Reitora em exercício defende medidas de equidade de gênero nas universidades em evento na USP

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Da esquerda para direita, a pró-reitora da UFABC, Cláudia Vieira; a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, o reitor da USP, Carlos Carlotti; a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda; a reitora em exercício da Unicamp, Maria Luiza Moretti e coordenadora do GT gênero do COIAna Elisa Bechara
Na mesa de abertura, da esquerda para direita, a pró-reitora da UFABC, Cláudia Vieira; a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, o reitor da USP, Carlos Carlotti; a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda; a reitora em exercício da Unicamp, Maria Luiza Moretti e coordenadora do GT gênero do COI Ana Elisa Bechara 

A reitora em exercício da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, defendeu, nesta sexta-feira (8), quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, a adoção de medidas de redução da desigualdade de gênero nas carreiras científicas e no Sistema de Justiça do Brasil. Segundo ela, apesar do avanço verificado nos últimos anos, a ocupação de cargos de comando ainda é desigual entre homens e mulheres.

“Precisamos estudar com profundidade as razões pelas quais as mulheres ainda não alcançam os cargos de alta liderança nessas instituições”, afirmou ela, na abertura de um evento organizado pelo Centro Observatório das Instituições Brasileiras (COI), realizado pela manhã na Universidade de São Paulo (USP).

Criado no ano passado, o COI é um organismo que reúne professores, pesquisadores e personalidades brasileiras, com o objetivo de desenvolver atividades científicas relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão. Presidido pelo ex-ministro do STF e atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o COI atua em seis áreas, entre elas a de gênero. As outras são: democracia, desigualdade, meio ambiente, cultura e segurança. 

Maria Luiza Moretti apresentou, no fórum, dados sobre a Unicamp para demonstrar a falta de equidade de gênero. “Apenas 8,3% dos cargos de direção nos órgãos e institutos da Unicamp são ocupados por mulheres”, revelou. “O curioso é que 58,3% dos cargos de diretoras associadas — que são equivalentes ao de vice-diretora — são ocupados por mulheres”, ressalta. “Porque a mulher chega a vice-diretora e não a diretora?”, questionou ela.

A professora disse que fenômeno semelhante ocorre no desenvolvimento da carreira docente das mulheres. Segundo ela, a Universidade conta 44% de mulheres no nível MS3-1 — o ponto inicial da carreira —, mas elas ocupam  apenas 27% das vagas para professor titular. “Precisamos descobrir o que leva essas mulheres a não avançarem na carreira”, argumenta.

O reitor da USP, professor Carlos Carlotti, disse que o Dia Internacional da Mulher pode ser consagrado à celebração das conquistas, mas, antes disso, deve ser lembrado como um alerta para as medidas que ainda precisam ser tomadas. “Ainda há muito a se fazer”, alertou o reitor, que pediu um esforço conjunto das universidades públicas, tanto estaduais quanto federais, no sentido de criar regras e mecanismos que favoreçam a construção da equidade de gênero. “Precisamos refletir sobre os dados e incorporar as boas práticas que uma ou outra universidade já estejam adotando”, acrescentou ele.

A reitora em exercício Maria Luiza Moretti: a Universidade conta 44% de mulheres no nível MS3-1 — o ponto inicial da carreira —, mas elas ocupam apenas 27% das vagas de professor titular
O evento na USP também serviu para formalizar a criação de um grupo de trabalho para padronizar as bases de dados relativas a gênero em todas as universidades públicas de São Paulo

Uma destas boas práticas pode ser verificada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo dados apresentados pela reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, 52% dos cargos de docente na universidade são ocupados por mulheres, fenômeno que também ocorre em outras áreas. “Mulheres ocupam 62% dos cargos de áreas técnicas e 55% dos cargos de chefia; 59% das mulheres estão nos cursos de graduação e 60% na pós”, diz ela.

Ainda assim, há problemas. “Nosso maior desafio no momento é reduzir as disparidades quando falamos da questão étnico-racial. As mulheres negras e pardas, nestas mesmas áreas, não chegam sequer a 20%”, disse a reitora. “Precisamos pensar urgentemente em diretrizes que possam construir uma equidade”, disse ela.

Para a vice-reitora da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda — uma das idealizadoras do evento —, é fundamental promover a reflexão sobre a exclusão histórica das mulheres nos espaços institucionais. Para isso, disse ela, é preciso levantar e uniformizar dados que possam subsidiar políticas de redução da desigualdade. “O COI tem a perspectiva de projetar as questões referentes à realidade brasileira, mas não apenas pelo ponto de vista da retrospectiva. O objetivo do COI é construir o futuro”, afirmou ela.

O encontro contou ainda com a presença da pró-reitora de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas da Universidade Federal do ABC, Cláudia Regina Vieira. O evento na USP também serviu para formalizar a criação de um grupo de trabalho para padronizar as bases de dados relativas a gênero em todas as universidades públicas de São Paulo.

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A reitora em exercício Maria Luiza Moretti: a Universidade conta 44% de mulheres no nível MS3-1 — o ponto inicial da carreira —, mas elas ocupam apenas 27% das vagas de professor titular 

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