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....,Campinas, abril de 2001
s
..MULHER BRASILEIRA
Páginas 2, 3 e 4.
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A gestação de um futuro mais saudável
Dados da pesquisa sobre a saúde reprodutiva da mulher brasileira são animadores
 

uando trata da mortalidade feminina relacionada a complicações na gravidez, parto e puerpério, o trabalho coordenado por Elza Berquó e Estela Cunha apresenta um panorama permeado por dados animadores. Muito embora ainda tenha se comprovado que, na década de 1980, esses fatores ligados à função reprodutiva da mulher permaneceram entre as cinco primeiras causas de morte feminina na faixa etária de 15 a 34 anos, eles passaram a manter a mesma importância relativa somente no grupo de 20 a 24 anos, quando as apurações chegaram ao último período a que se propôs a pesquisa.
Ilações sobre os motivos dessa variação não integram a metodologia adotada no livro. No entanto, a socióloga Estela Cunha observa informalmente que a faixa etária de 20 a 24 anos “coincide com o auge da fase reprodutiva da mulher”, indicando, com isso, ser natural a manutenção de uma taxa mais elevada de risco de morte nesse contingente.

Quanto à redução da taxa na faixa etária mais ampla, de 15 a 34 anos, não parece pairar dúvidas sobre a influência dos cuidados pré-natais que, graças aos constantes esforços institucionais de conscientização, passam a ganhar uma adesão cada vez mais maciça das mulheres brasileiras.

Está aí um ganho na qualidade de vida feminina que pode ser facilmente mensurado numa cidade do porte e disponibilidade de recursos tecnológicos como Campinas. A auxiliar de enfermagem Isabel Cristina Bezerra Silva, 25 anos, entrou no 8º mês de gestação de seu primeiro filho. Ela começa a entrevista estampando o orgulho de ter cumprido “religiosamente” o pré-natal. E tem um motivo muito relevante para isso: “Foi graças a esse acompanhamento médico que descobri, ainda no comecinho da gravidez, que eu tinha o colo do útero curto demais. Um problema que certamente resultaria num parto prematuro ou, na pior das hipóteses, até num aborto espontâneo”.

A detecção da anomalia a tempo permitiu que a futura mãe se submetesse a uma intervenção cirúrgica simples, mas suficiente para lhe garantir uma gravidez tranqüila. “Me sinto tão bem que minha opção, até agora, é pelo parto normal”, diz Isabel. Embora atualmente conte com cobertura de convênio médico privado, ela ressalta que soluções como a que encontrou são plenamente possíveis por intermédio da rede pública de saúde. “Eu comecei o meu pré-natal pelo SUS”, revela.

O livro Morbimortalidade feminina no Brasil (1979–1995) traz também registros de morte especificamente por aborto. No entanto, como eles foram tratados separadamente das causas diretamente obstétricas, despontam como a segunda causa de morte no âmbito deste capítulo. Com o atenuante de revelarem uma tendência de declínio na ordem de 16%.

Sudeste é o ‘paraíso das internações’

A natureza descritiva da pesquisa e os diferenciais regionais não permitiram, obviamente, definir em que parte do Brasil as mulheres adoecem mais. Afinal, a base dos estudos no campo da morbidade foram os registros de internações hospitalares femininas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que está longe de ter uma padronização de qualidade e alcance em todo o território nacional. Essa limitação, entretanto, não impediu que se visualizasse o Sudeste como recordista em internações de mulheres. A região contribui com a maior proporção (38%) do total das 6,4 milhões de hospitalizações via rede pública de saúde que fechou o ano de 1996.

Nota-se, nessa parte do trabalho, um avanço temporal em relação ao período fechado para a análise geral do livro. É que, quando as pesquisadoras do Nepo e seus parceiros no estudo multicêntrico partiram para a avaliação da morbidade feminina no Brasil, constaram ser possível avançar em pelo menos um ano quanto ao grau de atualidade dos dados. Isso, porque as informações disponíveis mais recentes, obtidas junto ao SUS, remetiam-se exatamente a 1996.

Nesse ranking de internações hospitalares femininas, a região nordeste apareceu em segundo lugar, com 32%. O sul registrou 16%. A menor proporção de mulheres hospitalizadas no sistema público foi detectada nas regiões norte e centro-oeste, com um percentual de apenas 7%.

Em termos de tipificação das enfermidades, foi possível observar que, para mulheres a partir dos dez anos de idade no Brasil e nas grandes regiões, foi o trinômio complicações da gravidez, do parto e do puerpério que respondeu pelo maior peso relativo das internações hospitalares.

Ainda dentro do capítulo complicações da gravidez, do parto e do puerpério, as cesarianas representaram 15% do total de internações hospitalares no País, concentrando-se nas idades de 30 a 34 anos, faixa etária na qual o índice ultrapassou a casa dos 18%.

As internações por aborto no Brasil equivaleram a 8% do total das hospitalizações, em 1996. A pesquisa permitiu observar ainda que essa é uma causa de morbidade que aumentou a sua importância relativa dentro do conjunto de dados na medida em que também aumentava a idade das pacientes. Na faixa etária de 15 a 19 anos, a taxa alcançou 7% e, nas mulheres de 45 a 49 anos, chegou a representar 26%.

Os partos normais, juntamente com as afecções obstétricas de ordem direta, se mostraram responsáveis por uma taxa superior a 40% do total de internações femininas no Brasil.
Em segundo lugar no campo da morbidade feminina evidenciaram-se as doenças respiratórias, seja no País ou nas cinco regiões principais; sendo que a partir da terceira posição é que passaram a transparecer as especificidades regionais. A maior quantidade dessas internações se concentrou no grupo de mulheres de 20-24 anos, representando 17% do total, e 13% nos dois grupos próximos a este.

Depois dos 45 anos – Ao ultrapassar os 45 anos de idade, foram as doenças do aparelho circulatório as que causaram maior número de internações femininas, seguidas pelas doenças do aparelho respiratório (com destaque para pneumonias, asma e bronquites). No mesmo patamar foram encontradas as enfermidades de natureza cerebrovascular.
As investigações relativas às internações de mulheres sob diagnóstico de doenças mentais convergiram para uma concentração mais significativa no grupo etário de 35 a 55 anos, independentemente da região onde moravam as pacientes incluídas nos registros. Porém, chamou a atenção o fato de que na região norte do Brasil, essa tendência também ganhou destaque em relação às mulheres mais jovens, embora com menor intensidade.

Como a área de saúde mental no Brasil passou por radicais transformações nas últimas décadas, ganhando um espaço significativo a corrente de pensamento dentro da psiquiatria defensora da chamada “desospitalização”, não é descartável a hipótese de que essa mudança tenha “embaralhado” as estatísticas ao longo dos anos pesquisados. A socióloga Estela Maria, contudo, evita tecer comentários a respeito, pelo fato de o mesmo não ter sido desenvolvido dentro da proposta metodológica adotada para o estudo multicêntrico.

 
 
 

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