Os 13 últimos meses da gestão 2017-2021 – ou seja, pouco mais de um quarto do quadriênio – foram marcados pela pandemia de covid-19, doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Além de buscar saídas para os problemas financeiros decorrentes da crise sanitária que se instalou no país, a gestão teve de atuar em mais duas frentes: uma, voltada para a comunidade interna, e outra, para a sociedade.
No âmbito interno, o desafio consistiu em manter a Universidade em funcionamento a despeito de todas as restrições impostas pela pandemia. As ações neste sentido procuraram preservar a saúde dos membros da comunidade acadêmica; viabilizar o trabalho remoto em todas as instâncias; e possibilitar a transição do ensino presencial para o mediado por tecnologia.
No que diz respeito à sociedade, a gestão trabalhou em conjunto com a área da saúde e as unidades de ensino e pesquisa para garantir o atendimento da população nos hospitais universitários; fomentar investigações científicas que ampliassem a compreensão sobre diferentes aspectos do vírus e da doença; apoiar o desenvolvimento de testes e tratamentos acessíveis e confiáveis; e engajar a comunidade em ações que beneficiassem as camadas sociais mais desassistidas.
Ações internas
A gestão começou a acompanhar os avanços da ciência com relação à covid-19 e seu agente causador meses antes do registro, em fevereiro de 2020, do primeiro caso da doença no país. Este acompanhamento precoce possibilitou a elaboração de um plano de ação baseado nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e com ênfase na divulgação de informações e orientações preventivas, bem como a organização antecipada do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) para o atendimento de casos suspeitos ou confirmados entre os alunos, docentes e funcionários da Universidade.
Em 12 de março, um dia depois de a OMS classificar a situação da covid-19 no mundo como uma pandemia, a gestão adiantou-se em relação ao governo do Estado e às demais universidades brasileiras anunciando a suspensão de parte das atividades presenciais da Unicamp por um mês, até 12 de abril. A medida abrangeu as atividades didáticas e os eventos públicos programados para o período, assim como as viagens nacionais e internacionais de servidores e o recebimento de visitantes do Brasil e do exterior. Os órgãos e unidades da Universidade puderam optar entre manter suas atividades administrativas no formato presencial, porém em regime de rodízio ou contingenciamento, ou, de preferência, adotar o sistema de teletrabalho. Somente as atividades da área da saúde e aquelas consideradas essenciais para o funcionamento da instituição – limpeza, vigilância, alimentação, manutenções emergenciais, entre outras – continuaram a ser desempenhadas presencialmente.
A suspensão parcial das atividades presenciais desencadeou uma série de ações com o objetivo de adequar a Unicamp às restrições sanitárias impostas pela pandemia. Em apenas uma semana foram editadas as seguintes medidas, listadas em ordem cronológica:
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16/03: Criação de programa emergencial para viabilizar a migração dos cursos de graduação e pós-graduação para o formato on-line, tendo como pilares o respeito às especificidades de cada disciplina e o auxílio constante de órgãos como o Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2) e o Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE);
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17/03: Criação de programa emergencial para viabilizar a migração dos cursos de nível médio e técnico para o formato on-line, baseado nas mesmas diretrizes da iniciativa direcionada ao ensino superior, e definição das práticas a ser adotadas pelos servidores e também pelos órgãos e unidades da Unicamp durante a pandemia;
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18/03: Instituição de cronograma para a interrupção gradual das atividades da Divisão de Educação Infantil Complementar (DEdIC), associada à concessão de “auxílio criança” para os profissionais da área da saúde com filhos matriculados nas unidades socioeducativas vinculadas ao órgão;
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19/03: Autorização para a realização de reuniões de órgãos colegiados de forma remota, com o auxílio de tecnologias de comunicação a distância; para o uso de assinatura digital em documentos e processos; e para a remessa destes por e-mail;
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20/03: Suspensão por 60 dias dos prazos para defesa presencial de dissertações de mestrado e teses de doutorado, associada a autorização para a realização deste atos de forma remota, com o auxílio de tecnologias de comunicação a distância.
Prolongamento da suspensão
O rápido aumento do número de casos de covid-19 no país levou a gestão a prorrogar a suspensão das atividades presenciais até 30 de abril, adequando sua duração à da quarentena decretada no Estado de São Paulo. A abrangência da medida também foi estendida. Apenas as atividades da área da saúde e as “absolutamente essenciais” para o funcionamento da Unicamp foram mantidas no formato presencial. As demais passaram a ser desempenhadas somente no sistema de teletrabalho ou foram totalmente suspensas.
O agravamento progressivo da situação epidemiológica nacional motivou mais quatro prorrogações do período de suspensão das atividades presenciais – a última delas, anunciada em 29 de junho, por tempo indeterminado. Novas ações tiveram de ser tomadas para compensar os atrasos e dificuldades decorrentes da passagem para o ensino mediado por tecnologia; evitar a evasão de alunos de famílias de baixa renda; preservar a saúde dos servidores e funcionários terceirizados que permaneceram em trabalho presencial; possibilitar a realização do maior número possível de atividades de forma remota; e tornar mais simples e rápidos os procedimentos administrativos relacionados ao enfrentamento da covid-19 nos hospitais da Unicamp. Algumas destas ações estão relacionadas abaixo:
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Lançamento da campanha Abrace o Futuro, voltada à arrecadação de doações financeiras, de bens e de insumos para apoiar o trabalho assistencial nos hospitais da Unicamp, as pesquisas emergenciais para o combate à covid-19, o acesso de estudantes carentes às atividades didáticas remotas e a subsistência de famílias afetadas pela pandemia;
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Criação de núcleo de voluntariado, vinculado à Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH), para dar apoio por telefone a pessoas em isolamento e angariar laptops e outros equipamentos eletrônicos, por meio de doação ou cessão temporária à Universidade, para posterior empréstimo a alunos de famílias de baixa renda (leia sobre as atividades da DeDH);
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Negociação com três operadoras de celular para o oferecimento de planos de internet móvel com desconto aos estudantes de graduação e de pós-graduação;
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Conversão dos diferentes auxílios transporte oferecidos pela Universidade em benefício emergencial de apoio às atividades didáticas não presenciais;
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Realização de treinamentos com docentes para uso de ferramentas educacionais mediadas por tecnologias;
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Extensão do primeiro semestre letivo de 2020 até o final de agosto;
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Adoção de regras mais flexíveis para a graduação e a pós-graduação, como a mudança do regime de notas – de 0 a 10 para aprovado ou não aprovado – e a possibilidade de trancamento de disciplinas ou até mesmo do curso, entre outros exemplos;
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Prorrogação do prazo para integralização do curso por dois semestres, nos níveis médio e técnico e também na graduação; e por 90 dias, na pós-graduação;
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Mudanças no calendário e no processo de seleção de alunos para ingresso na graduação em 2021 (leia mais);
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Instituição do uso obrigatório de máscaras de proteção facial por motoristas e usuários do serviço de transporte fretado e demais linhas de ônibus operadas pela Prefeitura do Campus (Circular Interno, Intercamp e Moradia Estudantil);
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Substituição do tradicional serviço em bandejas pelo fornecimento de marmitas para evitar a aglomeração de pessoas no interior dos restaurantes universitários;
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Autorização para uso de sistema eletrônico para formalização, documentação e tramitação de processos administrativos disciplinares;
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Autorização para a realização de inscrições on-line para concursos públicos para provimento dos cargos de Professor Doutor e Professor Titular, bem como para obtenção do título de Livre Docente;
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Estabelecimento de equipe exclusiva para a aquisição de bens, serviços e insumos destinados ao enfrentamento da covid-19 na Unicamp.
Campanha Abrace o Futuro
A campanha Abrace o Futuro foi lançada com o objetivo de arrecadar recursos financeiros, equipamentos e insumos para apoiar os hospitais, as pesquisas e os estudantes da Unicamp, além de ações sociais direcionadas a famílias vulneráveis fortemente afetadas pela pandemia.
Numerosas personalidades das artes e do esporte aderiram à campanha, reforçando os pedidos de contribuições financeiras e materiais para a Universidade. Até o dia 14 de março de 2021, a as doações em dinheiro provenientes do Poder Judiciário, de pessoas físicas e jurídicas e de fontes anônimas somavam aproximadamente R$ 19,2 milhões.
Os valores arrecadados, bem como a origem e o destino das contribuições financeiras e materiais recebidas pela Universidade, permaneceram à disposição da sociedade desde o lançamento da campanha no site criado para dar visibilidade e transparência à iniciativa.
Logo da campanha Abrace o Futuro:
Planejamento do retorno
Simultaneamente ao esforço para manter a Unicamp em funcionamento durante o período de suspensão das atividades presenciais, a gestão começou a planejar o retorno da comunidade acadêmica à Universidade para que este ocorresse, no momento adequado, de forma segura e organizada.
O primeiro passo neste sentido consistiu na criação de um grupo de trabalho para analisar estratégias de retorno adotadas por universidades brasileiras e estrangeiras a fim de identificar práticas que pudessem ser adaptadas para a realidade da Unicamp. Outros onze grupos de trabalho foram criados em seguida para tratar de questões cruciais para uma eventual retomada das atividades presenciais, tais como a estruturação do sistema de testagem e acompanhamento epidemiológico da comunidade acadêmica e a definição de normas e procedimentos para uso dos espaços comuns da Universidade e para a reabertura dos restaurantes ao público.
O entrelaçamento das conclusões a que chegaram os diferentes grupos de trabalho resultaram em um plano bastante cauteloso para a retomada gradual das atividades presenciais na Unicamp, apresentado no dia 18 de agosto de 2020 aos dirigentes de órgãos e unidades da Universidade e posteriormente, por estes, aos membros de suas respectivas comunidades internas. As numerosas contribuições advindas deste processo deram mais consistência ao plano, cujas principais diretrizes estão resumidas abaixo:
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Ausência de data pré-definida para a retomada das atividades presenciais na Unicamp;
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Condicionamento da definição da data de início da retomada à permanência das cidades de Campinas, Limeira e Piracicaba por quatro semanas consecutivas na fase amarela do Plano São Paulo, nome dado à estratégia do governo paulista para o combate à covid-19 no Estado;
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Instituição do uso obrigatório de máscara facial em todos os espaços da Universidade;
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Adequação dos espaços internos, bem como do funcionamento de serviços como os de alimentação e transporte, entre outros, às normas de segurança sanitária vigentes;
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Aquisição centralizada de álcool em gel, máscaras faciais e demais insumos e equipamentos de proteção individual utilizados para prevenir o contágio do novo coronavírus;
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Oferecimento de treinamentos específicos para os profissionais de limpeza e segurança patrimonial;
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Submissão obrigatória de todos os servidores a treinamento on-line sobre normas e procedimentos para o trabalho em tempos de pandemia;
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Submissão obrigatória de todos os servidores e alunos, dias antes do retorno à Universidade, à testagem gratuita para covid-19 pelo método RT-PCR, considerado referência para a detecção do novo coronavírus;
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Preenchimento diário obrigatório, após o retorno, de inquérito sintomatológico, por meio de aplicativo especialmente desenvolvido para este fim (Avisu), voltado à identificação de casos suspeitos e ao direcionamento destes ao serviço médico mais indicado;
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Isolamento e rastreamento de contatos de todos os membros da comunidade com diagnóstico confirmado de covid-19;
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Em caso de recrudescimento da pandemia, suspensão da retomada das atividades presenciais até a estabilização da situação epidemiológica conforme os padrões estabelecidos pelo Plano São Paulo.
Início da retomada
O cronograma para a retomada gradual das atividades presenciais na Unicamp foi divulgado em 14 de setembro. A tabela abaixo detalha os períodos e os respectivos percentuais de membros da comunidade acadêmica autorizados a regressar:
Período 1: de 19/10 a 01/11/2020
Retorno de até 20% dos servidores.
Período 2: de 02/11 a 15/11/2020
Retorno de até 40% de servidores.
Período 3: de 16/11 a 29/11/2020
Retorno de até 60% dos servidores; até 25% dos alunos de graduação, pós-graduação e extensão; e até 25% das crianças atendidas pelo Centro de Convivência Infantil (CECI), vinculado à DeDIC.
Período 4: 30/11 a 13/12/2020
Retorno de até 80% dos servidores; até 50% dos alunos de graduação, pós-graduação e extensão; e de até 50% das crianças atendidas pelo CECI.
Período 5: 14/12 a (véspera do recesso de fim de ano)
Retorno de até 100% dos servidores; até 75% dos alunos de graduação, pós-graduação e extensão; e até 75% das crianças atendidas pelo CECI.
Período 6: 04/01 a 17/01/2021
Retorno de até 100% dos servidores; até 100% dos alunos de graduação, pós-graduação e extensão; e até 100% das crianças atendidas pelo CECI.
Cabe ressaltar que os percentuais de regresso não constituíam metas a ser obrigatoriamente atingidas, mas limites que os órgãos e unidades da Universidade deveriam respeitar ao organizar a retomada das atividades presenciais em seus respectivos locais, levando em consideração as especificidades de cada caso. A orientação geral da gestão foi para que dessem preferência à manutenção do teletrabalho e do ensino remoto e priorizassem, com relação às atividades didáticas, o retorno de alunos que estivessem prestes a se formar ou cujos projetos de pesquisa tivessem prazo para conclusão.
Os servidores começaram a regressar à Unicamp em 19 de outubro de 2020, conforme o previsto no cronograma. Os dois primeiros períodos de retorno transcorreram sem intercorrências. Decisões do governo do estado, porém, levaram a gestão a prolongar o terceiro período por duas semanas. Com a medida, anunciada em 18 de novembro, o início do período seguinte foi adiado do dia 30 daquele mês para o dia 14 de dezembro.
No próprio dia 14, a gestão anunciou novo prolongamento do terceiro período – desta vez, por tempo indeterminado – em razão do agravamento da situação no Estado de São Paulo, além da suspensão das atividades presenciais não essenciais até 11 de janeiro de 2021. A persistência da gravidade do quadro estadual fizeram com que as atividades presenciais fossem suspensas novamente, a partir de 26 de janeiro, até a reclassificação e permanência das cidades de Campinas, Limeira e Piracicaba por pelo menos 14 dias consecutivos na fase amarela do Plano São Paulo. Tal fato ainda não havia ocorrido quando da conclusão deste relatório.
Vacinação na área da saúde
Em janeiro de 2021, a Unicamp recebeu do governo do Estado 4 mil doses da vacina CoronaVac para imunizar 2 mil profissionais da área da saúde da Universidade. O início da vacinação das equipes da linha de frente ocorreu no dia 18, de forma simbólica, com a aplicação da primeira dose do imunizante em 19 funcionários do complexo hospitalar. Uma estudante indígena também foi vacinada na ocasião, em uma atitude representativa da importância dada pela gestão, desde o início do quadriênio, à ampliação da diversidade étnico-racial entre os membros da comunidade acadêmica (leia mais).
Ainda em janeiro, no dia 27, a Unicamp recebeu da Prefeitura Municipal de Campinas 2,3 mil doses da vacina resultante da parceria entre a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, no Reino Unido, para dar continuidade à imunização dos profissionais da área da saúde. Uma comissão composta por representantes da Reitoria, das unidades assistenciais e dos docentes e funcionários que atuam nos hospitais da Universidade acompanhou todo o processo, organizado por um grupo de trabalho criado especificamente para este fim.
Ações para a sociedade
Da mesma forma que as ações voltadas para a comunidade interna foram previamente planejadas pela gestão, a área da saúde da Unicamp também se antecipou à chegada da covid-19 ao país. Quando o governo paulista apresentou, em 26 de fevereiro de 2020, a relação de centros de referência para o tratamento de casos graves no Estado, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade – um dos seis selecionados – já divulgara seu plano para o enfrentamento da doença havia mais de um mês. Uma linha de telefone e um endereço de e-mail foram reservados exclusivamente para o esclarecimento de dúvidas da população.
Conforme o previsto em seu plano de contingência, o HC suspendeu algumas de suas atividades em razão agravamento da pandemia para liberar leitos e profissionais para o atendimento de pacientes infectados com o novo coronavírus. No dia 19 de março, foram suspensos os procedimentos e consultas ambulatoriais; no dia 23, as cirurgias eletivas. As rotinas administrativas do hospital sofreram alterações e criaram-se novos padrões de escalonamento de equipes. Médicos impedidos de atuar na linha de frente pela idade ou por outros fatores de risco passaram a realizar o teleacompanhamento diário de pacientes liberados por alta.
Recursos recebidos do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde possibilitaram a abertura de 37 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para tratamento de pacientes com covid-19, além da compra de equipamentos e da contratação temporária de médicos, profissionais de enfermagem e fisioterapeutas. Os leitos adicionais foram abertos entre junho e julho, e permaneceram em operação até o final de outubro de 2020. Neste período, o HC manteve um total de 63 leitos de UTI exclusivos para o tratamento da doença. Um segundo convênio firmado com a secretaria estadual em razão do recrudescimento da pandemia permitiu a reabertura de 10 leitos extras de UTI em fevereiro de 2021, chegando a 30 o total reservado para doentes com covid-19.
Para além do atendimento de casos graves no HC, foram registradas internações de pacientes com covid-19 nas outras três unidades que compõem o complexo hospitalar administrado pela Unicamp, quais sejam, Hospital Estadual Sumaré (HES), Hospital Regional de Piracicaba (HRP) e Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism).
Dados relativos aos casos diagnosticados e aos óbitos ocorridos nos quatro hospitais do complexo – e também no Cecom – passaram a ser divulgados diariamente nos hotsites – mantidos, respectivamente, pela Secretaria Executiva de Comunicação (SEC) e pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp –, na forma de tabelas, gráficos e mapas interativos. As ferramentas cartográficas foram desenvolvidas pela Coordenadoria de Serviço de Georreferenciamento da Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI), que já havia realizado o mapeamento dos recursos físicos e humanos da Universidade.
Força-tarefa
A partir do registro do primeiro caso de covid-19 no país, pesquisadores de diferentes áreas da Unicamp começaram a organizar um trabalho de investigação coletiva centrado em temas cruciais para o combate à doença, tais como o desenvolvimento de testes diagnósticos e o estudo dos efeitos do novo coronavírus sobre o organismo, entre outros exemplos.
A iniciativa logo recebeu o apoio da gestão, que a formalizou em 16 de abril de 2020 por meio da constituição de uma força-tarefa para coordenar as múltiplas pesquisas relacionadas à pandemia e viabilizar a realização, na Universidade, de testes diagnósticos em larga escala. Foram definidas sete frentes de atuação para a força-tarefa: de pesquisa básica; pesquisa e desenvolvimento; diagnóstico; ensaios clínicos; tecnologia; captação de recursos; comunicação; e ações sociais.
Os primeiros resultados da iniciativa antecederam a oficialização da força-tarefa. Em 1º de abril, o HC foi habilitado a diagnosticar pacientes localmente, em seu Laboratório de Patologia Clínica, utilizando teste RT-PCR desenvolvido na Unicamp a partir de amostra do coronavírus do primeiro paciente infectado no país. Iniciado em 17 de março, o processo foi conduzido em apenas duas semanas por uma equipe do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), do Instituto de Biologia (IB), em parceria com pesquisadores de outras áreas desta unidade, da FCM e do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).
A possibilidade de realizar diagnósticos no próprio HC representou um grande avanço naquele momento inicial da pandemia. Sem a necessidade de enviar as amostras coletadas dos pacientes para análise no Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência no Estado, o prazo para o recebimento dos resultados diminuiu de dias para horas, tornando o atendimento no hospital consideravelmente mais rápido e eficiente.
Atendida a necessidade do HC, os pesquisadores dedicaram-se à ampliação da linha de testes instalada na Unicamp para que a Universidade pudesse realizar diagnósticos em larga escala para outros hospitais públicos do Estado. Afora os convênios firmados com dezenas de prefeituras da região, a Unicamp estabeleceu parcerias com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, entre outros exemplos, para a testagem de grupos específicos de profissionais.
Para além dos testes diagnósticos, o esforço multidisciplinar das dezenas de integrantes da força-tarefa possibilitou, entre outros resultados, o desenvolvimento de um método para visualização do material genético do novo coronavírus dentro de células, em três dimensões; a fabricação, na própria Unicamp, de máscaras, aventais e outros equipamentos de proteção individual para uso médico-hospitalar; e o uso dos laboratórios da Universidade para manutenção e recuperação de aparelhos hospitalares essenciais para o tratamento de pacientes com covid-19, tais como os respiradores artificiais.
Pesquisadores da força-tarefa da Unicamp em ação social de orientação e testagem realizada no litoral sul de São Paulo em parceria com o Instituto Butantan, a Comissão Guarani Yvyrupa, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde.
As ações da força-tarefa foram documentadas em vídeo por iniciativa dos próprios pesquisadores. O material deu origem à série “Por trás da Força”, disponível no canal da Unicamp no YouTube, e será utilizado pelo Centro de Memória da Unicamp para a construção de um acervo de depoimentos sobre o enfrentamento da pandemia.
Os benefícios para a sociedade decorrentes da mobilização dos pesquisadores motivaram a gestão a constituir um grupo de trabalho, em janeiro de 2021, com a missão de elaborar estratégias para viabilizar a continuidade do trabalho da força-tarefa, eventualmente, no enfrentamento de outras situações sanitárias complexas que demandem ações coletivas.
Participação em grandes estudos
Adicionalmente ao trabalho realizado pela força-tarefa, a Unicamp participou de estudos de grande porte nas esferas nacional e internacional cujos resultados não só ampliaram o conhecimento dos cientistas sobre o novo coronavírus, como trouxerem benefícios diretos para a população mundial, na forma de vacinas e protocolos de tratamento seguros e eficazes contra a covid-19. Três destes estudos estão destacados abaixo:
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Sequenciamento de 427 genomas do novo coronavírus provenientes de amostras recolhidas em 21 estados do país, realizado em parceria com centros britânicos e outras 14 instituições brasileiras e publicado na edição da revista Science de 4 de setembro de 2020;
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Ensaio clínico conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em numerosos países para investigar a eficácia de quatro medicamentos no tratamento de pacientes internados com covid-19;
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Ensaio clínico de fase III, com 1.044 voluntários da área da saúde, para avaliação da eficácia e segurança da vacina CoronoVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac.
Engajamento social
Afora as ações sociais conduzidas no âmbito da campanha Abrace o Futuro, mencionada anteriormente, a gestão lançou, em 3 de junho de 2020, a iniciativa Unicamp Solidária, que tinha como objetivo arrecadar fundos e produtos para a montagem e distribuição de cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade. Coordenada pela Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI), esta segunda campanha originou-se de uma parceria firmada com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos (SMASDH) de Campinas e recebeu o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). Ainda no mês de junho, a iniciativa foi estendida para Limeira, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade e o Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom).
Desde o lançamento da campanha, a sociedade pôde acompanhar a evolução tanto das arrecadações, como da distribuição de cestas básicas, em área específica do site da Funcamp. Até o dia 14 de março de 2021, a arrecadação para a cidade de Campinas somava cerca de R$ 1,4 milhão, o que permitiu a aquisição de mais de 27,2 mil cestas básicas. Para Limeira, a arrecadação totalizou R$ 18,6 mil até esta mesma data, possibilitando a compra de 245 cestas.
Outras iniciativas
No campo da arte, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) promoveu concurso direcionado a artistas das comunidades interna e externa para selecionar 27 trabalhos produzidos em 2020, entre ilustrações, gravuras, fotografias, colagens e desenhos, para compor a coletânea Arte para Desconfinar, publicada em formato de revista e distribuída gratuitamente pela Universidade. Os autores dos trabalhos que se destacaram nas categorias criatividade, experimentação e atualidade temática receberam prêmios em dinheiro. A obra vencedora nesta última categoria também foi escolhida, ao lado de outras quatro, para decorar a nova sede da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) em versão ampliada e emoldurada.
A Coordenadoria dos Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) da Unicamp, por sua vez, liderou projeto em parceria com instituições da França e de Portugal para preservar a memória em tempos de pandemia. O projeto consistiu na criação de uma plataforma on-line para reunir manifestações individuais em diferentes formatos – textos, vídeos, áudios, ilustrações, fotografias – sobre experiências vividas no período de isolamento social. A plataforma, denominada #MemóriasCovid19, foi lançada em setembro de 2020 durante o festival austríaco Ars Electronica.