O reitor da Unicamp, professor Paulo Cesar Montagner, ministrou, nesta quinta-feira (16), a palestra “A Unicamp chega aos 60, com orgulho e desafios”, no Auditório da Escola de Educação Corporativa da Unicamp (Educorp). A exposição deu-se no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Gestores (PDG), que tem como público-alvo diretores, coordenadores e assistentes técnicos da Universidade.
Durante a exposição, Montagner fez um balanço da trajetória institucional da Universidade, desde a sua inauguração até a contemporaneidade – quando está prestes a fazer 60 anos –, aproximando a comunidade das discussões sobre o presente e o futuro da instituição.

Ao iniciar sua fala, o reitor destacou marcos importantes da história da Unicamp, entre os quais a autonomia universitária, instituída em 1989 e considerada um dos pilares da consolidação da universidade pública paulista. Também ressaltou o Projeto Qualidade, que tornou o título de doutor mandatório para os docentes, resultando em um corpo docente hoje quase integralmente composto por titulados.
Outro ponto lembrado foi a aquisição da Fazenda Argentina, em 2014, considerada pelo dirigente uma das decisões estratégicas mais relevantes para o futuro da Universidade. Ademais, Montagner destacou também o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (Hids) — que representa simultaneamente um grande desafio e uma oportunidade para o futuro da Unicamp.
Montagner apresentou dados de desempenho acadêmico baseados em rankings internacionais, como o QS e o Times Higher Education (THE), e nacionais, como dados do Ranking Universitário Folha (RUF), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Ministério da Educação (MEC), que colocam a Unicamp entre as melhores universidades do Brasil e do mundo.
Além disso, ressaltou a força da pós-graduação da universidade, onde 45% dos cursos de pós-graduação possuem nota entre seis e sete e a ampla maioria tem nota acima de cinco. “Isso é trabalho de todos nós. Não só dos alunos e docentes, mas também de todos os nossos servidores que cuidam disso, que fazem a máquina andar”, completou.
O reitor destacou ainda as informações da plataforma Overton.io, segundo a qual 11.462 publicações da Unicamp contribuíram para a formulação de legislações e políticas públicas em diversos países, especialmente nas áreas de saúde, meio ambiente e agricultura.
Ingresso e permanência
Montagner ressaltou os avanços nas políticas de acesso e inclusão, lembrando que a Unicamp diversificou suas formas de ingresso ao longo dos anos, com o vestibular tradicional, cotas étnico-raciais, vagas olímpicas, vestibular indígena, o Provão Paulista e o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (Profis).
Atualmente, 44% dos ingressantes vêm de escolas públicas, e houve aumento significativo no número de estudantes indígenas e de pessoas com deficiência (PcD). As ações afirmativas dobraram nos últimos 15 anos, consolidando o compromisso institucional com a inclusão.
O reitor também destacou o crescimento do orçamento destinado à permanência estudantil, que passou de R$ 80 milhões para R$ 160 milhões nos últimos quatro anos, sendo referência nacional. Além disso, cerca da metade dos estudantes recebe algum tipo de apoio. Entre as conquistas recentes, Montagner mencionou a ampliação do horário de funcionamento dos restaurantes universitários e o anúncio da expansão da moradia estudantil.

Pesquisa e inovação
Montagner explicou que as pesquisas na pós-graduação não são mais realizadas apenas nas unidades de ensino e em programas de pós-graduação. Há também os grandes centros temáticos – uma tendência mundial – que, na Unicamp, aparecem em projetos como o AmazonFace, Dune e Brave e devem se expandir ainda mais, trazendo desafios de gerenciamento de espaço físico, recursos humanos e de legislação. “Eu julgo esse um dos nossos maiores desafios. Nós temos que nos preparar e projetar isso para o futuro”, disse.
O reitor destacou ainda a Agência de Inovação da Unicamp (Inova), com mais de mil empresas-filhas, responsáveis por R$ 28 bilhões em faturamento e cerca de 58 mil empregos na região – demonstrando como o investimento na universidade retorna para a sociedade, pois os números são muito mais amplos do que os valores investidos na Unicamp.
Sustentabilidade, complexo de saúde e gestão de pessoas
O discurso da sustentabilidade esteve presente em toda palestra, desde o fato de a Unicamp figurar entre as 5% universidades mais sustentáveis, passando pelo Hids, que reservou 25% de área para construção e 75% de áreas verdes e pelas iniciativas de sustentabilidade, como as microredes de energia e os ônibus elétricos.
Além disso, o reitor manifestou o interesse em investir na sustentabilidade de forma mais orgânica, por meio de uma diretoria.
O complexo de saúde atende 6,5 milhões de pessoas, realizando diariamente um transplante e dez partos, em média. Debate-se sua transformação em autarquia, semelhante ao modelo da Unesp, para ampliar recursos e autonomia. Segundo o reitor, a medida poderia garantir mais recursos.
No âmbito da Gestão de pessoas, Montagner enfatizou a crescente qualificação do quadro funcional e a necessidade de aprimorar carreiras, progressão funcional e gestão do conhecimento. Destacou ainda o compromisso com o bem-estar, saúde mental e escuta ativa dos diversos segmentos que compõem a comunidade.
Desafios Futuros
Os desafios futuros para a gestão da Universidade de acordo com Montagner:
● Defesa inegociável da universidade pública, gratuita, de qualidade e com autonomia;
● Dedicação no acompanhamento e equilíbrio nas propostas oriundas da reforma tributária;
● Compromissos com os direitos, a saúde e o bem-estar das pessoas;
● Sustentabilidade e acessibilidade avançando na construção de uma universidade ambientalmente responsável e justa;
● Criação de condições que favoreçam a convivência intergeracional, o acolhimento de novas gerações e a valorização da memória institucional.
● Diálogo com a sociedade e promoção da inovação com inclusão