Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 30 de maio de 2016 a 05 de junho de 2016 – ANO 2016 – Nº 657Professores discutem prova de redação do vestibular
Sábado, 21 de maio de 2016. O relógio marca 7h50. A faixa pendurada com os dizeres “Oficina A Redação no Vestibular Unicamp” em frente ao Centro de Convenções da Unicamp, indica que tudo está pronto para começarem as atividades da 13ª edição do evento organizado pela Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest). São aguardados para este dia 337 profissionais da área da linguagem. Sentado ao lado das portas de vidro, aguardando a abertura dos auditórios prevista para as 9 horas, está Renan Luis Salermo, pós-graduando em estudos da língua. Renan veio de Londrina (PR) por indicação de um amigo para participar do ciclo de palestras. Segundo ele “o Vestibular da Unicamp tem uma dimensão nacional e isso me motivou a vir procurar a oficina para melhorar minha prática profissional. É uma prova que tem um nível bom de discussão, de posicionamento e de uso da língua. Uma prova muito bem elaborada”, reforça Renan.
Já com o material didático utilizado pelos monitores da oficina estão Heloísa Baldo e Caroline Arantes que vieram juntas de Araraquara (SP), onde cursam a faculdade de Letras. É a primeira vez que participam do evento, embora Heloísa já tenha se aproximado, efetivamente, da prova de redação quando prestou o Vestibular Unicamp há alguns anos atrás. “Tenho interesse em dividir o conteúdo disponibilizado aqui hoje com meus alunos e, claro, pretendo ter a oportunidade de ser corretora das redações aqui da universidade”, conta Heloísa. Caroline, que também já foi corretora de outros vestibulares, reforça que sempre se sentiu atraída pelo Vestibular Unicamp e pela concepção de texto adotada nas provas de redação. “É importante saber como a universidade está pensando para levar isso para os meus alunos, que querem muito ser aprovados aqui”, frisa Caroline.
Além de aprimorar seus conhecimentos, muitos se inscrevem para o evento também com o intuito de compor a banca corretora das redações no próximo processo seletivo da Universidade, uma vez que a participação nessa Oficina é um dos requisitos obrigatórios para a convocação. A Comvest registrou um número recorde de inscritos nos últimos sete anos consecutivos, chegando a 77.760 inscritos no Vestibular Unicamp 2016, o que implica em mais de 27 mil textos corrigidos.
Os professores Carlos Alberto dos Santos e Rosilene Dantas Silva, ambos da cidade de Itu (SP), são exemplos desse interesse. Para eles, seria uma grande oportunidade corrigir as redações dos candidatos de um dos maiores vestibulares do país e ainda dividir essa experiência em sala de aula. “O aluno precisa ser repertoriado e ter uma grande competência leitora para que ele possa desenvolver o seu texto e nós observamos que a cada ano que trabalhamos com eles oferecendo subsídios para isso, a produção deles é muito mais positiva. Ainda mais trabalhando com diversos gêneros textuais” explica Carlos. Já Rosilene, soma a esses interesses a expectativa de abrir o leque para auxiliá-la em o seu mestrado “se possível aqui mesmo na Unicamp”, relata ela.
A mesa de abertura da Oficina de Redação foi composta pelos seguintes coordenadores da Comvest: professores Edmundo Capelas, coordenador executivo; Jayme Vaz, coordenador de pesquisa e Petrilson Pinheiro, coordenador acadêmico, além da professora Márcia Rodrigues de Souza Mendonça, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), que no primeiro contato com os inscritos sanou as principais dúvidas que surgiam durante o debate.
A coordenadora acadêmica de Redação da Comvest, Luciana Amgarten Quitzau, conta que “os professores presentes têm acesso à filosofia da prova de Redação do Vestibular Unicamp e recebem informações sobre como elas foram corrigidas. Ao longo do sábado, divididos em grupos menores, eles são acompanhados por profissionais que atuam diretamente nos processos de formação de corretores e de correção dos textos. Nesses grupos menores, os professores leem redações produzidas por candidatos ao Vestibular 2016 e entendem por que aqueles textos selecionados foram considerados abaixo ou acima da média”, explica Luciana. De acordo com ela esse evento é fundamental para aproximar o exame do ensino médio e permitir que os professores desfaçam alguns mitos que são criados a respeito da prova de redação, além de enfatizar a necessidade de a escola trabalhar as habilidades de leitura e escrita de forma integrada.
Os professores Eliane Campos, Simone Xavier, Fabiana dos Anjos e Felipe de Andrade, todos da cidade do Rio de Janeiro (RJ), se reuniram em grupo na viagem a Campinas para participar da Oficina. “Um de nós aparece com a informação e a escola toda abraça. Os alunos também acham o máximo, pois reforçamos que estamos aqui por eles e eles acham muito interessante”, conta Simone.
A professora do ensino médio Daniela Loro é também coordenadora de um cursinho preparatório para vestibular e participa da Oficina desde a primeira edição. Para ela as escolas não devem ater-se a aulas de gêneros textuais como se houvesse modelos prévios de construção de texto. “Na verdade, a gente quer desafiar o aluno a elaborar estratégias específicas para aquela situação de comunicação. É muito mais trabalhoso, entretanto tem dado certo”, explica Daniela. Ela reforça ainda que participa sempre das oficinas pois são muito enriquecedoras e contribuem para mudar as estratégias em sala de aula. “É um trabalho de preparação para melhorar a qualidade do ensino”, finaliza ela.
Para o professor Petrilson Pinheiro, coordenador acadêmico da Comvest, a Oficina “expõe e discute com seus participantes as questões relacionadas à correção da Prova de Redação do Vestibular Unicamp, o que muito contribui para um processo de retroalimentação da educação básica, visto que os professores, ao conhecerem melhor as propostas de redação, podem trabalhar com mais eficiência a produção escrita com seus alunos em seus contextos de ensino”.
Ao final dos ciclos de palestras, pouco a pouco os professores vão deixando os auditórios. Agora o relógio aponta 17 horas. Com certificado em mãos, os profissionais vão retornando para casa, carregados de conhecimento. Prontos para compartilhar e preparar melhor seus alunos. (Ricardo Adorno