Metade
dos alunos fumantes
é iniciada na universidade
A
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
da Unicamp abraçou a marcha mundial contra o fumo
em 1999, com medidas práticas já adotadas
em várias unidades. De acordo com o pró-reitor
Roberto Teixeira Mendes, estudos comprovam que 50% dos
alunos adquirem o hábito de fumar depois de entrarem
na Universidade. Trata-se de um vício socialmente
aceito, afirma.
Teixeira
esclarece que a iniciativa da Universidade faz parte de
um programa maior de combate ao consumo de substâncias
psicoativas lícitas e ilícitas como álcool,
cocaína e outras. Para ele, o combate ao fumo é
apenas o início de uma discussão mais ampla
que está prestes a acontecer no campus. Estamos
colocando os temas em debate para a comunidade, com o
cuidado de que não se estabeleça um tabu
em torno deles.
A
Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) proibiu o
fumo em suas dependências, por decisão do
Conselho Interdepartamental, que se baseou na lei 9.294/96.
Aos fumantes foram destinadas áreas externas, com
ventilação adequada, apelidadas de fumódromos.
A FEM também espalhou cartazes para orientar funcionários,
alunos e professores sobre os malefícios do cigarro.
O
Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) mantém
um serviço específico para os interessados
em deixar o vício. São realizadas reuniões
periódicas, onde o dependente é orientado
quanto às reações em seu organismo
provocadas pela falta da nicotina. No início do
tratamento, o interessado é acompanhado mais de
perto durante um mês. Também são indicados
tratamentos com medicamentos, tudo sob orientação
médica. A Diretoria Geral de Administração
também espalhou cartazes de conscientização.
Eficácia
No Hemocentro da Unicamp, desde outubro do ano
passado, as ações de combate ao fumo têm
sido eficazes. Naquela unidade, aproximadamente 12% dos
funcionários são fumantes. Além de
afixar cartazes, o diretor Fernando Costa montou uma comissão
de oito pessoas para direcionar as medidas. A presidente
da comissão, biomédica Maria Cecília
Teori Hashimoto, apoiada por sua equipe, iniciou o mapeamento
de todos os locais onde o cigarro seria ou não
permitido. Destinamos duas áreas para os
fumantes, ainda que internas, diz.
Ficou
estipulado que, num primeiro momento, o fumante flagrado
em área proibida seria abordado e informado sobre
os locais reservados. Em reincidência, uma advertência
por parte da chefia imediata. Persistindo a transgressão,
a Vigilância Sanitária procederá às
penalidades previstas: multa de 40 unidades fiscais (cerca
de R$ 360), com base na lei paulista 9178/95. Cecília
salienta que houve boa aceitação por parte
da comunidade local. Até o momento não
tivemos nenhuma notificação.
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Superintendente
do HC,
ex-tabagista, adere à campanha
O
ex-fumante é o principal incentivador de medidas
que combatam o fumo. É uma afirmação
correta se observarmos experiências como a do pediatra
Paulo Eduardo Moreira Silva, superintendente do Hospital
das Clínicas da Unicamp. Fumante desde a adolescência,
ele tomou a decisão há pouco mais de cinco
anos, em uma palestra do professor José Rosemberg,
outro ex-fumante. Já tinha consciência
de todos os malefícios que o cigarro acarretava
em minha vida, mas naquele dia algo me despertou,
afirma.
O
esforço para largar o vício foi grande.
O superintendente recorreu a adesivos de nicotina e medicamentos
para conter a síndrome de abstinência, mas
o que eliminou a dependência foi a decisão
de parar. Quem decide deixar o cigarro, não
deve mais colocá-lo na boca. O primeiro cigarro,
nunca mais, ensina.
Passados
os primeiros meses sem o vício, Paulo Moreira sentiu
uma transformação em sua vida. Passou a
realizar atividades físicas e sua saúde
está mais controlada. A experiência pessoal
acabou por estimulá-lo a adotar medidas de combate
ao fumo dentro do hospital, em 1998, antes mesmo das ações
institucionais da Universidade. Em conjunto com a assistente
social Laura Hoffman, realizou um levantamento na unidade.
Identificamos que 25% dos funcionários e
médicos eram fumantes, afirma Laura. Em seguida
foram promovidas campanhas de conscientização
e restringiu-se os locais para a prática do fumo.
A abordagem é sempre feita no corpo a corpo, um
trabalho de formiga. É difícil conscientizar
um médico, por exemplo, porque se presume que ele
já saiba o risco que o cigarro representa,
conclui a incansável assistente social.
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Jean
Nicot e a rainha
O
hábito de fumar surgiu por influência dos
índios, com o cachimbo do pajé. Prática
permitida apenas ao líder espiritual, porque eles
acreditavam que a fumaça tinha poderes terapêuticos.
A
nicotina (alcalóide presente na folha do tabaco)
começou a ser difundida em 1560, quando Jean Nicot,
embaixador francês em Portugal, enviou as primeiras
sementes do tabaco à rainha Catarina de Médicis,
com intuito de aliviar suas enxaquecas. Com isso, o hábito
de fumar espalhou-se rapidamente por toda a Europa, chegando
a ser catalogadas 59 doenças que se poderiam curar
com o fumo. Depois do cachimbo
vieram o charuto, rapé (tabaco em pó) e
o cigarro de papel
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