por: Marcelo Knobel e Renato H. L. Pedrosa

O que é o programa
Vida Estudantil em 
Universidades de Pesquisa

Os estudantes de graduação da Unicamp terão a oportunidade, desta semana até 13 de julho, de contar sua experiência na Universidade a partir de vários pontos de vista. A Unicamp, por iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação e do Grupo de Estudos em Educação Superior (GEES), integrante do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp, firmou parceria com o Centro de Estudos em Educação Superior da Universidade da Califórnia-Berkeley, para realizar um piloto da enquete Student Experience in the Research University - International (SERU-I), que pode ser traduzido como Vida Estudantil em Universidades de Pesquisa (VEUP).

Há hoje 24 instituições que participam do programa no mundo todo, incluindo África do Sul, China, Estados Unidos, Holanda. Há universidades de outros países, como Reino Unido e Rússia, que estão, atualmente, em fase de adesão ao consórcio. Mais informações sobre o piloto internacional estão na página Link.

Formulação
do questionário

O questionário que os estudantes de graduação da Unicamp responderão nos próximos dois meses é composto de duas partes principais: um módulo comum, derivado do questionário base, usado por todas as instituições participantes, e um módulo desenvolvido pela Unicamp.

A parte principal, o módulo comum, trata de diversos aspectos da vida estudantil: envolvimento acadêmico, uso do tempo, desenvolvimento acadêmico e pessoal, ambiente no campus, objetivos, planos, aspirações, experiência educacional. Também trata do engajamento cívico, comunitário e outros interesses que desenvolvem ao longo do curso, finalizando com informações pessoais, tais como onde vivem, como chegam ao campus, situação civil, se tiveram filhos recentemente, entre outras. Esses tópicos, em conjunto, permitirão avaliar de forma bastante detalhada como os estudantes da Unicamp vivenciam seu dia-a-dia de uma forma bastante profunda, e traçar um perfil, até o nível de cada curso e do ano de ingresso. O questionário também traz perguntas que permitirão distinguir a vida nos vários campi, e as diferenças sentidas entre o período diurno e o noturno.

A segunda parte consiste de um módulo específico que, neste primeiro piloto, buscará identificar o grau de satisfação dos estudantes em relação à escolha de curso em que estão matriculados. Também tentará identificar até que ponto os estudantes teriam interesse em um sistema em que o curso não seria escolhido no momento do ingresso, mas mais à frente, ao longo de seus estudos universitários, uma tendência crescente no Brasil e em outros países. Em cada aplicação do questionário é possível desenvolver módulos que tratam de questões específicas de interesse de cada instituição.

Confidencialidade

Um aspecto fundamental do programa é que todas as informações coletadas serão tratadas de forma a preservar o caráter confidencial do sistema, ou seja, nenhum estudante terá suas respostas divulgadas ou mesmo apresentadas a pessoas que não tenham sido autorizadas, mediante o processo usual adotado pela Universidade para estudos envolvendo indivíduos. Seguirá, por exemplo, os mesmo critérios adotados quando dados do questionário socioeconômico do vestibular, ou dados acadêmicos mantidos pela DAC (notas em disciplinas), são utilizados em pesquisas acadêmicas: nenhum conjunto de informações pode ser divulgado que permita isolar indivíduos. Além disso, a participação na enquete é totalmente voluntária. Entretanto, a qualidade das informações certamente dependerá de que o conjunto dos participantes seja representativo de todos os cursos e grupos que compõem o seu quadro discente. Assim, a Unicamp incentiva fortemente a participação de todos, para que possamos ter uma ideia mais precisa de como os estudantes veem a Universidade. Para incentivar a participação dos estudantes, a Unicamp sorteará, entre os que completarem o questionário, cinco prêmios, compostos por um conjunto de livros da Editora da Unicamp, até o valor total de R$500,00 para cada contemplado.

Breve histórico
do SERU (VEUP)

O programa existe já há cerca de 10 anos, tendo sido desenvolvido inicialmente como um sistema de avaliação da experiência estudantil para as diversas universidades que compõem a Universidade da Califórnia, por pesquisadores do Centro de Estudos em Ensino Superior do campus de Berkeley. Esse sistema de instituições públicas (são universidades estaduais) incluem algumas das melhores universidades americanas e, em alguns casos, do mundo (como UC Berkeley, UCLA - Los Angeles e UC San Diego).

A partir de 2006, o sistema foi sendo ampliado, formando-se um consórcio que inclui algumas das melhores universidades públicas americanas, como Rutgers, Universidade do Texas-Austin, de Michigan-Ann Arbor, da Carolina do Norte – Chapel Hill, de Minnesota, da Virgínia, de Pittsburgh, da Flórida, entre outras.

A partir desse momento, questões nacionais puderam passar a ser comparadas, uma vez que esse conjunto de instituições representa o que seria, no Brasil, o conjunto das melhores universidades federais e estaduais.

Em 2010, iniciou-se a extensão do programa para instituições fora dos Estados Unidos, o SERU-I. O projeto piloto, em andamento, conta a partir de agora com a participação da Unicamp, sendo a primeira universidade do Brasil e da América Latina a aderir à versão internacional do programa.

Relevância acadêmica e
institucional do programa

Desde 2002 o sistema vem sendo avaliado e testado de diversas formas, e muitos estudos são desenvolvidos a partir dos dados coletados, tanto para um campus individualmente como para conjunto de instituições e para o sistema como um todo. Como o programa é aplicado todos os anos, forma-se uma sequência de dados que permitem análises que levam em conta mudanças tanto oriundas da estrutura das instituições como da população estudantil em transformação. Esses resultados vêm sendo utilizados para o aprimoramento dos serviços das universidades, dos programas dos cursos, e até mesmo da forma em que as aulas e o espaço físico são organizados.

Como exemplo recente, um artigo dos principais pesquisadores do programa em Berkeley analisou os dados dos questionários, em particular dos itens em que os estudantes avaliam seu próprio desenvolvimento, e compararam com seu desempenho acadêmico ao longo do curso. A análise permitiu identificar quais aspectos da vida estudantil estão associados ao bom desempenho e também em que medida a auto-avaliação é adequada para se avaliar o progresso acadêmico dos estudantes. Os resultados indicam que esse tipo de avaliação é válida para tais fins e que podem ser complementares a outras avaliações. Com os dados da Unicamp, tanto do VEUP como do Enade, poderemos testar se isso também ocorre aqui. Assim, teríamos alternativas que permitirão aprofundar as análises de qualidade dos nossos cursos, utilizando os resultados de ambos os sistemas. O VEUP permitirá, no entanto, avaliar isso de forma mais detalhada, uma vez que estaremos associando esses resultados vários outros aspectos da vida estudantil e acadêmica nos nossos campi.

Ouvindo os estudantes e ações
para a melhoria da graduação

O principal aspecto do VEUP é que a Unicamp, pela primeira vez, ouvirá seus estudantes de graduação de forma bastante detalhada, envolvendo praticamente todos os aspectos da vida universitária, utilizando um instrumento que já vem sendo testado há vários anos em instituições bastante semelhantes à nossa. A Unicamp já tem buscado fazer isso, com relação às atividades em sala de aula, seja no modelo do questionário preenchido em sala para cada disciplina, seja pelo Programa de Avaliação de Graduação (PAG), em desenvolvimento pelo Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2), órgão da PRG dedicado às questões de ensino na Unicamp.

Os dados obtidos via VEUP e PAG deverão ser integrados, assim como aqueles fornecidos pelo Enade, permitindo à Unicamp localizar problemas, idealizar e desenvolver projetos de aprimoramento da graduação em todos os seus aspectos e momentos, do ingresso à colação de grau. A diversidade de avaliações é fundamental para que não se limitem as possibilidades e para que não haja interpretações que foquem apenas alguns dos aspectos da vida estudantil na Universidade. O VEUP vem trazer novas dimensões, seus resultados serão avaliados cuidadosamente por uma comissão de especialistas, a partir da perspectiva do aprimoramento da graduação na Unicamp.

1 https://cshe.berkeley.edu/research/seru/papers.htm
2 Douglass, J.A., Thomson, G., Zhao, C.-M., The learning outcomes race: the value of self-reported gains in large research universities, Higher Education, 2012. https://www.springerlink.com/content/hhwt366w82615354/

Marcelo Knobel é pró-reitor de Graduação; Renato H.L. Pedrosa é coordenador do Grupo de Estudos em Educação Superior (GEES) do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp

l Programe-se
 
n Período das entrevistas: de 21/05 a 13/07
n Os estudantes receberão uma mensagem no endereço
eletrônico institucional (RA) com instruções e senha
n Aqueles que não receberem a mensagem até 25/05
deverão enviar um mail para veup@reitoria.unicamp.br para
solicitar a senha