A pesquisa, da embrionária à de maior complexidade, foi um dos campos mais atingidos nos últimos anos no país. Cortes e contingenciamentos de recursos, realizados sobretudo pelo governo federal, além dos ataques sistemáticos à ciência, afetaram o andamento de projetos, nacionalmente, em todas as áreas do conhecimento. Este quadro, já crítico, foi agravado em 2020, com consequências imprevisíveis, pela pandemia de covid-19. Isto não impediu, porém, que a Unicamp mantivesse sua posição de liderança na pesquisa brasileira.
Apostando em transparência, organização e planejamento, a gestão 2017-2020 investiu fortemente no apoio institucional a docentes, pesquisadores e alunos envolvidos em atividades de investigação científica. A adoção de medidas estruturantes não só fortaleceu, como também facilitou a prática ao eliminar antigos entraves. Dentre as medidas adotadas no quadriênio relacionadas à pesquisa, cabe destacar a criação e readequação de órgãos e comissões; a aprovação de políticas; a implantação de novos sistemas de acesso à informação; a abertura de numerosos editais para concessão de bolsas e auxílios; e a implementação de projetos de infraestrutura.
Criação e readequação de órgãos e comissões
A reestruturação organizacional promovida pela gestão deu-se no âmbito da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). Este processo teve início na abertura do quadriênio com a transferência, da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) para a PRP, do Espaço da Escrita, por meio do qual pesquisadores podem solicitar serviços de tradução para a publicação de artigos em revistas científicas internacionais de prestígio.
Outras mudanças importantes ocorridas no período foram as seguintes:
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Implantação pela PRP, na Faculdade de Educação (FE), do Comitê de Ética em Pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais (CEP-CHS), áreas cujos projetos eram analisados até então pelo colegiado geral;
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Consolidação da Comissão de Patrimônio Genético (Patgen) como órgão permanente da PRP, com a função de respaldar, nos termos da legislação vigente, as atividades científicas, didáticas, de bioprospecção e de desenvolvimento tecnológico que envolvam o acesso ao patrimônio genético nacional e ao conhecimento tradicional a ele associado;
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Redirecionamento das funções do Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho em São Paulo (Cenapad), que passou a atender prioritariamente pesquisadores da Unicamp na área de computação científica de alto desempenho.
Novas políticas institucionais
Como resultado de um amplo debate interno, conduzido a partir da constituição de um grupo de trabalho, em 2018, pela PRP, o Conselho Universitário (Consu) aprovou em outubro de 2020 a Política Institucional de Boas Práticas e Integridade em Pesquisa, que definiu os princípios a ser reforçados na comunidade acadêmica com o objetivo de combater a má-conduta científica em todas as suas dimensões. Para tanto, foi criada a Comissão de Integridade em Pesquisa (CIP), à qual se atribuiu a responsabilidade pela execução da política.
Na mesma sessão do órgão máximo deliberativo da Universidade, foi aprovada a Política Institucional de Acesso Aberto à Produção Acadêmica da Unicamp, desdobramento e parte integrante das novas diretrizes de boas práticas. A finalidade deste segundo instrumento foi dar ampla visibilidade e transparência ao conhecimento produzido na instituição, fomentando, assim, o intercâmbio de ideias e as avaliações interna e externa dos trabalhos. A política tornou acessível gratuitamente, a qualquer interessado, o conjunto da produção intelectual e científica de todos os servidores, alunos e demais pesquisadores com algum tipo de vínculo com a Unicamp.
Reforçando o preconizado nas políticas mencionadas anteriormente, a Comissão Central de Pesquisa (CCP), subordinada à PRP, aprovou a criação e regulamentou o funcionamento, também em outubro de 2020, de um repositório de dados provenientes das investigações científicas conduzidas na Universidade, acessível pelo neste endereço.
Acesso à informação
Em outra frente, na mesma medida voltada para a difusão e democratização de informações, nos âmbitos interno e externo, a PRP colocou no ar portais direcionados a diferentes segmentos:
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Portal Research Profiles, criado para dar visibilidade aos perfis de pesquisa dos docentes da Unicamp, especialmente aos dos mais jovens, bem como a projetos de grande porte desenvolvidos na Universidade com o apoio de agências de fomento;
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Portal do Docente e do Pesquisador, ao qual foi incorporado o Research Profiles. Conforme explicado no segundo capítulo da primeira parte deste relatório, trata-se de um módulo do Portal Transparência Unicamp que reúne informações detalhadas sobre todos os docentes e pesquisadores da Universidade, tais como unidade de lotação; vínculos com grandes projetos e com programas de pós-graduação; indicadores de produção científica, etc.;
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Portal da Central de Equipamentos e Serviços, que reúne informações gerais sobre a infraestrutura de pesquisa da Universidade, possibilitando aos interessados realizar buscas por meio de palavras-chave e contatar diretamente os diferentes pontos de pesquisa existente em cada campus.
Para além dos novos portais, cabe registrar a iniciativa de colocar à disposição dos pesquisadores, no site da PRP, parte dos documentos necessários para a submissão de projetos de pesquisa a fontes externas de financiamento, bem como instruções para a obtenção dos demais em diferentes instâncias da Universidade. Na mesma página estão disponíveis os números dos registros da Unicamp em organismos de fomento da Europa e dos Estados Unidos, necessários para a participação em editais internacionais. A pró-reitoria tornou-se responsável pela manutenção destes registros no início da gestão.
Editais internos
Depois de dedicar-se, ao longo de 2017, a conter o aumento contínuo das despesas da Unicamp em relação à soma de suas receitas (leia mais na página XX), a gestão pôde ampliar, a partir de 2018, os investimentos em bolsas, projetos e infraestrutura científica financiados pelo Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepex), administrado pela PRP. Conforme demonstrado no quadro abaixo, o orçamento do Faepex aumentou gradativamente até o início da pandemia, quando parte de seus recursos teve de ser contingenciada em razão das dificuldades financeiras que atingiram a Universidade (leia mais). A despeito dos cortes sofridos em 2020, o fundo da PRP foi um instrumento vital no esforço científico para combater a covid-19, financiando, de forma emergencial, projetos relacionados ao enfrentamento da doença e bolsas para alunos de pós-graduação e pesquisadores de pós-doutorado em situação de vulnerabilidade.
A lista a seguir relaciona exemplos dos numerosos editais do Faepex lançados no quadriênio, direcionados a todas as áreas do conhecimento:
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Melhorias na infraestrutura de pesquisa:
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Para laboratórios de grupos já constituídos: R$ 4,6 milhões
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Para centrais de equipamentos multiusuários: R$ 2,1 milhões
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Incentivo à editoração e publicação de periódicos científicos de acesso aberto: R$ 90 mil
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Combate à pandemia:
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Para projetos de pesquisa e ensaios clínicos: R$ 2,7 milhões
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Para bolsas: R$ 225 mil
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Apoio emergencial a biotérios: R$ 1,2 milhões
Iniciação científica
Com relação às atividades de iniciação científica e tecnológica, seminais para a formação dos alunos de graduação da Unicamp, merece registro o convênio firmado com a Dow Brasil para o oferecimento de bolsas, neste âmbito, para estudantes oriundos do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), voltado para a inclusão de estudantes da rede pública na Universidade (leia mais).
As bolsas da Dow somaram-se às oferecidas pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), vinculado à Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp, e às concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal financiador de programas de iniciação em todo o país. A despeito do cenário adverso descrito no início deste capítulo, o órgão federal manteve ao longo da gestão a cota de bolsas que destina anualmente para a Unicamp, fato que guarda relação direta com a qualidade dos projetos apresentados pelos alunos da Universidade.
O quadro abaixo mostra um panorama das bolsas direcionadas a alunos da Unicamp em todo o quadriênio. Cabe ressaltar que a Universidade preservou a política de admitir, ainda, cem alunos por ano em seu programa de iniciação científica voluntária, sem financiamento.
*Pibic: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
**Pibiti: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
***Af: Ações afirmativas
Alunos do ensino médio de escolas públicas da região de Campinas continuaram a desenvolver projetos de iniciação na Unicamp sob a supervisão de docentes e pesquisadores da Universidade. Os números do programa, financiado pelo CNPq (bolsas para os alunos) em parceria com o Faepex (apoio para os orientadores responsáveis), vêm a seguir:
Em paralelo, entre outras iniciativas direcionadas ao público externo, pode-se mencionar o Programa Ciência & Arte no Inverno (CAFin), desenvolvido em 2019 em parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas, e o Ciência e Arte "Povos da Amazônia", em 2020, com a Universidade Federal do Pará (UFPA). O primeiro possibilitou a participação de estudantes do ensino fundamental da rede pública em atividades artísticas e de pesquisa no campus, enquanto o segundo, realizado com o apoio do Santander, colocou alunos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas da instituição paraense em contato com a realidade da Unicamp.
Projetos de infraestrutura
Em outro plano, a gestão selou parcerias para a execução de projetos estruturantes de pesquisa e desenvolvimento relacionados principalmente às áreas de energia e sustentabilidade, todas elas resultantes de intenso trabalho de articulação interna e externa por parte de membros da Administração Superior:
Embrapii: Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
Embrapa: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
IPEN: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
USP: Universidade de São Paulo