Em uma reunião na segunda-feira de nove de março de 2020, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, criou um grupo de trabalho para discutir a preparação da universidade diante da pandemia da Covid-19. O grupo reuniu-se pela primeira vez no dia seguinte e, antes do final daquela mesma semana, quinta-feira, a Unicamp interrompeu suas atividades presenciais. Eram ainda 25 casos confirmados no dia nove, 52 naquela quinta-feira, mais de 178 mil exatos dois meses depois. Interrompidas as aulas presenciais (praticamente todas as disciplinas continuam sendo oferecidas de maneiras não presenciais), a universidade não parou suas pesquisas: já na semana seguinte organizava-se a Força-Tarefa Unicamp contra a Covid-19, a partir de docentes do Instituto de Biologia, propondo várias frentes de atuação com os pesquisadores adaptando seus projetos de pesquisa para enfrentar a pandemia.
Os resultados iniciais desse esforço já estão a serviço da população, pois os cientistas desenvolveram e validaram rapidamente um teste diagnóstico padrão ouro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para agilizar os testes de doentes suspeitos que chegavam ao sistema de saúde da Unicamp. Em pouco tempo, foi ultrapassada a marca de 1000 testes realizados. Outra preocupação era urgente: a massificação dos testes precisa de insumos importados e a força-tarefa trabalha na validação de insumos nacionais para superar essa dependência. Mas os resultados não foram alcançados apenas nessa frente: a devastadora doença ataca muito além das vias respiratórias e um grupo de pesquisa identificou sua ação sobre os neurônios, por exemplo. Matemáticos e engenheiros debruçaram-se sobre os números e modelos, criando projeções que rapidamente passaram a conscientizar a população e informar as ações da universidade e de políticas públicas sobre a necessidade do isolamento social. A mobilização disseminou-se pelos institutos, faculdades e centros de pesquisa da universidade, pois as dimensões do problema, que afetam a condição humana, são vastas.
Como articular essas e outras ações? Na semana passada ,a Pró-reitoria de Pesquisa da Unicamp enviou uma mensagem para a comunidade universitária perguntando sobre o interesse de aderir à força-tarefa e os interessados poderiam preencher um rápido formulário, descrevendo rapidamente a pesquisa ou atividade relativa à Covid-19. A resposta foi imediata e no sítio da força-tarefa pode-se acessar algumas informações sobre os 70 projetos já registrados.
Os projetos vão desde, naturalmente, as ciências biológicas e saúde, até a história da arte, passando pelas engenharias, ciência dos materiais, matemática, química, física, educação, física, demografia e divulgação científica. São frentes em busca de vacinas, desenvolvendo testes-clínicos, observando interações medicamentosas, investigando mecanismos de ação do vírus no corpo humano; aprimorando equipamentos; informando o público, buscando formas de ensino em diferentes áreas do conhecimento, estudando o registro dessa época; avaliando os efeitos da pandemia em situações de vulnerabilidade, em crianças e adolescentes; procurando melhorias das condições de pacientes, entre outros. São iniciativas desenvolvidas em 18 faculdades e institutos diferentes, além de sete centros e núcleos de pesquisa interdisciplinar, envolvendo mais de 500 pesquisadores entre docentes, pesquisadores e estudantes.
Algumas respostas já vieram, outras virão em breve e muitas nos serão úteis no que se seguirá após a pandemia.