Aiuruetê, o software
Um programa de computador
capaz de ler em voz alta qualquer texto escrito
em português, sem o sotaque inglês
característico dos sistemas produzidos
fora do país, foi desenvolvido em conjunto
por pesquisadores das áreas de lingüística
e de engenharia elétrica da Unicamp.
O software foi batizado com o nome de Aiuruetê,
que significa papagaio verdadeiro
na língua tupi. Ao longo de seu desenvolvimento,
a pesquisa, coordenada pelos professores Eleonora
Cavalcante Albano e Fábio Violaro,
permitiu também que fosse gerada mão-de-obra
qualificada para a pesquisa brasileira em
ciência e tecnologia de fala - uma área
em que o País ainda depende de sistemas
importados.
Iniciado em 1991, a princípio
como um estudo de descrição
fonético-acústica da língua,
no âmbito do Laboratório de Fonética
e Psicolinguística (Lafape) do Instituto
de Estudos da Linguagem (IEL), o projeto logo
se caracterizou pela transdisciplinaridade
e pelo diálogo entre as ciências
humanas e exatas. Foi quando, um ano depois,
passou a contar com a participação
do Laboratório de Processamento Digital
de Fala (LPDF) da Faculdade de Engenharia
Elétrica (FEEC).
Nos sistemas tradicionais de voz sintética,
como os utilizados para o fornecimento de
informações bancárias
por telefone, as sentenças são
organizadas e reproduzidas a partir de um
banco formado por palavras, o que acaba por
limitar o vocabulário dessas máquinas.
No Aiuruetê é
diferente: a síntese se dá pela
concatenação de polifones (trechos
sonoros com dois ou mais fonemas) armazenados
em um dicionário sonoro com aproximadamente
2.500 diferentes fragmentos de sons extraídos
de gravações, como se fossem
as sílabas desmembradas das palavras.
Para sintetizar uma frase, o software, a exemplo
de alguém que montasse um quebra-cabeça
sonoro, junta de forma harmônica, com
entonação e ritmo, todos os
elementos fônicos das palavras que a
compõem.
Reformador de etanol
O Laboratório de
Hidrogênio do Instituo de Física
Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp acaba de desenvolver
o primeiro protótipo brasileiro de
um reformador de etanol para a produção
de hidrogênio. O gás está
sendo aplicado numa célula a combustível,
que substitui o diesel usado em geradores
de eletricidade. De acordo com o professor
Ennio Peres da Silva, coordenador do projeto,
a nova tecnologia apresenta várias
vantagens sobre os modelos convencionais,
pois usa matéria prima nacional, renovável
e que não gera os mesmos poluentes
do combustível fóssil, como
hidrocarboneto, monóxido de carbono
e material particulado, todos potencialmente
cancerígenos.
O protótipo desenvolvido
pela Unicamp produz hidrogênio suficiente
para movimentar um gerador elétrico
de 500 W. Mas os pesquisadores do Laboratório
de Hidrogênio já trabalham em
dois outros reformadores, com capacidade para
alimentar equipamentos com 1 KW e 5 KW, respectivamente.
O outro passo será o desenvolvimento
de uma versão para ser utilizada por
veículos automotores, adianta
Silva. Ainda segundo ele, a Universidade vem
mantendo contato com empresas como a CPFL,
a Cemig e a Petrobrás, que têm
interesse no uso em larga escala do hidrogênio.
Nossa expectativa é que a tecnologia
chegue em breve ao mercado, afirma o
docente da Unicamp.
Curso para gestores
O Instituto de Geociências
(IG) da Unicamp promoverá, por meio
do seu Departamento de Política Científica
e Tecnológica (DPCT), um curso de especialização
em Gestão Estratégica
da Inovação Tecnológica,
dirigido a profissionais que atuam em funções
críticas do processo de gerenciamento
da inovação e a gestores de
instituições de pesquisa. Segundo
o professor Ruy de Quadros Carvalho, coordenador
do curso, o foco dos trabalhos estará
na gestão da inovação
tecnológica, tendo como fio condutor
a interação desta com a estratégia
competitiva da empresa, seja ela industrial
ou de serviços.
Um aspecto marcante do curso,
conforme o docente, é a visão
de que o processo de inovação
nas cadeias produtivas encontra particularidades
muito distintas em razão da posição
que a organização que inova
ocupa. O contexto nacional e setorial,
bem como a trajetória de aprendizagem
da organização, constituem limites
e possibilidades para seu processo de inovação,
afirma. As inscrições poderão
ser feitas até o dia 5 de setembro.
O processo seletivo ocorrerá no período
de 8 a 12 do mesmo mês. O preço
do curso é de R$ 12 mil, divididos
em 12 parcelas. As inscrições
podem ser feitas online, no endereço:
http://www.extecamp.unicamp.br/dados.asp?sigla=geo-600.
No limiar do conhecimento
Processos e mecanismos do
sistema imunológico natural estão
sendo utilizados na Unicamp para o desenvolvimento
de novas ferramentas computacionais. Pesquisas
com sistemas imunológicos artificiais
se inserem na fronteira do conhecimento e
permitem propor soluções para
problemas complexos ainda não atendidos
de forma satisfatória pelas tecnologias
convencionais, como a locomoção
autônoma de robôs.
Mas os princípios
imunológicos também podem ser
aplicados para melhorar a eficiência
de outras atividades, como logística
e segurança computacional, para auxiliar
no planejamento e na operação
de linhas de produção industrial,
ou mesmo para acelerar o desempenho dos computadores.
A partir do momento
em que se adquire um certo conhecimento sobre
o funcionamento de alguns mecanismos biológicos,
como a produção de anticorpos
contra um determinado agente infeccioso, tornam-se
possíveis os processos de formulação
matemática e implementação
computacional desses procedimentos naturais,
explica Fernando José von Zuben, professor
do Departamento de Engenharia de Computação
e Automação Industrial da Faculdade
de Engenharia Elétrica e de Computação
(FEEC).
O docente coordena na Unicamp
dois grupos de projetos integrados de pesquisa
em imunologia artificial: o Rebel (Robotics
with Evolutionary Behavior and Extended Learning)
e o InfoBioSys (Informatics and Biological
System Group). Formados por 18 pesquisadores,
entre docentes e alunos, os grupos contam
com recursos do CNPq da ordem de R$ 200 mil
para o desenvolvimento de projetos nessa área
tanto desafiadora quanto promissora para a
ciência.
A Universidade, conforme
von Zuben, está entre os cinco grupos
mundiais a se debruçar sobre essa área
da engenharia de computação
que procura formalizar matematicamente o funcionamento
do sistema imunológico para reproduzir,
em computador, algumas de suas principais
características e habilidades biológicas,
como capacidade de reconhecimento de padrões
e de processamento de informação,
adaptação, aprendizado, memória,
auto-organização e cognição,
entre outros.
Em águas profundas
O Centro de Estudos de Petróleo
(Cepetro) da Unicamp também participa
do II Salão de Inovação
Tecnológica. De acordo com o coordenador
do Centro, professor Saul Suslick, serão
apresentadas pesquisas desenvolvidas em parceria
com a Petrobras e a Agência Nacional
de Petróleo (ANP). Esses estudos se
concentram nas áreas de óleos
pesados e novas tecnologias para prospecção
do produto em águas profundas. As características
do óleo pesado, entre as quais a viscosidade
elevada, exigem novas tecnologias para resgatar
o fator de recuperação nos reservatórios
brasileiros.
Além de expor pesquisas,
o coordenador também espera trabalhar
a imagem institucional do Centro, criado há
15 anos. Ele estima que são mais de
50 projetos em andamento nas mais variadas
áreas, com reconhecimento nacional
e internacional. Prova disso é que
em junho passado a Unicamp assinou convênio
com a Petrobras para a construção
de um laboratório no valor de R$ 1,3
milhão.
Trânsito e isolamento
térmico
A Faculdade de
Engenharia Mecânica estará expondo
no II Salão de Inovação
os projetos Impacto e Vida
Longa, coordenados pelo professor Antonio
Celso Arruda, da Faculdade de Engenharia Mecânica
(FEM) da Unicamp. O primeiro tem como objetivo
diminuir o número de vítimas
no trânsito ao projetar, construir e
testar estruturas de pára-choques traseiros
para caminhões. Já o segundo
permite a utilização de caixas
de leite para isolamento térmico de
telhados, em especial telhas de cimento-amianto.
As embalagens são capazes de refletir
até 95% da irradiação
infravermelha do sol e, com isso, reduzir
perto de 9o C a temperatura no interior do
ambiente. Os dois projetos foram idealizados
pelo engenheiro civil industrial Luis Otto
Faber Schmutzler.
Além
dos dois projetos citados anteriormente, o
professor Celso Arruda também fará
uma apresentação de sua mais
recente pesquisa sobre cadeiras para transporte
de bebês em automóveis. Segundo
o pesquisador, em caso de acidentes, os equipamentos
podem ser inócuos e colocar em risco
a vida das crianças que estão
a bordo dos veículos, pois proporcionam
livre mobilidade aos bebês.
Combustível
2003 Durante o Salão também
será divulgado o evento Combustível
2003. A Qualidade da Gasolina, que será
realizado de 12 a 14 de setembro na Unicamp.
A promoção é conjunta
entre a FEM e o Centro de Estudos do Petróleo
(Cepetro). O objetivo é apresentar
os cenários atual e futuro relativos
ao controle da qualidade dos combustíveis,
com foco dirigido para a gasolina. Serão
discutidas e propostas soluções
técnicas, legais e administrativas
vinculadas à qualidade da gasolina
automotiva e de seus impactos junto às
distribuidoras, revendas e consumidores. O
evento contará com exposição
fotográfica e de vídeo e mostra
de veículos raros, aviões, automóveis
e motocicletas, com simulações
de abastecimento, associadas às épocas.
Os professores Celso Arruda e Denis Schiozer
coordenam o evento. Informações
pelo e-mail arruda@dep.fem.unicamp.br.
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