Estimular a atividade física junto a pessoas de meia idade, a partir da efetiva percepção dos seus benefícios à saúde e da conseqüente melhora na qualidade de vida, foi o objetivo da pesquisa de mestrado em educação física de Luane Margarete Zanchetta. Ela reuniu homens e mulheres que não praticavam exercícios físicos, na faixa de 40 a 60 anos, submetendo-os a um treinamento de três meses. Os principais resultados apontados pelos voluntários foram a oportunidade de lazer, o aumento da capacidade de trabalho e a maior satisfação no desempenho de tarefas diárias. “O indivíduo percebe a melhora e isso serve de estímulo para que desenvolva a prática por prazer e não por obrigação”, observa.
Segundo Luane Zanchetta, os estudos existentes focam primordialmente o estímulo da prática na terceira idade, ou seja, depois de instaladas as doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade. Como a prevalência dessas doenças ocorre a partir da meia idade, a pesquisadora quis suprir esta lacuna na literatura, abordando a percepção que indivíduos dessa faixa etária têm da atividade física. “Na fase adulta do ciclo vital inicia-se um declínio fisiológico global e a prática de exercícios físicos regulares pode amenizar as conseqüências desse declínio. É um fator de proteção para inúmeras doenças, principalmente aquelas relacionadas com o sistema cardio-respiratório”, afirma.
A dissertação intitulada “Avaliação subjetiva da qualidade de vida em indivíduos de meia idade submetidos a treinamento físico” foi orientada pela professora Vera Aparecida Madruga Forti. Luane informa que muitos estudos tratam da prática da atividade física, mas raramente enfatizam a percepção de sua relação com a qualidade de vida. A pesquisadora acredita que seu trabalho poderá contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que contemplem o oferecimento de informações e de oportunidades para a prática de exercícios físicos.
“O ideal seria aumentar a oferta de oportunidades. Percebe-se que o indivíduo sabe da importância, mas não encontra informação nem acesso à prática, o que poderia ser oferecido na rede básica de saúde”, sugere a pesquisadora. Ela lembra a existência de estimativas sobre o alto custo das doenças ligadas ao sedentarismo na população com mais de 60 anos, em comparação ao investimento necessário para oferecer atividades físicas na meia idade, antes de a doença se instalar.
Luane Zanchetta adverte, porém, que recomendações médicas não bastam, sendo necessário o acompanhamento de um profissional de educação física. “Muitos médicos recomendam a caminhada diária, mas sem uma programação de exercícios específicos para o problema que a pessoa apresenta”, observa. A pesquisadora defende inclusive o oferecimento de cursos de capacitação sobre o tema para profissionais da saúde.