizada pelas onze instituições de pesquisa de Campinas e que trouxe ao campus da Unicamp, em setembro de 2001, mais de 70 mil pessoas.

“O resultado foi melhor que o esperado”, comemora o vice-reitor e coordenador do evento, José Tadeu Jorge. Só no primeiro dia, o campus recebeu 19.403 estudantes de 337 escolas. Um dado interessante destacado por Tadeu Jorge é que, dos 35.304 inscritos, não mais que 6.551 são de Campinas. “O indicador confirma um predomínio de outras cidades participantes. O número de Estados representados subiu de quatro para sete. Esse ano o evento atraiu estudantes de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No ano passado, estiveram representados apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.

De acordo com Tadeu Jorge, além do sucesso de público, a segunda edição da UPA também atingiu um de seus principais objetivos: orientar estudantes de ensino médio quanto à escolha profissional. “O fato de conhecer a Universidade antes de fazer a opção para o vestibular contribui para a redução da taxa de evasão”, observa. “Isso otimiza o trabalho”, completa. O vice-reitor destaca, ainda, que durante a visitação as portas da Universidade são abertas não só a estudantes de ensino médio como também a outras pessoas da comunidade interessadas em conhecer suas realizações.

Para o vice-reitor, além de dar maior visibilidade à Universidade, a UPA também ajuda a quebrar a mística de que são reduzidas as chances no Vestibular Unicamp. “Em contato com as áreas de seu interesse, o aluno mantém uma relação mais estreita com professores e alunos, recebe noções dos cursos oferecidos e se inteira dos pré-requisitos para efetuar com maior segurança a escolha do curso na hora de indicar sua opção”, explica.

Nos dois dias, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer as 20 unidades de ensino e pesquisa da Unicamp, seus 25 núcleos e centros interdisciplinares e outras áreas acadêmicas ou de serviços espalhadas pelo campus onde estão em desenvolvimento mais de três mil pesquisas científicas e tecnológicas. Na próxima edição, a expectativa da coordenação é criar uma espécie de tour. “A idéia é proporcionar ao visitante um panorama geral da Universidade”, diz Tadeu.

Curiosidade, surpresa e fascínio

A primeira caravana de alunos desembarcou às 8 horas da manhã de sexta-feira (3). Eram 44 estudantes com idades entre 16 e 17 anos e duas professoras do Colégio “Dr. Fernando Siqueira”, de Pirassununga. A bordo de um ônibus fretado, eles visitavam a Universidade mergulhados num clima de curiosidade. “Eventos como esse servem para despertar nos alunos a vontade de prestar um vestibular. Isso aconteceu comigo, há 14 anos, quando estava no segundo grau”, revelou uma das professoras que acompanhavam os estudantes, Adriana Sinotti Jordão.

Cerca de meia hora depois, o grupo de Pirassununga já se misturava a pelo menos outros mil estudantes que faziam as primeiras filas em frente ao Ginásio Multidisciplinar da Unicamp. O sonho do aluno Carlos Alexandre Fulan, 17 anos, era conhecer a Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri). ”Meu pai é agrônomo do Ibama em Pirassununga e desde pequeno aprendi a me interessar pela área”, revelou. Já seu colega Luiz Henrique de Verona, 16 anos, pretendia aproveitar a visita para definir sua carreira. “Pretendo prestar vestibular para Engenharia Civil, mas quero conhecer melhor outros cursos antes de me definir sobre qual carreira seguir”.

Apesar da fila na hora de chegada, os visitantes da UPA não reclamaram da espera. “ O importante é estar aqui para conhecer esta verdadeira cidade, onde se vive exclusivamente para o conhecimento e a pesquisa”, sintetizou o Fernando Ferreira, 17 anos, que veio de Itupeva-SP. Para Thiago Santos, 17 anos, de Indaiatuba, a escolha já foi feita. Ele pretende prestar engenharia mecatrônica na Unicamp e escolheu a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) como primeiro lugar no roteiro de visitas. Ficou fascinado com os robôs e pela estrutura oferecida pelo curso. “Não imaginava os robôs se movendo daquele jeito. É fascinante”, explica.

Cursando o primeiro colegial em Mogi Guaçu, Camila Harada, 15 anos, veio conhecer os cursos de Engenharia de Alimentos e de Enfermagem. “Tenho interesse por nutrição e queria saber mais”, disse. Ela ficou surpresa com o tamanho da universidade. “Não imagina que a Unicamp fosse tão grande”, afirmou. Larissa Vasques Lima, 15 anos, de Campinas, escolheu o curso de Música e quer fazê-lo na Unicamp “pelo reconhecimento que a Universidade tem”.

O curso mais concorrido da Unicamp, Medicina, era parada obrigatória para quase todos os visitantes. A movimentação foi grande nas salas de vídeo e nas áreas de demonstrações. A Neonatologia instalou um berçário com bonecos simulando uma UTI Neonatal. Também estiveram representadas as áreas de diabetes, hipertensão, obesidade, cirurgia cardíaca e oncologia. A Odontologia instruiu sobre cárie dental, anatomia dental e substituição de dentes.

O curso de Enfermagem, desta vez, optou por trazer o Corpo de Bombeiros para demonstrações e instruções de primeiros socorros. Um vídeo sobre parto humanizado causou impacto nas adolescentes Renata Oliveira Almeida e Julissa Areane Santos. “Que coisa impressionante”, disseram.

Outro ponto concorrido foi o Museu de História Natural do Instituto de Biologia. Todos queriam ver a coleção de animais empalhados. O tema chamou tanta atenção que os monitores resolveram levar para o local três serpentes vivas: uma falsa coral, uma jibóia e uma dormideira. A professora de Biologia Fernanda Andreoli, de Sertãozinho, aproveitou para ensinar ao seu grupo de alunas várias lições sobre vertebrados. “Não tenho esse acervo na escola e esta é uma boa oportunidade. Justamente este bimestre estamos estudando diversos tópicos sobre bichos”, revelou.

Uma exposição de máquinas agrícolas atraiu grande contingente de pessoas para a Feagri. O objetivo, segundo o professor Oscar Braunbeck, coordenador de graduação da Faculdade, era difundir o curso. “O agronegócio hoje movimenta 38% do PIB brasileiro; é uma carreira nova e pouco conhecida”, explicava aos visitantes.

Um batalhão de voluntários

Para montar a infra-estrutura necessária à recepção dos alunos os organizadores da UPA contaram com um verdadeiro exército e colaboradores. O número de participantes, entre monitores e voluntários, chegou a 1.900 pessoas, de acordo com o assessor da Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp, professor Sigisfredo Brenelli. “A equipe é fantástica e inspirou um número maior de pessoas das unidades de ensino e pesquisa a participar do evento deste ano”, disse. Tadeu Jorge lembra que muitos visitantes do ano passado foram aprovados no vestibular e agora decidiram se oferecer para trabalhar como voluntários na edição da UPA 2004.

Os resultados apareceram logo na recepção. Depois de passar por um posto onde receberam a Revista da UPA e um mapa do campus, os visitantes percorreram um túnel forrado com tecido azul, transitaram em um espaço delimitado por oito telões de lona plástica onde corriam imagens da Universidade e, finalmente, entraram no interior do Ginásio Multidisciplinar, onde a claridade das lâmpadas incidia sobre 30 estandes, o palco e as arquibancadas.

O cenário de entrada, como aliás toda a infra-estrutura do evento, foi uma criação do artista plástico Carlos Roberto Fernandes, professor do Instituto de Artes e coordenador da CDC (Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural da Unicamp). Fernandes, um artista com experiência publicitária e uma cultura que abarca todas as manifestações da arte moderna e clássica – sua tese de doutorado é sobre as relações entre arte e publicidade – põe valor simbólico em tudo o que faz. Para o cenário de acesso ao ginásio, ele imaginou um percurso interno que fixasse gradações entre os planos interno e externo – a rua e o interior do Ginásio.

O objetivo era fazer com que, agindo como elemento intermediário entre os dois planos, o percurso passasse ao visitante a sensação de entrada em um mundo até então desconhecido para ele. O túnel, onde predominava a cor azulada, preparou o visitante para a experimentação do inédito. Aqui, a música tinha papel fundamental: o de criar uma atmosfera que era ao mesmo tempo familiar e estimulante.

“O espaço dos telões situa-o no universo da informação, do conhecimento e da ciência”, diz Fernandes. Por fim, quando ele entra definitivamente no interior do Ginásio, o horizonte se alarga e sua sensação é a de expansão das expectativas. O visitante pôde então dar seqüência a seu roteiro de surpresas – que continuou nas unidades de ensino e pesquisa e nos gramados do campus.

Dentro do Ginásio, com dois mil metros quadrados de área, os alunos puderam visitar 30 estandes nos quais monitores e professores apresentavam as linhas gerais dos cursos de graduação oferecidos pela Unicamp. Na plataforma superior ao Ginásio, seis pirâmides formaram a Praça de Alimentação, numa área de 300 metros quadrados. Além do espaço dedicado aos estandes, o Ginásio abrigou, em sua área externa, a exposição do carro a hidrogênio, desenvolvido pelo professor Ennio Peres, do Instituto de Física da Unicamp.

Ao lado do Ginásio, um circo de lona abrigou apresentações de música, dança e teatro. Além da exposição no ginásio, os alunos também puderam visitar livremente os institutos e faculdades, onde assistiram a palestras e outras exposições feitas por monitores. Denise Tukaça, integrante do Comitê de Administração da UPA, relata que neste ano foi intensificada a estrutura de transporte para os alunos. “Foram criadas rotas alternativas de ônibus às unidades, principalmente as mais distantes do eixo”, diz. “Foram planejadas 12 linhas para atender à demanda, saindo do estacionamento próximo ao Ginásio”, completa.

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Participaram desta cobertura os repórteres:
Maria Alice Cruz, Isabel Gardenal,
Raquel do Carmo Santos, Ronei Thezolin,
Hélio Costa Júnior e César Maia.

Fotos:
Antoninho Perri, Neldo Cantante,
Mani Maria Pereira, Antonio Scarpinetti,
Dario Crispin e Luiz Paulo Silva.

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