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GENÔNMICA
A
luta contra os parasitas
Procurando
o ponto vulnerável do causador da esquistossomose,
doença que atinge 200 milhões de pessoas no mundo
Estamos
perdendo a guerra biológica para os parasitas. Como na
história do antibiótico que cria superbactérias
resistentes, ao se colocar pressão em cima de uma população,
alguns indivíduos adquirem resistência e conseguem
sobreviver, reproduzindo essa resistência para as gerações
futuras, lamenta Guilherme Oliveira, coordenador da rede
de Minas Gerais, que estuda o genoma do Schistosoma mansoni.
Segundo ele, o conhecimento do responsável pela esquistossomose
é essencial para combater qualquer parasita. O tendão
de Aquiles, onde ele esconde a vulnerabilidade, seria como expressa
mudanças, provavelmente uma proteína que pode
ser combatida. Os casos graves diminuíram, mas
a área de reincidência aumentou, reforça
o pesquisador, referindo-se novamente à luta inglória
da ciência contra o protozoário.
O
seqüenciamento funcional utiliza genoma expresso como modelo,
pois o organismo é muito grande para se atacar com seqüenciamento
completo. Os pesquisadores utilizam a transfiguração
de genes expressos a partir de uma biblioteca de 16 mil genes
de projetos anteriores, muitos que ocorrem somente no Schistossoma
mansomi e ainda são desconhecidos. Com a genômica
pretendemos listar detalhadamente 6 mil conhecidos, de 15 a
20 mil expressos, afirma Oliveira. Os pesquisadores desenvolveram
estratégias usando micro-arranjos para tentar identificar
os genes e, a partir daí, desenvolver vacinas e novos
alvos de tratamento de drogas.
A
doença atinge cerca de 200 milhões de indivíduos
no mundo. São oito milhões de infectados no Brasil,
entre alguns casos graves da doença, conhecida como Acite
no meio rural. Existe uma droga disponível, mas já
estão surgindo cepas resistentes ao tratamento. Em relação
às vacinas existem seis candidatas atualmente, entre
elas uma da Fiocruz, a SM 14, usada principalmente para uso
veterinário, e outra em estágio mais avançado,
a GST 28, ainda em curso da fase clínica para a humana.
Mas nenhuma delas gera nível de proteção
eficiente.
Poeira
infecciosa Outro genoma funcional e diferenciado
é o do Paracoccidioides brasiliensis, fungo responsável
pela doença chamada PB Micose, comum na América
Latina, de maior incidência na área rural e que
provoca complicação pulmonar. Sua origem mais
provável é a poeira ou o próprio solo,
com contaminação pela inalação de
hifa ou esporo, quando a levedura se instala no pulmão,
obstrui os alvéolos e causa lesão.
É
outro grupo de genes que evolui e o trabalho visa justamente
interromper a evolução. Ildinete Silva Pereira,
da Universidade da Bahia (UNB), trabalha com o fungo há
vários anos e já possui uma extensa biblioteca
de CDNA, com suas formas principais. No momento tem seqüenciado
os genes diferenciados. Mas ainda é uma corrida
bastante incipiente. A partir de agora vou começar a
fazer uma rotatividade bastante alta, prevê.
O objetivo é traçar o desenho de drogas para bloquear
uma das duas fases importantes: a infecção e a
patogeneicidade. Provavelmente, os causadores da micose
são um grupo de genes que são específicos
de uma forma e um grupo que são específicos da
outra. No momento da infecção, os genes que são
específicos da forma micélio ou hifa (alongada),
que é a primeira que entra em contato com o hospedeiro.
Posteriormente têm a forma de levedura (arredondada).
Nesse momento vai ter um grupo de genes que são específicos
daquela forma, e se estiverem caracterizados pode-se interromper
este evolução, acredita, admitindo estar
muito longe de encontrar uma droga ou vacina.
Genoma
Nordeste A Rede Genoma do Nordeste, sob coordenação
de Paulo Andrade, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
investiga o organismo da Leishmania chagasi, uma das três
espécies responsáveis pela leishmaniose visceral.
É um genoma estrutural de relativa simplicidade, para
posterior avaliação de produtos resultantes, que
pode ser uma proteína ou protozoário.
Encontrada
nos cães e transmitida por mosquito, a doença
circula entre a população canina e dificilmente
passa de um homem para outro, mas a incidência localizada
pode ser alta, chegando a atingir 3% da população
em determinadas regiões. No Brasil são registrados
cinco mil casos por ano.
A
equipe já construiu as bibliotecas de CDNA (genes expressos),
com 20 mil seqüências. Perto de 150 mil seqüências
devem ser avaliadas para se encontrar de cinco a oito mil genes.
Novas bibliotecas estão sendo construídas e, no
período de um ano, o genoma deve estar completo do ponto
de vista estrutural. As pesquisas estarão disponibilizadas
na rede para que todos os pesquisadores de genoma possam estudá-las,
o que deve demorar mais um ano e meio. Depois, o projeto será
aberto ao público e poderá ser usado para descoberta
de outros genomas. (C.T.)
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Bactéria
serve como fertilizante
OA
Rede Genoma do Paraná investiga a estrutura da Herbaspirillum
seropedicae, uma bactéria fixadora de nitrogênio.
Sua importância é principalmente econômica,
a partir das características de metabolismo do organismo,
pois pode reduzir sensivelmente os custos com fertilizantes
na agricultura. No caso da Herbaspirillum, pode ser aplicada
em várias espécies de gramíneas, como milho,
trigo, arroz e cana-de-açúcar.
Para
o coordenador Fábio de Oliveira Pedrosa, do Departamento
de Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), existe a preocupação em fazer com que
a bactéria expresse o potencial genético. No
lugar do adubo usa-se a bactéria, que forma nódulos
na raiz e estabelece uma simbiose, onde produz amônia,
que é transformada em nitrogênio. Outro aspecto
importante é que promove um crescimento da raiz e aumenta
a procura por nutriente, explica.
Esse
procedimento já é usado em lavouras de soja nos
Estados Únicos, onde proporciona economia de US$ 1,5
bilhão por ano em fertilizantes. No caso dessa bactéria,
o potencial, só para o milho, é de US$ 400 milhões
por ano. Uma grande preocupação dos pesquisadores
está na aversão aos transgênicos. Precisamos
saber que genes se vão modificar e verificar se estas
modificações não são transportadas
para a planta, destaca, acreditando que o DNA da planta
não seria afetado.
Outra
bactéria fixadora de nitrogênio, o Gluconacetobacter
diazottrophicus, encontrado em culturas como as de cana-de-açúcar,
café, batata doce e palmeiras, está sendo estudada
pela Rede Genoma do Rio de Janeiro (RioGene). Ela também
produz substâncias de crescimentos vegetais e metabólicos
de interesse industrial (ácido glucônico). O potencial
de fixação biológica de nitrogênio
associado à cultura da cana-de-açúcar é
de 65% do nitrogênio total retirado por tonelada colhida,
e uma redução de 30% na quantidade de fertilizantes
aplicados na cultura no País, o que permitiria uma economia
de cerca de R$ 59 milhões por ano.
Eucalipto
O Brasil tem a maior área com plantio de eucalipto
do mundo. Patrocinado pela iniciativa privada, o Genoma do Eucalipto
deve demorar cinco anos para ser concluído. O projeto
já foi submetido ao MCT e reúne 12 empresas. As
pesquisas estão sendo realizadas em quatro universidades,
na busca principalmente de propriedades físico-químicas
de genes de importância econômica, para manejo de
campo e tecnologia de madeira. Diferentemente do processo
de melhoramento genético, onde são selecionadas
variedades que melhor se desenvolvem ou sejam resistentes a
pragas e doenças, o Genoma do Eucalipto busca comparar
espécies bem desenvolvidas com as depreciadas comercialmente,
para identificar a diferença entre as plantas e aí
encontrar os elementos de melhor propriedade comercial,
explica André Brommonschenkel, um dos coordenadores da
pesquisa.
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Fabuloso
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Uma
bactéria salvadora
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