UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

O professor Jônatas Manzolli, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (Nics) da Unicamp, está viajando nesta terça-feira para participar do “Performer's Voice Symposium: Horizons Crossing Boundaries”, que acontece de 25 a 28 de outubro no Conservatório de Música Yong Siew Toh, da Universidade Nacional de Cingapura. O evento mundial, que discute a pesquisa em performance musical em todas as suas dimensões, está atraindo 170 delegados de 22 países de seis continentes.

No primeiro dia do simpósio, Manzolli vai apresentar o espetáculo “Intervenções celebra John Cage em Cingapura”, em parceria com Catarina Domenici, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Lúcia Cervini, Joana de Holanda, Rogério Constante e James Correa, os quatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

“Vamos fazer uma performance para celebrar os 100 anos de nascimento de John Cage”, informa Jônatas Manzolli. “Em nosso trabalho utilizamos músicas que Cage compôs para piano preparado – que é um piano modificado, por exemplo, com o uso de parafusos ou pedaços de borracha, o que transforma o som do instrumento. É uma técnica que ele inventou para várias das suas obras e que se tornou universal.”

Segundo Manzolli, “Intervenções”, que faz parte do título da performance em Cingapura, é um espetáculo criado pelo Nics dentro do espírito da Escola de Nova York, do grupo Fluxus, que entre as décadas de 1960 e 70 buscou um sincretismo entre as artes visuais, a música e a literatura, tendo John Cage como um dos grandes ativistas do movimento.  “A proposta é intervir e interagir, trabalhar com a modularidade da música. Algumas peças de Cage para piano preparado vão formar a espinha dorsal do espetáculo, enquanto utilizamos o computador para inserir intervenções, como sons da natureza que interagem com o som do piano, e também imagens no telão ao fundo”.

As projeções incluem imagens da própria preparação do piano, processo que demora três horas, num trabalho árduo e paciente. “Queremos mostrar ao público os entremeios do processo, o que é feito antes. É como trazer uma parte anterior da música ao momento da performance, através do vídeo. Usamos também outro programa desenvolvido no Nics, o Rabisco, que associa a representação gráfica à exploração sonora: a pianista improvisa e eu trabalho com sons que são rabiscados na tela. São módulos: a cada peça de Cage, uma intervenção, e assim por diante.”