O projeto de expansão das atividades acadêmicas da Unicamp a partir do processo de autarquização da área da saúde prevê investimentos de aproximadamente R$ 545 milhões em infraestrutura, segundo plano entregue pelo Grupo de Trabalho, que fundamentou a proposta a ser submetida ao Conselho Universitário (Consu), na sessão do dia 2 de dezembro.
De acordo com o plano, os recursos serão aplicados na construção de dois novos ciclos básicos; na criação de salas de aulas, em reformas de laboratórios e ambientes multiuso, na construção e reforma de restaurantes universitários, bem como na recuperação ou restauração de unidades já existentes, entre outros.
O projeto de expansão também prevê que, até 2036, haverá aumento no número de cursos; mais de 11,5 mil novos estudantes de graduação e de pós; e a contratação de mais de 2 mil novos servidores – sendo 614 docentes e de 1.390 funcionários.
O projeto será apresentado à comunidade nas próximas semanas. Nesta quarta-feira, 26 de novembro, será mostrado aos diretores de Unidades; no dia 28, aos representantes docentes no Consu, e, no dia 1º de dezembro, aos representantes discentes e servidores no conselho universitário.

A proposta
A proposta sugere um novo modelo de gestão para a área da saúde – que passaria a ser vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para fins orçamentários e de gestão, mas permaneceria ligada à Universidade no campo do ensino, do treinamento de estudantes de cursos de graduação e pós-graduação e do aperfeiçoamento de médicos. O complexo de saúde da Universidade também permaneceria com atendimento integral a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Hoje, a Área da Saúde está inserida no organograma da Unicamp. Por isso, a Universidade é responsável pelo seu custeio, que, no ano de 2025, deverá atingir aproximadamente R$ 1,1 bilhão.
De acordo com o projeto, a transformação em autarquia do setor de assistência à saúde da Universidade deverá seguir um modelo já consolidado nas Faculdades de Medicina da USP e da Unesp, em Botucatu.
Os investimentos estimados para viabilizar o processo de expansão decorrerão, segundo o projeto, do alívio gradual da pressão sobre a capacidade de autofinanciamento da Unicamp, já que a Secretaria de Saúde passará a assumir, de forma escalonada, as responsabilidades financeiras relativas às unidades assistenciais. A partir de 2028, está prevista a aceitação gradual do custeio operacional desses serviços, e, a partir de 2031, o início do ressarcimento integral da folha de pagamento dos servidores da área da saúde atualmente vinculados à Unicamp.

O projeto garante que serão asseguradas aos servidores “todas as vantagens e benefícios atualmente recebidos” – como auxílio-transporte, vale-refeição, auxílio-criança, auxílio educação especial, vale-alimentação e auxílio-saúde. Também será garantida a possibilidade de participação em processos formativos, de progressão na carreira e nos prêmios oferecidos pela Universidade.

O diretor executivo da Área da Saúde da Unicamp, professor Luiz Carlos Zeferino, lembra que o Complexo de Saúde da Unicamp faz atendimento SUS em uma macrorregião formada por 90 municípios, onde vivem cerca de 6 milhões de habitantes. Apesar disso, argumenta, é apenas a 4ª estrutura de atendimento hospitalar universitário do interior do estado de São Paulo. Segundo Zeferino, a autarquização é necessária, pois a Universidade não tem capacidade para novos investimentos na área.

Impulso
Com o novo modelo, a Universidade espera ganhar fôlego para ampliar a oferta de cursos nos campi de Campinas, Piracicaba e Limeira, abrir novas vagas nos vestibulares e contratar mais professores e servidores.
De acordo com o plano, a expansão de vagas na graduação e na pós-graduação começaria em 2027. O processo considera a abertura total de 800 novas vagas em novos cursos e mais 300 vagas em cursos já existentes, distribuídas ao longo dos anos. A partir dessa expansão, a previsão é de crescimento contínuo das matrículas de graduação, alcançando 7.700 novos alunos acumulados até 2036.
Para a pós-graduação, está sendo projetado crescimento no ingresso de alunos a partir de 2030, resultando em 3.850 novos alunos a partir de 2036, que corresponde a 50% dos novos ingressantes da graduação em cursos novos. No total, em 2036, a Unicamp passaria a contar com 11.550 novos alunos.
O planejamento operacional prevê reforço equivalente no corpo funcional.
Considerando as relações definidas pela Universidade, de 19,1 alunos por docente e 8,4 alunos por técnico-administrativo, estima-se, até 2036, um acréscimo acumulado de 614 docentes e 1.390 servidores Paepe (Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão).
Dessa forma, a ampliação proposta representará um total de 13.554 novas
pessoas em circulação na Universidade e um grande incremento nas atividades acadêmicas a partir de 2036, entre alunos e servidores.
Essa expansão, segundo o plano, seria sustentada pelo novo modelo de gestão, já que o financiamento da área de saúde deixará de ser uma atribuição da Universidade. “Essa estratégia conjuga o investimento direto da Universidade com a progressiva descompressão de sua capacidade de autofinanciamento, viabilizada pela vinculação administrativa e orçamentária das unidades assistenciais à Secretaria Estadual de Saúde”, explica Zeferino.
Novo modelo
Pela proposta, a nova autarquia será denominada Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp) e reunirá oito órgãos, entre eles, o Hospital Central (HC) e o Hospital da Mulher.
O HC-Unicamp terá como estrutura básica a presidência, um conselho deliberativo e órgãos técnicos e administrativos. O conselho será composto por nove membros – o presidente do HC-Unicamp, o diretor e o vice-diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), membros do corpo docente das faculdades de Enfermagem, de Ciências Farmacêuticas e da Odontologia e representante de servidores.
A nova autarquia:

