Cerimônia realizada no Centro Cultural e Recreativo “Benedito Carlos Machado” (conhecido como “Clube Machadinho”), na Vila Industrial, nessa quarta-feira (9/4), celebrou o convênio de cooperação entre a instituição, que tem 80 anos de tradição como espaço de resistência da comunidade negra de Campinas, e a Unicamp. A parceria prevê iniciativas conjuntas em áreas como educação, esporte e cultura aos associados.
Representaram a Unicamp o reitor, Antonio José de Almeida Meirelles, e o pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura, Fernando Coelho. Meirelles explicou que, apesar de o convênio já ter sido firmado em momento anterior, o evento marca o anúncio público da parceria e mais uma oportunidade de estreitamento de laços para impulsionar os projetos conjuntos.
De acordo com o reitor, a parceria com instituições como o Machadinho “orienta a Universidade sobre as questões que são importantes para as comunidades e nas quais ela pode colaborar de diferentes formas: atividades culturais, esportivas, de atendimento à saúde, desenvolvimento de empreendimentos. Por outro lado, isso ajuda a melhorar a vida das pessoas e cria esse ambiente de confraternização, que eu acho importante também”.
Ele lembrou que Universidade passa por uma série de mudanças, contando com mais de 50% dos seus alunos provenientes de escolas públicas e mais de 35% de ingressantes pretos e pardos. “Queremos ter impacto social e sermos referência. Para isso, o que fazemos na Universidade precisa ter importância para vocês”, disse, dirigindo-se aos presentes.
Coelho defendeu que o Clube Machadinho se torna um local privilegiado para que os alunos desenvolvam as ações de extensão e interação com a comunidade que compõem o currículo de sua formação universitária. Ele citou exemplos de atividades voltadas ao ensino de jovens e idosos e ações culturais com foco na cultura afro-brasileira. O pró-reitor também ressaltou a importância de, cada vez mais, serem integrados os conhecimentos acadêmico e popular: “O resultado disso é o fortalecimento dos dois lados.”
Apesar de esse ser o primeiro convênio firmado entre as partes, já há uma história que entrelaça a Unicamp e o Clube. Isso, porque diversos servidores da Universidade já participaram ou participam da instituição. É o caso de Ronaldo Luis de Almeida, funcionário da Unicamp há 35 anos e presidente do clube há 20. Ele falou com entusiasmo a respeito desta e de outras parcerias que estão se consolidando, apontando um novo momento para o Clube e citando um projeto de cursinho pré-vestibular para auxiliar os jovens a ingressarem na Universidade.
Fundado em 1945, o Machadinho é um espaço de mobilização, cultura e acolhimento à comunidade negra, mas também a imigrantes e outros grupos sociais, sendo considerado um quilombo urbano – mesmo que o reconhecimento oficial ainda não tenha ocorrido. O nome remete ao primeiro presidente “Benedito Carlos Machado” – um dos cinco soldados negros campineiros que, ao retornarem da 2ª Guerra Mundial, se viram impedidos de participar de outros clubes culturais da época devido ao preconceito racial. “O espaço foi doado por herança perpétua do senhor Machado a toda a comunidade negra da cidade. Hoje, somos abertos a todos, mas a casa nasceu com uma simbologia muito importante que procuramos preservar”, afirmou Almeida.
Também compuseram a mesa de honra a representante da Secretaria de Cultura e Turismo do Município de Campinas e do Conselho de Desenvolvimento e de Participação da Comunidade Negra de Campinas Cíntia Dandewara Pereira, o conselheiro do Clube Machadinho Robson José de Almeida e a vice-presidente do Clube Yone Ribeiro da Silva.
