Dois trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Engenharia Mecânica, orientados pelo professor Paulo Corrêa Lima, trazem ao centro das discussões a implementação da filosofia de “produção enxuta”, baseada no Sistema Toyota de produção e controle de qualidade total. Originalmente utilizada para aumentar a produtividade e melhorar fluxos de processos nas linhas de produção em indústrias, o engenheiro Robisom Damasceno Calado conseguiu eliminar o risco de acidentes de trabalho na manipulação de materiais em uma fábrica de refrigeradores da região de Campinas. Segundo Calado, o trabalho pode motivar a implementação desse tipo de melhoria em empresas do ramo e de outros segmentos. No outro estudo, o engenheiro Adalberto Lima valeu-se das mesmas ferramentas e conceitos para otimizar processos de compras e minimizar as atividades burocráticas em um hospital do interior de São Paulo.
Sistema serve para diminuir acidentes e burocracia
A filosofia da produção enxuta contempla uma série de princípios e regras visando maior produtividade com melhor qualidade, por meio da eliminação de desperdícios e da redução dos custos operacionais. Robisom Calado explica que o sistema pode ser aplicado em qualquer atividade que envolva pessoas e processos, ressaltando que o fato de ser considerada “enxuta” não significa necessariamente o “enxugamento” de pessoas. Pelo contrário, nos dois estudos o resultado foi de aumento dos postos de trabalho, o que significa que se deixou de fazer o que não agregava valor para se ocupar do que realmente era útil. “Criou-se um fluxo enxuto e contínuo em que cada um sabe bem o quê e quando fazer” esclarece.
Além da maior produtividade, o sistema também visa reduzir o desperdício e aumentar a qualidade. “Para citar um exemplo próximo, podemos imaginar a dona-de-casa em sua cozinha no momento em que executa várias atividades ao mesmo tempo. A logística e a dinâmica do fluxo exige dela uma organização das atividades desenvolvidas. Isto é um caso de otimização de processo”, esclarece Adalberto Lima. Uma das dificuldades, segundo os pesquisadores, é que não basta a utilização das ferramentas sem que se atinja uma cultura organizacional, visto que a disposição e a colaboração dos funcionários são fundamentais.