O reitor Paulo Cesar Montagner assinou, na manhã desta segunda-feira (11), a aquisição de uma área de aproximadamente 44 mil metros quadrados dentro do distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Esse terreno deve servir para a maior expansão do programa de moradia estudantil da história da Unicamp. Localizada na Avenida Santa Isabel, nº 1.721, ao lado da atual moradia estudantil, a área receberá módulos residenciais com capacidade de abrigar até 1.400 estudantes. Construído a partir do final dos anos de 1980, o conjunto habitacional existente hoje acolhe cerca de mil estudantes.
“Trata-se de um dia histórico”, disse o reitor na abertura da solenidade, que contou com a presença de representantes dos estudantes e da empresa EagleBurgmann, antiga proprietária do terreno, além de pró-reitores, diretores de unidades de ensino e servidores. “Era um desejo da reitoria e um anseio antigo da comunidade acadêmica que pudéssemos ampliar o programa [de moradia estudantil] e fortalecer a nossa política de inclusão e permanência estudantil”, acrescentou Montagner. Antes da assinatura oficial do negócio, o Gabinete do Reitor exibiu um vídeo gravado por Antonio José de Almeida Meirelles, antecessor do atual dirigente e que também trabalhou no projeto.
De acordo com o previsto, metade do terreno abrigará as residências e a outra metade, instalações voltadas ao apoio administrativo, a atividades esportivas e culturais e à realização de programas de extensão universitária. “Trata-se de uma nova forma de se pensar a residência universitária”, disse o coordenador-geral da Unicamp, professor Fernando Coelho. “Porque não se trata apenas de acolhimento, mas da criação de um espaço que vai permitir a interação da Universidade com a cidade, já que teremos espaços para atividades culturais, esportivas e de extensão. Será um grande espaço de socialização e uma celebração da diversidade”, afirmou.
Segundo o assessor docente da reitoria Roberto Donato, que conduziu as negociações e acompanhou o processo de aquisição, a Unicamp gastou R$ 20 milhões na compra do terreno.
Donato conta que a nova estrutura deverá receber diferentes instalações. O galpão existente hoje na área será adaptado para a realização de programas de extensão e atividades culturais. Haverá, também, espaços para grupos estudantis de teatro, música e artes visuais. Está prevista ainda a construção de um refeitório e a destinação de espaços verdes para atividades de convivência, bem-estar, projetos paisagísticos, hortas comunitárias e um campo de futebol. O complexo contará ainda com um núcleo integrado de assistência ao estudante, que deverá unir as estruturas de atendimento às de política de permanência.
Representante dos alunos de pós-graduação, a estudante Carolina Gallina lembrou que a política de permanência deve caminhar junto com a política de democratização do acesso à Universidade.
“A gente celebra este momento da assinatura e, por isso, queria reforçar a importância desse momento para a assistência estudantil e a concretização da política de permanência, indissociável da política de acesso, algo transformador para a Universidade nos últimos anos e para a educação brasileira como um todo”, disse.

Representante dos estudantes no Conselho Universitário (Consu) e coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unicamp, Laura Khaddour disse que o momento é de celebração e de reivindicação. “A compra do terreno representa uma vitória na luta pela permanência estudantil, mas precisamos lembrar também que queremos a ampliação desse benefício, com a instituição de programas de moradia nos campi de Limeira e Piracicaba”, afirmou.
“É importante deixar registrado que neste dia de celebração, Dia do Estudante, estamos muito felizes pelo projeto da moradia. Já quero logo mudar de casa. Queremos saudar todos os estudantes que trabalharam, que deram muito de si para o movimento estudantil e que ajudaram na construção de uma universidade cada vez mais pintada na cor do nosso povo”, disse.
A estudante de economia Tatiane Arantes, da etnia Tukano, afirmou que, há muito tempo, os indígenas acadêmicos esperam pela ampliação do programa e lembrou que os indígenas enfrentam inúmeros obstáculos para chegar à universidade e, depois, enfrentam novas dificuldades para se manterem dentro dela.
“Estar na Unicamp é uma conquista importante, mas continuar aqui, com dignidade, exige apoio”, disse Arantes, há quatro anos na Universidade. “Queremos ser ouvidos com empatia e que nossas necessidades sejam consideradas com seriedade. A Unicamp já abriu uma frente importante ao adotar o acesso para o estudante indígena. Agora é hora de fortalecer o compromisso que garante nossa permanência. Queremos fazer parte dessa aldeia chamada Unicamp”, afirmou.
Representante discente na Moradia Estudantil, Inácio da Silva falou sobre a importância de utilizar recursos públicos nas políticas de inclusão. “Que todos saibam que estamos avançando nas políticas de permanência e que essa construção está sendo feita com recursos públicos, obtidos por meio de impostos pagos pelos trabalhadores”, disse. “Que isso possa ser lembrado pelos meios de comunicação, porque cada vez mais frequentemente alguém sobe nas tribunas do Poder Legislativo e defende diminuir os recursos gastos com a educação. Isto aqui é um recurso público da educação, bem aplicado”, argumentou.

O programa
Segundo dados da Diretoria Executiva de Apoio e Permanência Estudantil (Deape), o sistema de moradia conta hoje com 226 residências, compostas por sala, quarto e banheiro. Há, ainda, 27 estúdios para famílias.
Além das habitações, a Deape oferece, também, 2.171 bolsas de auxílio moradia a fim de subsidiar o aluguel para os alunos que não encontram vaga na moradia ou que estudam em outros campi, fora de Campinas. O auxílio atende, ainda, outras cem famílias.
O programa de permanência estudantil destina-se a estudantes da Universidade que comprovem uma situação de vulnerabilidade social e que residam fora da Região Metropolitana de Campinas (RMC).
No orçamento deste ano, a Unicamp destinou R$ 159 milhões aos programas de inclusão e de permanência estudantil.
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