A gestão 2017-2021 alcançou sucessivos marcos no campo da inovação. O período foi encerrado com números superlativos no que se refere ao licenciamento de tecnologias desenvolvidas na Unicamp e à concessão de patentes no Brasil e no exterior. Os indicadores de 2020, para ficar apenas em um exemplo emblemático, corroboram o sucesso das estratégias adotadas pela Universidade no quadriênio.
No último ano “cheio” da gestão, foram assinados 48 novos contratos com empresas para exploração de propriedade intelectual – o maior número desde o início do levantamento, em 2001 –, alcançando-se os recordes de 170 licenças vigentes e R$ 1,9 milhão em ganhos econômicos. Também em 2020, foram concedidas à Unicamp 106 novas patentes (101 delas no Brasil) – 48% a mais do que em 2018, o segundo melhor ano da série histórica.
Merecem destaque, ainda, os dados relativos às “filhas da Unicamp”, empresas cujos fundadores mantêm ou já mantiveram algum tipo de vínculo com a Universidade, ou cujo principal produto se baseie em tecnologia oriunda da instituição. Conforme detalhado no último capítulo da primeira parte deste relatório, o número de empresas-filhas cadastradas na base da Agência de Inovação da Unicamp (Inova) chegou a 1.038 em 2020. Deste total, 929 mantinham-se ativas, somando 33.315 postos de trabalho e R$ 8 bilhões de faturamento (valor nominal).
Nova perspectiva
O ponto de inflexão nesta bem-sucedida trajetória foi a mudança de abordagem adotada pela gestão, por meio da Inova, com relação ao patenteamento de tecnologias da Universidade, que passou a ser visto como uma ferramenta para o estabelecimento de novos negócios. Sob esta nova perspectiva, mais analítica e que leva em conta toda a cadeia produtiva, da bancada à prateleira, critérios como interesse do mercado em absorver um know-how, grau de inovação da tecnologia e potencial de geração de spin-off tornaram-se relevantes para a decisão de submeter um pedido de patente nacional e/ou internacional.
Outro aspecto a ser destacado foi o investimento da Inova na implementação de sistemas digitais que facilitaram o contato com o público-alvo da agência – de pesquisadores a representantes de empresas –, conferindo agilidade aos seus processos administrativos. Um exemplo que cabe mencionar foi o lançamento, em maio de 2019, de um sistema para que os docentes e pesquisadores da Universidade informassem a agência sobre novos projetos em andamento, encurtando o tempo necessário para a concretização de convênios com o setor empresarial. Esta, entre outras iniciativas, veio na esteira das novas diretrizes, aprovadas pelo Conselho Universitário (Consu), em dezembro de 2018, que atribuíram única e exclusivamente à Inova a responsabilidade na negociação de convênios de pesquisa e desenvolvimento.
Um segundo passo que impulsionou o novo modus operandi da agência foi a aprovação, em 2019, também pelo órgão máximo da Universidade, da Política de Inovação da Unicamp, cujo alcance abrangeu desde os princípios sobre a relação da instituição com os setores público e empresarial até o compartilhamento de laboratórios e equipamentos de pesquisa. Como resultado de discussões prévias na comunidade, também foram incluídas na emenda original do documento os princípios da atuação da Unicamp com relação à economia solidária e à formulação de políticas públicas.
Já sob a nova política, a Inova conduziu, entre outras iniciativas, um projeto-piloto em parceria com a Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) – uma das unidades da Unicamp mais ativas nas áreas de inovação e empreendedorismo –, no último trimestre de 2020, visando à implantação de um programa de análise estratégica do portfólio de patentes da Universidade. O novo processo classifica as patentes segundo aspectos legais, técnicos e de mercado com base em informações fornecidas pelos respectivos inventores e por representantes do mercado e da Inova.
Localização estratégica
Conforme detalhado no capítulo 5 da primeira parte deste relatório, a Inova mudou-se para a sede da antiga Fazenda Argentina, reformada durante a gestão por meio de parceria com a Campinas Decor, organizadora da maior mostra de decoração e arquitetura da região.
A mudança inseriu a Inova em uma localização duplamente estratégica: no interior do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, cujos limites foram ampliados em 2020, e no centro do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), modelo de distrito inteligente que começou a ser implantado durante a gestão em parceria com a prefeitura de Campinas, o governo do Estado e outras instituições de ensino e pesquisa (leia mais).
A inserção da Inova no Parque Científico e Tecnológico foi representativa dos esforços da gestão para tornar referência esta área destinada a abrigar startups e laboratórios de empresas que conduzem projetos de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a Universidade. Além do “Núcleo” e do prédio da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), o parque passou a contar com outros quatro edifícios ao longo do quadriênio, como mostra o quadro abaixo:
*Finep: Financiadora de Estudos e Projetos
Em outra frente, a Inova criou o programa Global Partners, em 2019, com o objetivo de ampliar suas parcerias internacionais. Por meio do programa, foram oferecidas oportunidades de treinamento e qualificação para profissionais brasileiros das áreas de inovação e empreendedorismo, ao mesmo tempo em que se facilitou o acesso de startups estrangeiras à Unicamp e ao mercado nacional. O Global Partners dirigiu-se inicialmente a parceiros da África e da América Latina. Em 2020, com a migração das atividades para o ambiente virtual, motivada pela pandemia de covid-19, foram agregados parceiros da Europa e América do Norte.
Cabe ressaltar, ainda, a parceria anunciada em dezembro de 2020 que fez da Unicamp uma das sedes do programa de inovação e capacitação tecnológica Samsung Ocean, voltado à criação de novas startups. Com sede no Parque Científico e Tecnológico, o programa selou uma relação iniciada em 2012, quando a empresa começou a trabalhar com a Universidade em projetos de pesquisa e desenvolvimento.
Formação de empreendedores
A gestão procurou incentivar o desenvolvimento do empreendedorismo entre os alunos da Unicamp. Houve um estímulo ao oferecimento de disciplinas relacionadas ao universo empreendedor, apresentando-o como uma real opção de carreira. Levantamento realizado pela Inova em 2019 apontou a existência de 22 disciplinas cuja temática abrangia a cultura da inovação e da criatividade e os principais conceitos e ferramentas de apoio ao empreendedor, entre outros exemplos. Cinco destas disciplinas eram obrigatórias. Neste contexto, vale ressaltar a aprovação em 2020, pelo Consu, de normas internas para o reconhecimento de empresas juniores, disciplinando também suas relações com a Universidade.
Em uma frente mais ampla, a gestão fortaleceu programas como o Desafio Unicamp e o Inova Jovem, ambos coordenados pela agência e abertos também à comunidade externa. O primeiro trata-se de uma competição de modelagem de negócios baseada em tecnologias desenvolvidas na Unicamp. Reconhecido pelo Ranking de Universidades Empreendedoras, em 2019, como a melhor prática inovadora do país, o programa chegou, no ano seguinte, à sua decima edição, somando mais de 2,5 mil participantes.
Já o Inova Jovem tem o objetivo de capacitar alunos de ensino médio e técnico em modelagem de negócio, empreendedorismo e inovação, incentivando-os a criar projetos com impacto social. Cinco dos 17 objetivos de desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) foram incorporados à competição de 2020, refletindo a ênfase dada pela gestão a este tema em diferentes ações institucionais.
No campo do apoio à inclusão e à diversidade étnico-racial, outro tema caro à gestão, o projeto InovaAfro, fruto de parceria entre a Unicamp e a Faculdade Zumbi dos Palmares, promoveu atividades que possibilitaram a troca de experiências e conhecimentos relativos ao afroempreendedorismo e à representatividade negra no mercado de trabalho.