A gestão 2017-2021 dedicou-se, ao longo de todo o quadriênio, à tarefa de modernizar e profissionalizar o funcionamento administrativo da Universidade. O trabalho compreendeu a criação e o remanejamento de órgãos na esfera da Administração Central; a implantação do modelo de gestão estratégica em toda a instituição; e a adequação da Unicamp à legislação vigente para temas como acesso à informação e proteção de dados institucionais. O que se buscou, de modo geral, foi eliminar antigos entraves que favoreciam o desperdício, a ineficiência e a falta de transparência – distorções inaceitáveis no contexto do século XXI, sobretudo em um momento de grave crise financeira interna e múltiplos ataques à ciência e às universidades públicas.
Criação e remanejamento de órgãos na Administração Central
As alterações na estrutura da Administração Central começaram a ser feitas nos primeiros meses da gestão. A mais expressiva consistiu na criação de cinco diretorias executivas vinculadas ao Gabinete do Reitor. Duas delas, as Diretorias Executivas de Administração (DEA) e de Relações Internacionais (DERI), substituíram as vice-reitorias executivas de mesmo nome – VREA e VRERI, respectivamente – instituídas no quadriênio anterior. As outras três foram concebidas para dar maior congruência às ações da Universidade nas áreas da saúde, de planejamento integrado e de ensino pré-universitário. Uma sexta diretoria executiva foi criada posteriormente, em 2019, para coordenar as atividades da Unicamp relacionadas à defesa dos direitos humanos (leia mais).
Atribuições das Diretorias Executivas
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Diretoria Executiva de Administração (DEA)
Substituiu a Vice-Reitoria Executiva de Administração (VREA), instituída no quadriênio anterior. Com a missão de promover soluções integradas para a Universidade nas áreas de administração, serviços, infraestrutura, e tecnologia de informação e comunicação, reúne os seguintes órgãos sob sua coordenação: Centro de Computação (CCUEC), Centro para Manutenção de Equipamentos (Cemeq), Diretoria Geral da Administração (DGA), Prefeitura da Unicamp, Secretaria de Administração Regional (SAR) e Secretaria de Vivência nos Campi (SVC).
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Diretoria Executiva da Área da Saúde (DEAS)
Criada para unificar e consolidar ações estratégicas para o desenvolvimento sustentável do complexo de saúde da Unicamp, composto pelos Hospitais de Clínicas (HC), da Mulher Prof. José Aristodemo Pinotti (Caism), Estadual Sumaré (HES) e Regional Piracicaba (HER); pelos Centros de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro), de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro) e de Saúde da Comunidade (Cecom); e pelos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) de Amparo, Limeira, Mogi Guaçu, Piracicaba, Rio Claro, Santa Bárbara d’Oeste e São João da Boa Vista.
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Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH)
Coordena as ações institucionais visando à promoção dos direitos humanos na comunidade acadêmica e na sociedade como um todo. Sua estrutura compreende as Comissões Assessoras de Acessibilidade; da Política de Combate à Discriminação Baseada em Gênero e/ou Sexualidade e à Violência Sexual; de Diversidade Étnico-Racial; para a Inclusão e Participação de Povos Indígenas; da Cátedra Sérgio Vieira de Mello; e do Observatório de Direitos Humanos (ODH).
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Diretoria Executiva de Ensino Pré-Universitário (DEEPU)
Gerencia o sistema de ensino pré-universitário da Unicamp, composto pela Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEdIC) e pelos Colégios Técnicos de Campinas (Cotuca) e de Limeira (Cotil), e representa a Universidade perante às secretarias estaduais e municipais relacionadas à educação infantil e aos ensinos fundamental, ensino médio e técnico.
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Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI)
Incorporou à sua estrutura o Grupo Gestor Universidade Sustentável (GGUS) e a Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO), tornando-se responsável por planejar o desenvolvimento territorial da Unicamp no médio e no longo prazo, por meio da elaboração de um plano diretor; realizar a gestão ambiental e dos resíduos gerados na instituição, fiscalizar e gerenciar empreendimentos nos seis campi universitários, e coordenar o projeto do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), entre outras tarefas.
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Diretoria Executiva de Relações Internacionais (DERI)
Substituiu a Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais (VRERI), instituída no quadriênio anterior. Centraliza e coordena as ações de internacionalização da Unicamp, responsabilizando-se pelo estabelecimento e gerenciamento de parcerias e convênios com instituições estrangeiras e pelos processos de mobilidade estudantil.
Para além das diretorias executivas, vale destacar a criação das Secretarias de Administração Regional (SAR) e de Vivência nos Campi (SVC), ambas vinculadas à DEA. A primeira assumiu a coordenação dos serviços de infraestrutura urbana nos campi da Unicamp em Limeira e Piracicaba, passando também a representar as unidades instaladas nestas cidades perante a Reitoria e instituições externas. A SVC, por sua vez, incorporou serviços e programas anteriormente ligados à Prefeitura do Campus e à Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), tornando-se o órgão de referência para questões relacionados à segurança universitária (leia mais).
Com relação aos remanejamentos realizados na esfera da Administração Central, merecem destaque as transferências do Programa UniversIDADE e dos Museus de Artes Visuais (MAV) e Exploratório de Ciências, anteriormente apensos ao Gabinete do Reitor (GR), bem como da coordenação dos Fóruns Permanentes da Unicamp, vinculada à CGU, para a então denominada Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac). Em abril de 2018, a Preac teve seu nome alterado para Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC). A mudança refletiu o resultado de um amplo processo de reestruturação do órgão, detalhado no terceiro capítulo da segunda parte deste relatório.
Os remanejamentos englobaram ainda, entre outros exemplos, as transferências para a CGU da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH), anteriormente ligada ao GR, e da coordenação do processo de avaliação institucional, atrelada à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU).
Introdução do modelo de gestão estratégica
A migração da avaliação institucional para a CGU, que já era responsável pela elaboração do Planejamento Estratégico da Unicamp (Planes), teve grande impacto sobre o funcionamento administrativo da Unicamp, na medida em que possibilitou a introdução do modelo de gestão estratégica em toda a Universidade. Neste modelo, o diagnóstico interno fornecido pela avaliação deixa de ser apenas fonte de informação para a prestação de contas à sociedade, passando a servir também como base para a proposição de projetos estratégicos para o desenvolvimento da instituição.
Já no comando dos dois processos, a CGU dedicou-se simultaneamente à organização da avaliação institucional referente aos anos de 2014 a 2018 e a uma revisão do Planes 2016-2020, aprovado pelo Conselho Universitário (Consu) no final de 2015. A revisão norteou a escolha de 73 projetos estratégicos alinhados com os objetivos do Planes, a ser executados por diferentes órgãos e unidades da Universidade, total ou parcialmente, no decorrer da gestão. O andamento de cada um deles pôde ser acompanhado de forma detalhada e transparente pela plataforma online GePlanes, acessível à comunidade acadêmica e ao público externo.
Avaliação Institucional 2014-2018
A gestão foi responsável pela organização da avaliação institucional referente aos anos de 2014 a 2018 e pela elaboração do Planejamento Estratégico da Unicamp (Planes) para o período de 2021 a 2025. Conforme preconiza o modelo de gestão estratégica, os dois processos foram conduzidos pelo mesmo órgão – a Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) –, fato inédito até então.
O processo avaliatório teve início em 2018 com a revisão e aprimoramento dos instrumentos de análise utilizados no ciclo anterior, estendendo-se por dois anos até a aprovação do relatório final pelo Conselho Universitário (Consu), em 8 de setembro de 2020. O relatório foi o primeiro em quase três décadas a reunir todos os resultados da avaliação em um único documento. Isto foi possível pelo fato de a Universidade ter sido avaliada como um todo, e não de forma fragmentada, como se fazia anteriormente.
A avaliação 2014-2018 teve ainda outras novidades: a incorporação das unidades da Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEdIC); a inclusão, no relatório final, de considerações relativas ao destino profissional dos egressos da Unicamp e às inovações sociais e tecnológicas resultantes da aplicação do conhecimento gerado na Universidade; e a participação de um comitê de sete especialistas vinculados a renomadas instituições estrangeiras. Devido à crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19, o comitê internacional não pôde visitar a Unicamp, como estava previsto. O processo foi adaptado para que os especialistas trabalhassem remotamente, revisando e discutindo os dados coletados e apresentados pelos avaliadores internos.
Terminada a avaliação externa, um grupo de trabalho foi constituído para realizar a meta-análise do processo, visando ao seu aperfeiçoamento. A incorporação dos órgãos da Administração Central e das unidades que compõem a área da saúde é um dos pontos a ser considerados nas próximas avaliações.
O relatório final da avaliação institucional 2014-2018 está disponível no site da CGU.
Planejamento Estratégico 2021-2025
O processo de elaboração do Planejamento Estratégico da Unicamp (Planes) para o período de 2021 a 2025 teve início imediatamente após a aprovação do relatório final da Avaliação Institucional 2014-2018 pelo Conselho Universitário (Consu).
Primeiramente, a gestão promoveu um ciclo de palestras virtuais para os membros do Consu sobre questões críticas para o futuro da Unicamp. As palestras foram ministradas por especialistas brasileiros e estrangeiros em ensino superior, entre os quais estavam alguns dos integrantes do comitê internacional que realizou a avaliação externa da Universidade.
Em seguida, conforme determina a metodologia já consolidada na Unicamp, conselheiros e dirigentes de órgãos da Administração Central participaram de oficinas voltadas à redefinição da identidade institucional; à elaboração de um diagnóstico sobre a situação da Universidade com base nos resultados da avaliação; e ao estabelecimento tanto dos novos objetivos estratégicos da instituição, como das estratégias para atingi-los. Assim como as palestras, as oficinas foram realizadas em ambiente virtual, em razão da pandemia de covid-19.
O Planes 2021-2025 foi aprovado pelo Consu em novembro de 2020 e está disponível no site da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU):
Desburocratizacão, regulamentação e inovação na administração universitária
A necessidade de modernizar e profissionalizar a administração da Unicamp foi evidenciada pelo número de projetos estratégicos direcionados à simplificação e desburocratização de processos, à redução da sobreposição de atividades e ao estabelecimento de procedimentos obrigatórios e transparentes para a tomada de decisões em determinadas áreas da Universidade. Abaixo estão relacionados alguns dos resultados destes projetos:
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Instituição de dispositivos permanentes para a simplificação de processos e procedimentos administrativos em toda a Universidade, baseados, entre outras diretrizes, no compartilhamento de informações entre os órgãos e unidades; na eliminação de formalidades e exigências internas desnecessárias; e na adoção de soluções tecnológicas voltadas à redução da tramitação física de documentos;
Abertura do Simplifica, canal institucional para envio de sugestões para o aprimoramento de serviços da Unicamp afetados pelo excesso de burocracia.
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Constituição de um acervo georreferenciado de recursos físicos e humanos da Unicamp, a ser utilizado como ferramenta de gestão e de planejamento territorial e estratégico;
Gestão Georreferenciada
Exemplos de como o georreferenciamento dos recursos físicos e humanos da Unicamp pode orientar a tomada de decisões e a elaboração de projetos estratégicos para o desenvolvimento da Universidade:
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Regulamentação da realização de reuniões e assembleias institucionais a distância, bem como de votações via sistema eletrônico;
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Redução do tempo necessário para a aprovação de convênios em razão da substituição, como instância decisória, do Consu, que se reúne cinco vezes por ano, por uma de suas duas câmaras – a de Administração (CAD) ou a de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), a depender do caso –, cujas reuniões ocorrem mensalmente;
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Constituição de um processo de planejamento territorial e monitoramento dos espaços dos campi por meio de indicadores de sustentabilidade de universidades (leia mais na página XX);
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Revisão do sistema de fornecimento de alimentação com o objetivo de reduzir despesas e simplificar os processos administrativos, abrangendo ações como a contratação de uma única empresa para executar os serviços relativos à operação dos restaurantes universitários e a definição de uma política de permissão de uso dos espaços físicos da universidade para o funcionamento de cantinas;
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Adesão da Unicamp à Rede Federal de Inovação no Setor Público (Rede InovaGov), iniciativa pioneira entre as universidades estaduais paulistas;
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Criação do Laboratório de Inovação em Gestão Pública da Unicamp (Lab. Gesta), voltado à proposição de ferramentas, metodologias e soluções inovadoras para a gestão universitária;
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Criação do Observatório Institucional da Unicamp, dedicado à realização de pesquisas de percepção pública sobre diferentes aspectos da Universidade cujos resultados possam orientar a formulação de políticas institucionais em múltiplas áreas.
Digitalização da Universidade
As tecnologias da informação e comunicação foram outro tema comum a um grande número de projetos estratégicos desenvolvidos ao longo da gestão, cujos objetivos específicos abrangiam desde a definição de uma nova forma de trabalho para o setor até a informatização de diferentes processos administrativos. A lista abaixo aponta alguns dos resultados alcançados por meio destes projetos:
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Reestruturação da Coordenadoria Integrada de Tecnologia da Informação e Comunicação (Citic), responsável na Reitoria por executar as determinações do órgão consultivo para a área, o ConTIC;
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Definição de um conjunto de práticas e padrões a ser observados pelos gestores, técnicos e usuários das tecnologias da informação e comunicação disponíveis na Universidade com o objetivo de garantir o seu bom funcionamento e preservar a integridade dos dados institucionais;
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Centralização da infraestrutura de TI por meio da implantação da nuvem computacional, possibilitando a liberação de espaço físico nos órgãos e unidades pela desocupação dos datacenters locais, a redução do consumo de energia, o aproveitamento mais racional dos recursos humanos e a melhoria da qualidade do serviço;
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Implantação de mecanismo de senha única para acesso a todos os sistemas computacionais da Universidade;
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Migração dos diferentes serviços de e-mail coorporativo existentes na Unicamp para a ferramenta G Suite do Google, possibilitando a utilização de um único nome de domínio – o unicamp.br – em toda a Universidade;
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Informatização do processo de solicitação e aprovação de vagas para a Carreira dos Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Paepe);
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Automatização da coleta e integração da gestão de dados institucionais para numerosas finalidades, tais como a composição dos anuários estatísticos da Unicamp, o fornecimento de indicadores estratégicos para os dirigentes da Universidade e o envio de informações para organizadores de rankings nacionais e internacionais em diversas áreas, entre outras possibilidades;
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Desenvolvimento e implantação de sistemas computacionais para:
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Produção, tramitação, arquivamento, avaliação, acesso e controle de processos e documentos avulsos, com possibilidade de utilização de assinatura digital, comum a todos órgãos e unidades da Unicamp;
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Cadastro, formalização, tramitação, elaboração e registro de termos aditivos, e acompanhamento da execução e encerramento dos convênios firmados pela Universidade, totalmente integrado ao sistema de processo digital;
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Acesso digital a cinco serviços prestados pela Diretoria Acadêmica (DAC) a alunos de graduação e pós-graduação: entrega de documentos, trancamento e cancelamento de matrícula, inclusão de nome social no cadastro do estudante e solicitação de declarações diversas;
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Cumprimento de exigências legais e de órgãos externos de controle
As tecnologias da informação e comunicação também estiveram no centro de projetos estratégicos voltados ao cumprimento das exigências contidas na Lei de Acesso à Informação (LAI, ou Lei Federal 12.527/2011) e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD, ou Lei 13.709/2018).
No primeiro caso, os projetos convergiram no sentido de ampliar o acesso da sociedade a informações relativas ao funcionamento da Unicamp, conferindo mais transparência à administração universitária. Os principais resultados alcançados foram os seguintes:
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Reformulação do Portal Transparência Unicamp, que deixou de limitar-se à divulgação dos valores dos salários dos servidores, passando a fornecer informações detalhadas, alimentadas de forma automatizada, sobre assuntos como orçamento, aquisições, convênios e contratos, entre outros;
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Lançamento do Portal do Docente e do Pesquisador, apêndice do Portal da Transparência por meio do qual é possível consultar numerosos aspectos relativos às atividades de todos os docentes e pesquisadores da Universidade, da produção científica à participação em programas de pós-graduação e centros temáticos de pesquisa;
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Desenvolvimento e implantação de sistema computacional para gerenciamento das solicitações apresentadas ao Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), possibilitando não apenas a redução do prazo para atendimento dos pedidos, como o acompanhamento online, pelo solicitante, de todas as etapas do processo.
Com relação à adequação da Universidade à LGPD, o resultado mais expressivo foi a aprovação, pelo Consu, da Política de Segurança da Informação da Unicamp, que estabeleceu os princípios e diretrizes para a proteção dos dados pertencentes à instituição ou por ela custodiados.
Fora do âmbito dos projetos estratégicos, cabe mencionar a criação da Controladoria Geral da Unicamp, conforme exigência do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Inaugurado em março de 2021, o novo órgão recebeu a incumbência de acompanhar o cumprimento dos parâmetros institucionais de sustentabilidade econômico-financeira com o objetivo de fornecer recomendações para o aprimoramento da administração da Universidade.